31 de julho de 2025

A Europa e a campanha presidencial

A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço

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( Paris, 25/07/2010) A Espanha está na moda. Aqui em Paris só se fala dos espanhóis com Alberto Contador, por conta da apaixonante( para eles) Tour de France e face a recente vitória dos catalães(?!) na final da Copa do Mundo da África do Sul.

Bem, chama atenção neste julho, na Cidade Luz, algumas coisas que vem dos jovens. É verdade que a cidade está vazia de parisienses face as férias de julho/agosto, porém francês é o que não falta. Eles já não lêem os três jornais por dia nos cafés. Parece um hábito dos mais velhos, apesar da região perto da Sorbonne ainda manter alguma característica. Os jovens ficam “lotados” com os htcs e iphones e nem dão bola para as românticas músicas de metrô. Conversei muito com os vendedores de livros e de portraits de Saint German, que funcionam como os nossos taxistas e manicures. Sabem de tudo e se dizem desolados com os corruptos franceses, mas reconhecem como um mal das democracias( nas ditaduras não saberíamos deles, mas eles estariam lá, claro!)
Bem, comecei esta aqui falando dos espanhóis em moda. Eles estão por conta das efemérides, mas eles são para a Nova Europa Ocidental o que são para o mundo: os sempre sofridos que estão entrando nos céus! Nada mais justo. Os espanhóis dessa turma que está mal das pernas e que justifica o grande crescimento da América Latina para o PIB mundial nesta década, são os que estão “menos ruim”. Portugal, Grécia, Turquia e outros tantos estão sofrendo duro com a situação e devem capengar bastante. Os mais ricos, como Inglaterra, França e Itália, também estão ruinzinhos. O Brasil é um pouco a Espanha, aqui no momento; poderíamos dizer assim.
Chegou ao Brasil que os investidores internacionais disseram que os três candidatos à Presidência - Serra, Dilma e Marina – não diferem muito. Eles falaram( ou vazaram, assim) para não dar evidências de seus reais interesses, mas na verdade  há diferenças, sim! Eles estão convencidos que nenhum deles fará grandes rupturas – isto é certo! Um talvez se deixasse levar contra isso ou aquilo, até para não perder o discurso. Tudo isso para dizer algumas das razões pelas quais Brasil e Espanha têm tanto em comum. A Espanha avançou na última década e meia face à política de desenvolvimento regional da Comunidade Européia em tocar os que estavam mais fracos. Deu certo. É verdade que a Espanha decidiu exportar parte dos ganhos da poupança gerada com os investimentos da comunidade em investimentos internacionais na América Latina, especialmente. Foi uma ação ousada que vinha tímida, desde a década de 80.
O Brasil anuncia que pretende, segundo as autoridades e ainda não negado nesta campanha presidencial, que pretende levar algumas empresas nacionais ao patamar de transnacionais. Mais um jeitão de Brasil com a Espanha. Se esta gente tem o que mostrar, tem o que contar de seus erros.
Vamos ficar atentos aos nossos espelhos, mesmo guardadas as proporções. Só para não esquecer: a Espanha tem o segundo maior semi árido do Mundo, só perde para o nosso semi árido nordestino.
Muita coisa para observar, não?!  
 
Por Genésio Araújo Junior, jornalista