Imperatriz é bem mais perto
A coluna de Rangel Cavalcante é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review"e &
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( Brasília-DF) Não dá para contar o número de pessoas que morrem todos os dias por falta de atendimento médico na rede pública de saúde em todo o Brasil. Nunca na história deste país a saúde pública esteve em condições tão calamitosas. Só em Imperatriz, no Maranhão, 17 crianças morreram em poucos dias por falta de leitos nas UTIs. Bem depois da missa de sétimo dia pelas pequenas vítimas, o ministério da Saúde anunciou a liberação – não se sabe se o dinheiro chegou lá – de R$ 11 milhões para a saúde no município. O ministro as Saúde e nenhuma outra autoridade do governo apareceu por lá. E Imperatriz é muito mais perto do que Chile e o Haiti. Enquanto as crianças maranhenses eram enterradas, o nosso governo mandava R$ 25 milhões para ajudar na reconstrução de casas destruídas na Faixa de Gaza pela milenar guerra entre judeus e palestinos. E os nossos senadores aprovaram docilmente mensagens do companheiro Lula perdoando 35 milhões de dólares da dívida que o Suriname tem para com o Brasil, e mais 1,1 milhão da conta espetada pelo Cabo Verde. Para completar, o ministro Temporão assinava com Cuba um acordo para ajudar na restauração e fortalecimento do sistema de saúde pública do Haiti. O Brasil entra com o nosso dinheiro e os cubanos mandam um magote de médicos de sua imensa mão-de-obra ociosa de doutores.
Aqui em Brasília pessoas morrem nas filas dos hospitais, bem pertinho da morada do presidente da República e da Esplanada dos Ministérios. O leitor sabe de algum presidente, governador ou prefeito visitando hospitais públicos, fora de ocasiões festivas como inaugurações fajutas? Nenhuma dessas autoridades se lembra de dar uma incerta num hospital para ver como os cidadãos estão sendo atendidos. Só se tem noticia de um, governante que fazia isso. Jânio Quadros costumava dar incertas nos hospitais. Conferia a tabela de plantonistas, visitava as enfermarias, fazia perguntas, demitia gente. Em São Paulo todo mundo do serviço público, especialmente os de saúde, vivia em sobressalto diante da possível visita surpresa do homem da vassoura. De lá para cá, nenhum se lembrou disso. Nem mesmo um presidente que perdeu a mulher num hospital, por mau atendimento. Vamos torcer para que a companheira Dilma, se chegar á Presidência, arrombe as portas dos hospitais e vá ver o que tem lá dentro – ou o que não tem. É bem mais fácil do que arrombar banco. Ou que José Serra, que foi sem dúvida um bom ministro da Saúde, se lembre de imitar pelo menos essa loucura de Jânio Quadros.
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Os limpos
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Por incrível que pareça, a inútil e cara Câmara Legislativa de Brasília tem uma bancada dos limpos. Dos seus 24 ilustres deputados, apenas três estão fora da lista dos sujos – que inclui alguns imundos. E são todos de origem cearense. Erika Kokay, filha do agrônomo e poeta Lojos Kokay, nasceu em Fortaleza. Chico Leite é de Milagres, e José Antonio Regufe, que, embora nascido no Rio, é neto do ex-deputado e ex-ministro Expedido Machado, filho de Silvia Helena.
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Jogada
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Diante da onda de denúncias de corrupção de que é alvo, Joaquim Roriz, aquele que renunciou ao mandato de senador para escapar da cassação por corrupção, prepara um plano B para desistir de sua candidatura ao governo do DF.A idéia é lançar a deputada Eliana Pedrosa, sua fiel escudeira, tendo como vice a deputada Jaqueline Roriz, primogênita do ex-governador que, como ele, escreve o nome porque tem queda para desenho.
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Rajada
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São 549 os atingidos pela nova rajada de condecorações disparada pelo presidente da República. Todos vão receber, em diversos graus, a Medalha do Mérito Militar. Entre os alvejados o ex-governador Adauto Bezerra e o industrial lvens Dias B ranço, que, sem dúvida, merecem a homenagem.
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Novo ministro
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Chegou ao Senado a mensagem do presidente da República indicando o desembargador Raul Araújo Filho, do Tribunal de Justiça do Ceará, para a vaga resultante da aposentadoria do ministro Paulo Gallotti no Superior Tribunal de Justiça.
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Desunida
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Classe desunida. Assaltaram a casa do publicitário Marcos Valério, o maestro do mensalão do PT, em Belo Horizonte. O homem devia reclamar ao sindicato.
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Ao além
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O ministério da Cultura tem uma conta para a mandar cobrar no além. Quer receber de volta os R$ 250 mil que o falecido deputado Clodoviu Hernandez captou no mercado para custear um espetáculo teatral intitulado “Eu & Ela”. O finado tem que apresentar a prestação de contas ou devolver a grana, que, com os acréscimos, já chega a R$ 450 mil.
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Quem diria
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Quem diria que logo os produtos que importamos de Portugal não serão apenas bacalhau e azeite de oliva. Logo vão incluir componentes para aviões militares fabricados aqui pela Embraer. Quem vai fabricar é a Indústria Aeronáutica de Portugal – cuja sigla é lusitanamente OGMA – da qual a fábrica brasileira é acionista.
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Nem a mão
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A ladroagem que não poupou a filha do presidente da República e assaltou a casa dela em Florianópolis vai muito além da família presidencial. Não respeita nem a mãe de Deus. Tanto que a Arquidiocese de Aparecida, em São Paulo, sede do maior santuário dedicado a Nossa Senhora no país, criou uma empresa de segurança privada para ajudar o Filho a proteger os bens terrenos da mãe, alvos de constantes afanos.
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Sem ré
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A prometida volta do porta-aviões “São Paulo”, o sucatão orgulho da nossa Armada, ao serviço ativo vai demorar mais um pouco. O cinqüentenário navio vai ficar mais algum tempo no prego, porque deu um problema num condensador principal da praça de máquinas e ele não pode dar marcha-a-ré.
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Inutil
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A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara demorou três anos para aprovar um projeto do deputado Paulo Henrique Lustosa proibindo o uso dos chamados paus-de-arara no transporte escolar. Tivesse o ilustre deputado lido a lei 10.154, de 1986 e os decretos conseqüentes, saberia que isso já é proibido há mais de vinte anos, e dedicaria o seu precioso e caro tempo a propostas úteis.
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por Rangel Cavalcante
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