11 de Setembro, nossos mouriscos e eleição
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos
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( Brasília-DF) Não é justo com nossos dias, mesmo com a dinâmica dos últimos momentos de nossa campanha eleitoral, especialmente na disputa presidencial, deixar de lado uma questão fundamental para entender nosso mundo e que será fundamental para que os vencedores destas eleições se conduzam nos anos que virão: 11 de Setembro.
Para quem está completando 18 anos neste 2010, talvez mal lembre dos eventos trágicos daquele ano de 2001. Enfim, uma geração, quase vinte anos, já está sob inflexão direta do que se deu naquela manhã em Nova York nas solenes e modernas torres do World Trade Center.
Quando li a primeira vez o “Era dos Extremos: o Breve Século XX: 1914 – 1991”, do historiador britânico Eric Hobsbawm me convenci, como ele, de que o século vinte teria acabado quase uma década antes do seu efetivo fim. Convicções foram feitas para serem desmontadas. Os acontecimentos de 2001 mostraram outra coisa: o século vinte foi mais longo do que poderia imaginar a grande inteligência do britânico. O século vinte um só começou, mesmo, após aquele 11 de Setembro de 2001. O mundo efetivamente não é mais o mesmo - passados 9 anos fica evidente.
Quem diria que o Nordeste, tão próximo da Europa e da América do Norte já teria na China o seu maior investidor direto? O Banco do Nordeste divulgou essa informação no final do ano passado e início deste. Quem diria que passado este período deixássemos de pedir emprestado ao FMI, passássemos a ser um dos financiadores do fundo, emprestássemos ao Banco Mundial e tivéssemos um BNDES maior que todos os bancos internacionais de desenvolvimento? Quem diria que ainda teríamos mais telefone celular que esgoto?
As 3 mil pessoas que morreram nos eventos de 11 de Setembro nos Estados Unidos chegaram a gerar estultices como a que vimos na semana passada: um pastor prometendo queimar o Alcorão em praça pública. Barack Obama disse que os EUA não são e nunca foram contra o Islã. Sensacional.
Nós do Nordeste temos nossas dificuldades, porém um “povo” constrói sua história em meio a elas. É inadmissível que a elite nordestina, aquela que pensa e formula, não cuide de avaliar este momento mundial e o que se fez nos últimos anos frente aqueles eventos e nossas mudanças. O Nordeste é de longe a região do Brasil que mais se deixou influenciar pela cultura mourisca e cristã nova. Foi assim por 180 anos, desde a chegada dos primeiros que aportavam no Recife, Luis Correa/Parnaíba, Acaraú e Aracati, especialmente.
Os árabes que vieram para São Paulo e Foz do Iguaçu são de outro momento. Os nossos são progressivos e culturais.
Os novos poderosos do Nordeste, e o novo Vice Rei que daí advirá, têm o dever de ver a região e suas aptidões face a segunda década de tantas mudanças. Diz-se que quem trabalha demais não sabe ganhar dinheiro, talvez quem olhe muito para dentro não consiga ver o que está pertinho, aí fora!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior