31 de julho de 2025

Sobre a oposição e o Nordeste

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos

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( Brasília-DF) Vamos iniciar a provável última semana do Governo Lula. A presidente eleita deve anunciar todo o seu ministério. No final de semana que vem isto já será motivo para uma avaliação definitiva.
 
Houve um movimento importante que envolve diretamente os nordestinos. Nessa semana, na terça-feira, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, governador reeleito de Pernambuco, e o senador eleito Aécio Neves(PSDB-MG), jantaram na residência da mãe do primeiro, deputada federal Ana Arraes(PSB-PE), aqui em Brasília. Melhor que a comida, que dizem ter sido excelente, foi a conversa. Aécio falou à Política Real sobre o encontro, mais que Campos. Ele disse da união que ele mantém com o PSB em seu estado e defendeu que se mantenha esta proximidade do partido em outros estados. Ele afirmou, categórico, que isso não afeta a relação do PSB com o Governo Federal, porém o que chamou atenção foi ele dizer que pretende manter uma parceria com os socialistas em temas congressuais. Ele destacou que existem muitas sintonias entre os dois partidos e que, à primeira vista, iria cuidar com os socialistas sobre o apoio aos municípios. Que teriam tido muitas perdas nos anos de Lula e que isso necessitava ser compensado.
 
A movimentação de Aécio, contando com alguma atenção dos socialistas, é, talvez, a coisa mais ajuizada que a oposição vislumbra para o futuro. 
 
Paulistas, gaúchos e paranaenses sabem que Minas e Nordeste, juntos, contando com a complacência dos cariocas, elegem até um poste presidente da República. Aécio Neves sabe que só dominará o PSDB se conseguir esta união que já existiu noutra época, coisa que Serra não conseguiu por duas vezes. O PSB, controlado pelo neto de Miguel Arraes, cresceu e soube usar valetes e blefes na última eleição. Na pior das hipóteses, Aécio Neves poderia ser um novo valete, porém ele, diferente doutros, tem alternativas para não sê-lo.
 
A decisão de apostar no apoio aos municípios poderá tirar essa gente do fundo do poço da opinião pública. Se os políticos são mal avaliados, os alcaides são ainda mal vistos. Aécio Neves sabe, e Campos também, que o que sobrar da decisão sobre a divisão dos rendimentos do pré-sal vai gerar um sem-número de mortos e feridos. Esta gente toda tem que correr para algum lugar. Uma nova oposição precisa ser construída no Congresso Nacional. Muita gente importante ficou de fora, que o diga Tasso Jereissati. É certo que a dinheirama do pré-sal só começaria a valer no final do novo governo, porém a rearrumação dará o que falar. Muita gente vai lembrar daquilo que viria e não veio.  Temos uma eleição municipal no meio do caminho.
 
Aécio Neves será, talvez, o nome mais experiente da oposição no parlamento, com a bagagem de ter dirigido a Câmara Federal, coisa que outros não tiveram na bagagem. Eduardo Campos sabe, ele que foi um parlamentar importante, que a disputa será dentro da base governista e quem partir na frente, com este diálogo, beberá a água mais limpa.
 
Campos tem a seu favor o apoio dos Ferreira Gomes nesta lida com Aécio. Parte bem.
 
Na política, muitos pensam na próxima eleição e não na próxima geração.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr