Sobre crise, aloprados, famélicos e rotundos
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos
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( Brasília-DF, 05/09/2010) Terminada a primeira semana em que o PSDB e José Serra usaram à exaustão a quebra do sigilo fiscal de Eduardo Jorge, vice presidente do partido, e ,principalmente, a da filha empresária do candidato, Verônica Serra, o que dizer e o que esperar?!
As duas primeiras pesquisas divulgadas na sexta-feira e no sábado mostraram que nada se alterou e que houve uma estabilização nos índices. Isto é o fato, mas antes disso, temos o mérito. Muito foi dito nesta semana. A quebra de sigilo é uma violência. De fato o é.
Os aloprados do PT existem?! É fato que sim! Quem os nominou foi o Presidente Lula e não a imprensa golpista, como dizem alguns. A turma do ABC paulista costuma fazer das suas. É verdade. No PSDB é sabido, entre os serristas ou não, que se faz dossiê também. Serra até hoje é visto como o principal interessado em dossiês montados contra o hoje secretário de Educação e ex-ministro do FHC, Paulo Renato Sousa, e contra o nordestino Tasso Jereissati e pela ação na Lunus, em 2002, contra a hoje governadora Roseana Sarney. Em todos os casos era para se consolidar como o candidato tucano, e governista, à presidência da República, em 2002. Pode-se dizer que é fato, também! No Brasil as pessoas esquecem rápido.
É estranho que o caso tenha se dado tão lá atrás e que a coisa tenha tomado corpo justamente neste momento em que a campanha de Serra não avança e se desmonta. Todo mundo que conhece política neste país já especulava que só tinha um jeito de se deter a eleição da preferida de Lula: um novo caso dos aloprados, um novo escândalo que demonstrasse o jogo bruto do poder e que ele se irradiasse junto às várias faces da sociedade. O escândalo veio, mas com cara de “resgate” e junto com alguns problemas. Está tudo muito certinho, com nomes de filiados ao PT e ao PV.
Os problemas não estão só aí. Foi divulgada esta semana que o PIB do primeiro semestre chegou a 8,8%, perdendo, tão somente, para o da China com 10%. Há uma expectativa fabulosa para o fim de ano. É como se o Brasil tivesse acrescentado aos R$ 3 trilhões de sua economia mais de R$ 250 bilhões em seis meses. Quem consegue um lucro desses em 180 dias?!
Ninguém deveria ser obrigado a decidir sobre o seu futuro seja com a barriga vazia seja com a barriga cheia! Ninguém pensa direito. O famélico é movido pela ânsia da sobrevivência. O rotundo fica sonolento, arrogante e impávido. Tanto o primeiro como o segundo abdicam do bom senso, da razoabilidade, da inteligência. Ficam tomados. Dizem que os grandes momentos de um povo são resolvidos mesmos sem razoabilidade.
Ainda temos alguns dias para ver nossas especulações em cima de fatos e juízos virarem pó. Nesses dias de secura generalizada no Brasil, onde as queimadas a tudo consomem, podemos esperar de tudo, até o nada!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior