31 de julho de 2025

Não cobre do Juiz

A Coluna de Rangel Cavalcante é publicada aqui e nos "Florida Review" e "Diário do N

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Brasília – Está na moda culpar o Poder Judiciário pelo festival de impunidade que toma conta do Brasil, Temos hoje mais cidadãos atrás de grades em suas próprias casas do que criminosos nos xadrezes. É um erro grave. Só se pode cobrar de um juiz a aplicação consciente e correta da lei. Ao conceder habeas corpus a figuras carimbadas do crime como Salvatore Caciolla, Daniel Dantas e outros, um juiz nada mais faz do que cumprir a lei. Ele não inventa. O problema é que os privilégios e a couraça protetora dos criminosos estão escritos na Constituição e nas leis.Não foram colocados lá pelos juizes e nem pelo Executivo, mas pelos deputados e senadores, especialmente os da Constituinte de 1988, a chamada “cidadã” do dr. Ulysses Guimarães. Não adianta mudar o presidente da República nem os juizes de todos os tribunais do país.A coisa continuará na mesma.

A Justiça hoje julga mais formalidades e lantejoulas processuais do que os criminosos. Vejam o caso de um deputado do Maranhão que responde a mais de 200 processos. Sabem por que ele nunca vai preso ou cassado? Porque o Supremo discute há anos se as provas contra ele – provadas e comprovadas – deveriam ser colhidas pelo Ministério Público ou pela Polícia Federal. E assim estão por aí os Paulo Maluf, ícone da impunidade nacional, Jader Barbalho, Severino Cavalcanti, Daniel Dantas, Waldomiro e um magote de outros, para quem a lei é a maior aliada do crime.Só há um jeito de mudar isso: mudar o Congresso Nacional. Tirar de lá os quase 200 deputados e senadores que não estão na cadeia porque não deixam que se reformem a Constituição e as leis penais e processuais que lhes garantem a impunidade. E isso só pode ser feito pelo voto. Enquanto o cidadão não aprender a votar a coisa só tende a piorar. Já está na bica para ser votado no Congresso um novo projeto reduzindo as penas para os crimes de colarinho branco. Substitui a prisão pela pecúnia. Ou seja, fecha a porta da cadeia para impedir que o ladrão entre. Veja como o seu representante vai votar E depois não cobre do juiz..
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Mais espaço
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Os nossos deputados federais vão ter mais espaço para não trabalhar. A Câmara vai construir um novo prédio, que será um anexo do anexo IV. Só para elaborar um estudo preliminar para o projeto o escritório do arquiteto Oscar Niemeyer vai receber R$ 893 mil. Obviamente que sem concorrência. xxxxxxxx
À altura
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O líder do governo no Senado, senador Romero Jucá, está fora de Brasília por algum tempo, atarefado com assuntos do seu estado. Para substituí-lo no comando da bancada, designou o companheiro Gim Argello, senador que não teve um só voto e tem com ele muito em comum. Também responde a uma bateria de processos por corrupção na Justiça, com direito ao foro privilegiado. .
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Feliz
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Não poderia ter sido mais feliz o ex-senador e ex-ministro Jarbas Passarinho – o que antigamente se poderia chamar de reserva moral da política nacional - ao batizar o ex-ministro José Dirceu de “guerrilheiro vocal”.
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Natimorto
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Já nasceu morto o projeto do deputado Clodovil Hernandez que propõe redução do número de deputados federais dos atuais 513 para 250. Há quase vinte anos o então deputado Murilo Rezende, do Piauí, apresentou igual proposta. Foi arquivada sem qualquer discussão.
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Metendo a mão
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No mês passado o cantor Roberto Carlos se apresentou em Brasília. Meteu a mão, cobrando R$ 250,00 pelo ingresso mais barato. Mas para os americanos o “rei” foi bem mais generoso. Semanas antes, em Miami, pelo mesmo show, o preço era de apenas U$ 68,25 – pouco mais de R$ 100,00. .
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Uma bolsa
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Faça a conta. Pegue o lucro do Bradesco e do Itaú – mais de R$ 8 bilhões no semestre - e divida pela população do Brasil. Verá que cada brasileiro contribuiu com cerca de R$ 50,00 – quase uma bolsa família - para apenas dois dos exploradores do melhor negócio do mundo, que é banco no Brasil.
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Engano caro
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A Procuradoria da República iniciou ação – por improbidade administrativa – contra a companheira Matilde Ribeiro, que caiu da secretaria da Igualdade Racial por meter “por engano” a mão no dinheiro do contribuinte e saiu com atestado de honestidade passado pelo próprio presidente da República. Cobra dela a devolução de R$ 160 mil que torrou com os cartões corporativos. Não vai devolver nunca.
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Mais barato
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O governo do Ceará vai desperdiçar recursos do contribuinte instalando bloqueadores de celulares nos presídios do estado. Perda de tempo e de dinheiro. Não deu certo em lugar nenhum. O melhor bloqueador é estabelecer uma norma: demissão de todo diretor de prisão na qual for encontrado celular em poder de preso.
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História
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O ministério da Cultura aprovou projeto do Instituto Queiroz Jereissati para um amplo trabalho de tratamento e preservação de documentos e fotografias sobre a história recente do Ceará.
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Na lista
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João Eufrásio Nogueira, Paulo Nazareno Soares Rosa e Manoel Nelson da Silveira, ex-prefeitos de Várzea Alegre, Crateús e Cruz, no Ceará, passam a integrar a lista dos condenados pelo TCU a devolver dinheiro recebido da União e desviado em suas administrações. A conta, para os três, soma R$ 401 mil. Fora as multas.
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Racismo
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A Secretaria Especial de Política para as Mulheres da Presidência da República está financiando com cerca de R$ 100 mil a realização de um Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros. Incentiva-se o racismo em nome da igualdade. Alguém de arrisca a promover um congresso de pesquisadores brancos? Aí dá cadeia.
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Má idéia
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Na verdade é u’a ameaça à Justiça essa proposta do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, de alterar a Constituição para que ministros do Supremo Tribunal Federal sejam indicados pelas Comissões de Constituição e Justiça da Câmara e do Senado.
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Black food
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Dona Marta Suplicy, ainda no Turismo, deu R$ 144 mil para custear a realização da Primeira Feira Gastronômica e Cultural Negra do país, promovida por uma tal Ação Social Luz da Manhã, uma das ONGs que cuidam de dividir o país também pela cor da pele dos cidadãos. E às custas dos próprios.
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Tempo integral
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O ex-deputado Moroni Torgan pode dedicar-se em tempo integral à sua campanha pela prefeitura de Fortaleza, ganhando mais R$ 8 mil como assessor na Câmara dos Deputados, sem obrigação de ponto, grana que acumula com todos os seus vencimentos como Delegado Especial da Policia Federal, que o pôs à disposição do legislativo.
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por Rangel Cavalcante

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