Pela culatra
A coluna de Rangel Cavalcante é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e
Publicado em
( Brasília-DF) O anuncio festivo da extinção de 500 cargos no amazônico quadro de funcionários do Senado ao invés de representar um arroubo de moralidade nada mais fez do que confirmar mais uma indecência dos nossos pais da pátria. Foi a confissão de que durante anos, sucessivos presidentes da Casa – também pudera, com ACM, Jader Barbalho, Renan etc -, sonegaram aos brasileiros o direito de disputar, num concurso público, esses sonhados empregos. Esconderam as vagas e continuaram nomear e contratar apadrinhados sem concurso e no mais das vezes sem competência. Nos últimos anos proliferaram alguns arremedos de concursos, para pouquíssimas vagas, O que o Senado deve ao Brasil é uma limpeza geral. A extinção dos cargos supérfluos, que são a maioria, e a admissão de pessoal apenas por concurso. Nem mesmo a idéia de extinguir os cargos quando vagarem – uma forma de conciliar a indecência com a moralidade - assegurando assim todas as sinecuras dos atuais apadrinhados, sensibilizou a Mesa presidida pelo senhor José Sarney, se é que foi levada a ela pelo secretário Heráclito Fortes, a quem a sugestão foi levada. Assim, ninguém seria demitido, extinguindo--se os cargos inúteis apenas nos casos de morte, exoneração ou aposentadoria dos atuais titulares indesejáveis. A cada medida dita moralizadora o Senado mais se enterra na ilegalidade e na falta de decoro. Tudo poderia ter siso bem simples se houvesse coragem dos dirigentes para resistir à pressão dos colegas defensores do ilícito, que são a maioria.e exigem a manutenção das regalias. No caso dos atos secretos, o senador Sarney se consagraria – em parte – se tivesse simplesmente aplicado o que deve ter aprendido na Faculdade de Direito de São Luís – ato secreto é nulo e pleno direito. Não pode gerar qualquer efeito ou direito a quem quer que seja. Nem pode ser revalidado, pois não se revalida o que não tem valor. Sarney esqueceu ou não quis lembrar das lições do professor Caracas. O tiro de moralidade saiu pela culatra.
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Sortudos
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São 166 os prefeitos cearenses que disputam amanhã, no sorteio a ser realizado pela Controladoria-Geral da União, o privilégio de mostrar que estão aplicando correta e honestamente o dinheiro recebido da União para aplicar na saúde e na educação. Deles, três serão os escolhidos para a fiscalização.
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Impotente
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Ainda bem que os golpistas de Honduras não terão coragem de invadir a nossa embaixada em Tegucigalpa.Seria humilhante ver que as nossas forças armadas não teriam nem mesmo condição de dar um susto nos invasores.O nosso exército dispensa soldados por falta de dinheiro para alimentá-los. O porta-aviões “São Paulo”, orgulho da Armada, está no prego há mais de dois anos, já consumiu duas vezes o seu custo em consertos, e só sai do lugar se for puxado por um rebocador. Quanto à força aérea, nem se fala.
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Caríssimos
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Para que o Brasil precisa de mais 8.043 vereadores? O que faz falta é uma rápida e ampla reformulação do sistema de administração municipal, que vem ainda do Brasil colônia, em todo o país. Esses novos vereadores, se trabalharem de graça ainda vão custar caros demais para o contribuinte.
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Mais caro
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Custou R$ 10 mil ao Banco do Nordeste uma palestra do ministro José Antonio Toffili, então advogado-geral da União, promovida pelo Instituto Brasileiro de Direito Público. Bem mais caro do que os R$ 4 mil cobrados ao Itamarati pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, pelo uso de um trabalho seu num curso para diplomatas.
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Uma boa
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Lula desapropriou a fazenda Poço da Areia, em Tianguá, com 1.556 hectares, para a reforma agrária que os companheiros do MST nunca deixarão acontecer. Um excelente local, com clima ameno, para uma colônia de férias onde os nossos sem-terra financiados pelo governo poderão descansar das exaustivas invasões de propriedades alheias, das passeatas e churrascos..
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Flores
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Para não dizer que não cuida das flores, o ministério da Cultura contratou uma empresa de Brasília para cuidar da limpeza e conservação do seu jardim. Custo do zelo: R$ 902 mil.
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por Rangel Cavalcante
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