E os outros?
A coluna de Rangel é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e "Diári
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( Brasília-DF, 23/05/2010) A decisão do Supremo Tribunal Federal que condenou o deputado federal Zé Gerardo, do Ceará, por crime de responsabilidade, em nada enaltece a nossa Suprema Corte. Apesar de justa e minimizada pela substituição da cadeia pela pecúnia, ela vem na verdade chamar a atenção para o estado em que se encontra a Justiça brasileira. O nosso Supremo não é chegado a condenar os poderosos, aqueles que dispõem de poder de pressão e podem dispor dos melhores advogados – muitas vezes pagos com o nosso dinheiro. Nunca na história deste país se viu um ministro, um deputado, um senador, um governador na cadeia por meter a mão no dinheiro público Nem mesmo por assassinato (lembram do senador de Alagoas que matou o colega a tiros no plenário do Senado?).
José Roberto Arruda, de Brasília, não passou 60 dias na prisão por roubo, mas por tentar atrapalhar as investigações contra ele. E ninguém devolve nada do que rapinou. As gavetas e armários do Supremo estão abarrotadas de processos contra deputados e senadores. Um terço do Congresso Nacional espera pelo julgamento de processos a que responde pelos mais diversos crimes. Lá estão o caso do mensalão, dos sanguessugas, por exemplo. Nenhum é julgado. Figurões da República como o próprio líder do governo no Senado, jamais verão julgados os processos em que estão envolvidos. Meses atrás o então presidente do STF saiu pelo país num mutirão para tirar da cadeia presos que se amontoavam nas cadeias e delegacias, muitos sem qualquer processo. Mas não lembrou de promover um outro mutirão para julgar logo os que envolvem deputados, senadores, ministros e outros afortunados, que estão nas suas gavetas.. A condenação do deputado Zé Gerardo envergonha a Justiça brasileira. Não por ser injusta. Mas por representar uma cortina de fumaça para esconder a omissão do nosso judiciário. Enquanto aqueles que realmente roubaram desfrutam da impunidade, o condenado foi um ex-prefeito que não roubou um centavo, mas desviou para outra obra os recursos destinados á construção de uma barragem. Um crime de responsabilidade, sem dúvida. Mas de uma ridicularia abissal diante dos 200 milhões de dólares que o doutor Paulo Maluf levou somente de uma obra em São Paulo, dos bilhões do mensalão, do saque constante aos dinheiros da merenda escolar, da saúde e da educação em todo o Brasil. Pegaram um bagrinho enquanto os tubarões continuam nadando em mar aberto e tranqüilo.
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Racismo
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Mais um passo na escalada do racismo oficial no Brasil: a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, encarregada de implantar a segregação no país, criou mais 250 bolsas de pós-graduação e outras 200 no programa de Iniciação Científica. Só podem concorrer a elas negros e pardos.
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0-800
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Ou a companheira Erenice Guerra, que substituiu Dilma Roussef na chefia da Casa Civil da Presidência da República, tem certeza de que vai continuar no poder nos próximos quatro anos ou apenas está exercendo a tradicional tendência dos companheiros a desfrutar do poder em toda a sua plenitude, aproveitando os últimos sete meses de mordomia. Ela acaba de se mudar para uma mansão oficial de luxo na península a dos Ministros, á beira do lago Paranoá, tudo na base do 0-800.
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Pode?
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O artigo 222 da nossa constituição cidadã determina que a propriedade de empresas jornalísticas é privativa de cidadãos brasileiros. Tudo bem se a coisa não fosse tão fácil de contornar, a ponto de chegar agora a Brasília, com 50 mil exemplares diários distribuídos gratuitamente, o jornal “Destak”, cujo dono é um grupo português, por sinal já atuando em São Paulo há quatro anos.
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Di menor
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Os números são oficiais. Em 60% dos crimes registrados nas delegacias do Distrito Federal há o envolvimento de crianças e adolescentes com idades entre 12 e 17 anos, os “di menor”. Dentre eles destaca-se um menino de 13 anos que já matou cinco pessoas, entre elas o próprio pai. Todos impunes, sob a proteção do generoso Estatuto da Criança e do Adolescente,
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Gastança
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Para manter um correspondente na África, com base em Maputo, a nossa Empresa Brasileira de Comunicação ao invés de simplesmente transferir para lá o seu repórter José Eduardo Macedo, com um bom salário, preferiu contratar uma empresa que contrata com exclusividade o dito profissional, a um custo de R$ 1,1 milhão.
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Educação
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O governo de Brasília gastou uma fortuna em propaganda para enaltecer o fato de que os motoristas aqui respeitam a faixa de pedestres, parando para que eles atravessem as ruas em segurança. Mas não explica por que o Detran aplica todos os dias pelo menos 4.300 multas aos educados motoristas brasilienses, a maioria por avanço do sinal vermelho, uso do telefone celular, não uso do cinco de segurança, excesso de velocidade e.... avanço da faixa dos pedestres.
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Nem eles
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Engraçado é que nenhum dos 24 deputados da inútil e cara Câmara Legislativa de Brasília aceita exercer a função de Corregedor da Casa, que tem a atribuição de conduzir as investigações sobre denúncias contra os colegas. Nem mesmo os integrantes da bancada dos limpos, os cearenses Reguffe, Erika Kokay e Chico Leite.
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Sumiu
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O Welton Danner Trindade pegou uma nota preta da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para estruturar um tal Grupo Homossexual de Brasília às expensas do contribuinte. Agora é procurado para prestar contas ou devolver o dinheiro, além de pagar multa de R$ 3 mil imposta pelo Tribunal de Contas da União.
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Ausência
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Compromisso em Manaus nos privou da alegria de participar da solenidade de posse do ministro Raul Santos Filho, no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, e da entrega da Ordem e da Medalha do Mérito Industrial aos empresários Alexandre Grendene, Airton Queiroz e Jorge Parente, em Fortaleza, nos dias 12 e 13 últimos.
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Livro
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O presidente da Casa do Ceará, Fernando Mesquita, convida. Com direito a apresentação pelo ministro Ubiratan Aguiar, presidente do TCU, Giovani de Oliveira autografa no próximo dia primeiro o seu livro “O Direito de Rir”, na embaixada cearense aqui em Brasília.
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por Rangel Cavalcante
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