Aclamação aos pobres
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) No domingo que vem acaba esse nosso sofrimento. A campanha presidencial virou um estorvo necessário da democracia. A falta de carisma dos candidatos, suas incapacidades de nos enlevarem, os métodos de ambos, enfim uma chatice e um problemão. Até os quase sempre encantadores, Lula e , os menos recorrente, FHC não conseguem muita coisa nesta reta final.
Teremos um problemão depois de confirmado o vencedor, ou vencedora. Confirmando-se Dilma, ela teria que administrar uma base partidária que seria, em tese, de 350 dos 513 deputados federais( ou até mais) na Câmara Federal, e de 50 senadores dos 81 que compõem àquela Casa. Num possível governo Serra, ele partiria de 163 deputados federais para não mais que prováveis 290 votos, na Câmara. No Senado, ele teria condições de avançar dos prováveis 31 para algo próximo dos números que teria um provável governo Dilma. Pois bem, em tese Serra teria mais problemas que Dilma, certo?! Errado!
Dilma vencendo ela teria uma maioria parlamentar única, mas certamente complexa. Sem experiência para lidar com toda essa gente e sem o carisma de Lula. Estaria mais susceptível aos solavancos. O PMDB tem a oportunidade única de deixar de ser um partido de espaços de poder para ser um partido com projeto de poder. Definido os nichos de poder e com uma política se adequando a definição de estratégias poderia avançar como se imaginava que o PSD faria em 64, se tivéssemos tido eleição naquele ano. Não se sabe se o PMDB vai seguir nesta toada. Muita gente importante do PMDB, definidos como ocupadores de espaços, ficou no meio do caminhão sem mandato nestas eleições. Temos que ver que o PSB é o partido da moda nas esquerdas tendo um líder que ri e encanta como Eduardo Campos.
Caso se eleja Serra, ele teria que colocar por terra boa parte de seus compromissos que lhe unem à classe média “informada”, a mesma que fecha o nariz para a candidata de Lula. Vai ter com compor com o PMDB e a turma do centro - PP, PR e PTB. Serra, mais que Dilma, vai ter se organizar num Congresso em situação mais desconfortável com boa parte da gente que causa asco nessa classe média. Há quem diga que tudo se resolve no Brasil: de fato, porém, às custas de convicções e premissas.
Não podemos esquecer que alimentando tudo isso, ainda teremos que encarar uma situação inédita: provavelmente, o eleito, ou eleita, não terá a maioria dos votos dos dois colégios eleitorais que deram o passo e o compasso do novo Brasil democrático - Nordeste e Minas. Isso deverá marcar as eleições brasileiras por muito mais tempo que se pode imaginar, confirmando-se a presença de políticos sem carisma.
A divisão entre ricos e pobres deve ficar marcada, acentuada, mas dessa vez não se tem mais o argumento de que se ama ou detesta o bolsa família. Na disputa entre ricos e pobres o bom nisso tudo é que a vitória dos pobres tende a ser a única certeza!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior