PT e as intrigas
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos
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( Brasília-DF) A decisão do Partido dos Trabalhadores de fazer uma reforma do Estatuto do Partido, até setembro deste ano, é um marco na insólita vida dos partidos políticos brasileiros.
Não resta dúvida que PT e PMDB são os maiores partidos brasileiros. O PSDB é mais uma grife, marca como se diz hoje em dia, que um partido. Muitos votaram em candidatos do PSDB na última eleição nacional do ano passado. Estados como São Paulo, Minas e Paraná, só para ficar nos mais importantes - votaram nos tucanos ou desejavam algo diferente do que se fazia ou preferiam continuar acreditando nos que já lhes lideravam. Pois bem, o movimento do PT tem uma importância estratégica neste momento em que se volta a falar de reforma política. Os petistas não querem admitir, mas a possibilidade de impor restrições ao processo de escolha interna de seus dirigentes, o PED, é visto pelos mais atentos como uma verdadeira “refundação”.
Os petistas sabem que o partido vive uma crise surda. Só quem ouve esta zoada são os que têm os ouvidos treinados. Quem não conhece o partido vê tão somente o aburguesamento da agremiação, fome por cargos e busca pela melhor mesa nos restaurantes. Isso é só aparência. O conteúdo é o controle partidário e o possível domínio sobre a Presidenta da República.
A tendência Mensagem ao Partido foi o grupo que mais cresceu nas últimas eleições. Eles também tiveram apoio da Presidenta na composição do Governo - eles têm muitos cargos a dar. Com a definição do segundo escalão, as nomeações na base de interesse dessa gente deve dar um avanço. A tendência majoritária no partido, a Construindo um Novo Brasil, CNB, que substituiu o antigo Campo Majoritário vive uma crise só parecida com a do Caso Mensalão, que colocou dúvidas sobre o futuro deste comando. A eleição pela Presidência da Câmara Federal foi uma prova da divisão deste grupo.
A chamada Grande Mídia já está ciente disso e incentiva rachas ao destacar que a Presidenta Dilma estaria melhor na fita que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estratagema dos poderosos da Mídia se ajusta com um bom momento por qual passa o PMDB, dando seguidas mostras de que unido está e que não vai ser fácil lidar com eles. Dilma não tem força no velho PT, mas poderá ter no novo PT. O problema é que este novo PT depende de novas filiações que não terão respaldo, pois com a mudança no partido essa gente não teria direito de voto no PED. O PT do Nordeste está alinhado com a manutenção do status quo, mudar para ficar como está.
A Grande Mídia pode continuar apostando na intriga para ver se pega. Ela precisa do afastamento entre Dilma e Lula. Teria melhores condições se o PT não conseguisse mudar o Estatuto. Outro ponto que lhe atrapalha, na realização dos sonhos, seria o entorno. A forma com parte da mídia ataca Guido Mantega, da Fazenda, seria a nova estratégia. Dilma e Lula estão atentos.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista.
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