31 de julho de 2025

A conta dos bois

A Coluna de Rangel Cavalcante é publicada aqui e nos "Florida Review" e "Diário do N

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( Brasília-DF, 20/07/2008) Até lembra os fiscais do Sarney, caçando, de helicóptero, bois e vacas no centro-oeste para garantir o êxito do Plano Cruzado - que logo mergulhou o país numa inflação de 80 por cento ao mês - essa gigantesca operação de confisco de milhares de bois na Amazônia, comandada pelo ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc. O nosso Crocodilo Dundee tupiniquim não deve mesmo conhecer o Brasil. Nunca se viu por aqui bens confiscados serem vendidos na semana seguinte à apreensão. Com as leis que temos por aí, isso é de um risco elevado. Basta lembrar o confisco das indústrias do grupo Lutfalla, do sogro do Maluf, que o governo tomou e ao devolver teve que indenizar os donos pelo descalabro a que os interventores oficiais levaram as empresas. Um excelente negócio para os réus. O dr, Minc esquece que o Erário jamais ganhou uma contra os grandes sonegadores.Eles podem até ir para a cadeia por algumas horas. Mas pagar ou devolver dinheiro, jamais. Ninguém se surpreenda se dentro de pouco tempo, graças à ação competente de advogados caros e famosos, o dinheiro do contribuinte seja usado para indenizar a todos esses pecuaristas cujos bois estão sendo vendidos pelo governo. Com juros e correção monetária. E isso graças ao açodamento e ao exibicionismo das nossas autoridades. Aqui em Brasília há milhares de carros tomados de maus pagadores e sonegadores nos pátios dos leiloeiros oficiais, mas não podem ser vendidos. Falta terminar o processo na Justiça, que às vezes leva anos. No caso dos bois da Amazônia tudo vem sendo feito de forma açodada. E os confiscados já se movimentam, com o apoio da bancada dos ruralistas, formada e financiada por grandes latifundiários, que, depois da dos corruptos, é a maior no Congresso Nacional. Tomara que estejamos errados. Do contrário quem vai pagar a conta do estouro da boiada somos nós.

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Enrolando
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O Senado tem centenas de cargos vagos no seu quadro de servidores efetivos. e já tem até um concurso público preparado para preenchê-los. Mas a Diretoria-Geral vem enrolando há anos, empurrando a seleção com a barriga. Como então justificar a imoral criação de 87 cargos nos gabinetes dos senadores para nomeação sem concurso de apadrinhados?
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Mutreta
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Essa história de criar uma companhia de aviação comercial para os Correios nada mais é do que um novo golpe para esmagar empresas tradicionais que atuam no setor do transporte postal com eficiência e correção, como a cearense TAF e várias outras, em favor de novas sinecuras e bons negócios para um punhado de companheiros sabidos.
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Sujeira
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Nada menos de 148 mil moradores de Brasília estão com a ficha suja no Serviço de proteção ao Crédito, a maioria graças à farra do crédito fácil que tomou conta do país, com os bancos empurrando dinheiro no bolso de quem não pode pagar. Boa parte é de aposentados seduzidos pelos tais empréstimos consignados.
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Conta
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Chega mais uma conta para o contribuinte pagar: a do ócio remunerado do companheiro Luiz Antônio Medeiros, aquele da Força Sindical, que acaba de ser aposentado como ex-deputado federal, aos 59 anos, depois de apenas oito anos na Câmara.
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Gastança
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O Banco do Nordeste está gastando nada menos de R$ 1,66 milhão na contratação de serviços de ginástica laboral e massagistas para os seus servidores. Só uma das empresas contratadas leva uma bolada de R$ 979 mil.
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Cancelada
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O ministério das Minas e Energia cancelou as autorizações dadas à empresa Ventos Energia e Produções Tecnologia para instalar três centrais eólicas geradoras de energia elétrica no município cearense de São Gonçalo do Amarante. Também revogou a de outra central, em Paracuru, da Cataventos Novas Energias.
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por Rangel Cavalcante

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