31 de julho de 2025

Uma grande farsa?

A Coluna de Rangel Cavalcante é publicada aqui e nos "Florida Review" e "Diário do N

Publicado em
( Brasília-DF) Todo país precisa e deve ter um serviço de informações eficiente a serviço do Estado. O Brasil não foge à regra e aqui temos a Agência Brasileira de Informações, a ABIN, cuja missão é manter o governo bem informado sobre os fatos passados, atuais e futuros. E isso envolve desde as perturbações da ordem pública, greves, corrupção, crises na economia e até secas, enchentes, furacões e outros tipos de anormalidades que possam influir nas decisões das autoridades. De repente o tempo fechou e nos vimos diante de uma onda de denúncias contra a comunidade de informações. Verdadeiras ou não, elas precisam ser apuradas com seriedade. Mas não é o que estamos vendo. O caso das escutas telefônicas virou um circo, um festival de besteiras, no qual o próprio ministro da Defesa tem sido ator destacado. O governo precisa dar um basta nessa confusão. E não precisa de CPI, que nunca dá em nada, nem de algo excepcional para isso. É só usar os meios legais existentes – Ministério Público, Polícia Federal e a própria ABIN, que dispõem de meios e competência para chegar aos possíveis culpados.

O que não se pode permitir é que uma instituição criada para abastecer o governo de informações, e que nem sempre pode agir de forma ostensiva, seja de repente comparada a um órgão de repressão como o finado SNI, inventado na ditadura pelo general Golbery, que logo confessaria ter criado um monstro. Não se pode afastar a hipótese de que toda essa crise seja uma grande farsa para desmoralizar a inteligência do Estado, assegurando a impunidade a criminosos notórios, cujas liberdade e impunidade paradoxalmente podem ser garantidas pelo simples fato de terem sido investigados. O STJ já deu o primeiro passo, anulando processos cuja prova foi colhida mediante escutas telefônicas. E como há gente graúda dos três poderes da República envolvida em muita mutreta, não se pode afastar a idéia de que todo esse escândalo é parte de um grande e caro projeto de desmoralização das instituições e de manutenção do Brasil na polle position das olimpíadas mundiais da corrupção.
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Priminha
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Nova senadora em Brasilia. É a segunda suplente do senador Fernando Collor, que, como o primeiro, licenciado para fazer política em seu estado, também faz parte da família. É a priminha favorita do ex-presidente. Traz na bagagem o indiciamento, junto com a ex-primeira-dama Rosane Collor, nos processos de desvio de dinheiro da LBA durante a “república de Alagoas”.
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Memória
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Há exatos 17 anos, nesta data, o advogado, poeta, critico e produtor de cinema Eusélio Oliveira foi friamente assassinado em Fortaleza. Com a morte do “queridão”, como era chamado pelos amigos, o Ceará ganhou mais uma vitima da violência e da barbárie e também mais um criminoso impune.
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Enganação
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Só para enganar os milhares de jovens que se matam estudando para tentar um emprego público pela via do concurso, o Senado abre seleção para preencher 150 vagas, um numero ridículo diante das suas reais necessidades, mal atendidas por servidores terceirizados nomeados sem concurso e sem qualificações. Só nos gabinetes dos senadores há mais de mil desses afilhados.
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Mais um
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O Banco do Brasil tem mais um diretor. Acaba de criar a Diretoria de Renda Média, para abrigar mais um companheiro. Para ocupá-la foi nomeado Robson Rocha, dos quadros da Casa, ex-dirigente do Banco Popular, o único no Brasil que consegue dar prejuízo todos os anos.
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Vôo grátis
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A Mesa da Câmara fixou os novos valores da verba que cada um dos deputados recebe para a compra de passagens aéreas. Os bancada cearense receberão cada um R$ 15.409,65 por mês, para viajar a qualquer lugar do mundo. Até para o Ceará.
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E a grana?
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Está nos jornais: o Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará aplicou R$ 63,1 milhões em multas a dezenas de prefeitos que cometeram irregularidades no uso do dinheiro público. Mas não diz que nenhum deles devolveu nem vai devolver um tostão dessa bolada. E que não tem como cobrar deles.
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Confirmado
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Saiu a decisão final da Comissão de Anistia do ministério da Justiça. O cartunista Ziraldo vai receber a bolada de R$ 1.027.967,14 a titulo de “reparação econômica de caráter indenizatório por ter passado uns dias preso durante a ditadura, na maior mordomia. E mais, uma pensão de R$ 4.375,88 todos os meses, para o resto da vida.
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Logo ele
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Romeu Tuma, tido como uma “reserva moral” no Congresso, capitulou. Não resistiu às ameaças e pressões e livrou Efraim Moraes das denúncias de fraudes em concorrências do Senado, nas quais o paraibano aparece atolado até o pescoço. Enterrou a investigação. Pior mesmo foi a desastrada entrada de Mão Santa no palco, dizendo que “a contribuição de Efraim à democracia foi assim como a de Rui Barbosa”. É demais.
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Memória
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Os governadores Cid Gomes e Wellington Dias discutem o fim da disputa de limites do Ceará e Piauí, no chamado contestado que envolve boa parte da Ibiapaba, onde o cidadão não sabe se é cearense ou piauiense, sonega imposto nos dois estados, vota em ambos e apanha das duas polícias. Há 40 anos o então governador Plácido Castelo nomeou uma comissão de historiadores para tratar do fim do contestado. Não deu em nada.
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Por Rangel Cavalcante

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