Bahia.
Geraldo Alckmin teve apoio maciço dos carlistas em seu comício em Juzeiro, no último sábado; Paulo Souto e todo o grupo ligado a ACM fizeram duras críticas ao Governo Lula e disseram que houve descompromisso com a irrigação assim como teriam desviado o r
( Brasília-DF, 14/08/2006) Como se previa, o grupo de ACM está tentando colar a imagem deles ao candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, coisa que não se viu na eleição de 2002. Nesse sábado, no mais duro discurso já feito nesta campanha contra o governo federal, o governador Paulo Souto, candidato à reeleição, fez na noite de sábado,12, em Juazeiro, uma radiografia do que ele considera o abandono que a região do Vale do São Francisco passou durante o governo petista. “Aqui há números que são inacreditáveis. Não se acrescentou um único novo hectare na irrigação dessa região. Não se fez um quilômetro da hidrovia do rio São Francisco, não se criou um único emprego novo com projeto de irrigação. É isso que a administração do PT deu pra Juazeiro e toda a região”, disse Souto, durante o primeiro comício conjunto com o candidato a presidente da República Geraldo Alckmin (PSDB).
“Essa região não teve e não tem tido do governo federal a atenção que merece pelo tanto que tem produzido para nosso Estado e para nosso país. Aqui temos uma ferrovia que liga Juazeiro a Salvador, também completamente esquecida pelo governo federal, criando dificuldades pra essa população”, disse o governador. Ele explicou ao público que suas cobranças não estão sendo feitas agora, devido ao calendário eleitoral. “Ninguém pode dizer o que estou falando aqui estou falando agora, na época das eleições. Porque fiquei três anos, em nome da Bahia, implorando ao presidente da República que olhasse mais pelo Estado, que deu a ele uma grande vitória e que não teve nenhuma recompensa por isso”, disse.
Souto, que é candidato à reeleição pela coligação “Uma Nova Bahia a Cada Dia”, disse a Alckmin que ele estava diante de uma cidade que “sofreu duplamente”. “Primeiro, com uma administração municipal (o ex-prefeito Joseph Bandeira, do PT) e depois com a administração federal do PT. Esta cidade sofreu muito, com uma administração municipal que não cuidou do juazeirense. E o sr não sabe o sacrifício do prefeito Misael (Aguilar) para recuperar Juazeiro. Mas, se não bastasse isso, como Juazeiro fica na região do São Francisco, tem sofrido com a administração federal.”
O governador conseguiu de Alckmin o compromisso, assumido em praça pública, de que dará continuidade ao projeto de irrigação do Salitre, que foi paralisado durante a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, de que revitalizará o rio São Francisco, em vez de gastar na controversa obra de transposição, orçada em R$ 4,5 bilhões, e de que investirá em saneamento básico nos municípios ribeirinhos.
“O atual presidente prometeu gerar 10 milhões de empregos. Aqui temos 5 mil hectares no projeto Salitre, três empregos por hectare. Poderiam ter gerado 15 mil empregos, mas sequer terminaram as obras, grande parte delas iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso. Vamos tirar essas obras do papel, coloca-las em prática, para aquecer a economia e gerar empregos”, afirmou Alckmin. O candidato tucano também se comprometeu a fazer a reforma tributária para “transferir mais recursos para o governo local”.
No mesmo tom crítico, o senador Antonio Carlos Magalhães( PFL) disse que o único interesse de Lula na região é “tirar a água do São Francisco e de Juazeiro”. “Mas não vai tirar, nós não deixaremos. Nós vamos revitalizar o rio, esse é o programa de Geraldo Alckmin, fazer a hidrovia do São Francisco, revitalizar o rio e fazer o projeto Salitre. Vocês têm direito a emprego e renda. O presidente da República, além de ganhar como presidente, ganha também como aposentado. Mas é tão ordinário que tirou 16% dos idosos, aposentados”, disse ACM, referindo-se ao veto de Lula ao reajuste dos aposentados proposto pelo Congresso. “Ele pode fazer isso, ele tem casa, comida, aerolula. Ele só cuida dele e não cuida dos outros. É por isso que mais do que nunca nós precisamos é de Geraldo Alckmin”, continuou ACM, arrancando aplausos da platéia.
Para o candidato ao Senado, Rodolfo Tourinho( PFL), Alckmin tem na região o mesmo desafio que terá no Brasil inteiro: criar empregos. “E aqui em Juazeiro, nessa região do São Francisco, é da maior importância que seja retomado o projeto de irrigação do Salitre e também seja iniciado o projeto de irrigação de Cruz das Almas”, afirmou Tourinho, que lembrou o descaso do governo federal com a Bahia. “Na verdade, esse governo que aí está nada fez por essa região, e nós precisamos que esses recursos venham pra cá. Porque, se ficarem sobrando na mão do governo federal, eles serão aplicados em mensalão, em desvios, em sanguessugas, em coisas que não deve, retirando o dinheiro do povo do Brasil”, afirmou.
Já o senador César Borges( PFL), presente ao comício, lembrou que a Bahia cresce mais que o dobro do Brasil há três anos, “e só não cresce mais porque falta infra-estrutura”. “O presidente que aí está não cumpriu o que prometeu. O Salitre pode irrigar até 35 mil hectares, mas foi paralisado na primeira fase, com 5 mil hectares, porque o governo federal não alocou recursos. É muito fácil falar que faz pelo povo, mas quando as palavras são vazias, elas perdem o sentido”, afirmou Borges.
GERAÇÃO DE RENDA - Ao falar sobre os programas assistenciais que existem no Brasil, – que Alckmin já se comprometeu em dar continuidade – Souto deu a idéia ao candidato de fazer um programa conjunto com os Estados para, a partir do programa assistencial, fazer projetos que gerem trabalho e renda para a população.
“Aqui estamos fazendo o programa Cabra Forte, que gera renda para as famílias que moram no campo. Qual é a dificuldade do governo federal se associar aos Estados a acoplar aos programas sociais programas de geração de renda? Sabem pra que? Pra que as pessoas tenham cidadania, tenham independência, pra que não fiquem a vida toda dependendo de um programa social do governo”, afirmou o governador.
Souto lembrou ainda que o grande programa assistencial do governo petista, o Bolsa-Família, foi criado a partir do fundo de combate à pobreza, idéia do senador Antonio Carlos Magalhães, que apresentou no Senado um projeto estabelecendo fontes de recursos para isso.
“O que temos que fazer é acoplar esses programas à geração de oportunidade de trabalho, na cidade e no campo, para que os brasileiros possam ter uma vida melhor. Eu tenho certeza que o sr (Alckmin), que apresentou um plano excepcional para o Nordeste, não vai decepcionar esse povo”, disse o governador.
COMPROMISSOS - O primeiro comício conjunto de Souto e Alckmin na Bahia reuniu mais de 3.000 pessoas em Juazeiro. Além de Souto, Alckmin, ACM, Tourinho e César Borges, participaram do encontro os deputados federais candidatos à reeleição ACM Neto, José Carlos Aleluia, Jorge Khoury e o tucano João Almeida, o candidato a vice de Souto, Eraldo Tinoco, os candidatos a deputado estadual Pedro Alcântara e Misael Neto, os prefeitos Misael Aguilar (Juazeiro), Humberto Ramos (Chorrochó), Juvenilson Passos (Sento Sé), Seu Tóti (Curaçá), Doutor Alessandro (Campo Alegre) e vários vereadores e ex-prefeitos da região. Do Piauí, um convidado ilustre: o senador Heráclito Fortes, que participou do encontro.
Ao cumprimentar o prefeito Misael Aguilar, o governador lembrou que o governo do Estado tem feito uma grande parceria com a Prefeitura, e se comprometeu a continuar os investimentos estaduais na cidade. “Quero cumprimentar o prefeito Misael, que temos feito uma parceria, e aqui, o projeto Juazeiro Verde, essa é só a primeira parte. Vamos pra orla, depois vamos pra estação ferroviária, depois vamos pra recuperação do antigo mercado, conforme compromissos que assumi com a população. E para o ano vou convida-lo pra que a gente venha inaugurar o novo hospital que estamos construindo em Juazeiro para atendimento dessa população”, disse o governador, referindo-se ao hospital regional do Estado que está em construção.
O vice-prefeito de Juazeiro, Hamilton Ferreira, não escondia sua empolgação. Ainda no aeroporto, antes do comício, abordou Souto, deu-lhe um abraço e disse: “O sr é uma figura. Nunca vi um discurso tão firme, tão preciso”.
De Juazeiro, o grupo seguiu para Itabuna, no sul do Estado, para outro comício. A forte chuva que caía na região, porém, fechou o aeroporto de Ilhéus, fazendo que o evento tivesse de ser cancelado.
( da redação com informações de assessoria)