Alagoas.

 

(Brasília-DF, 08/08/2005) A Política Real teve acesso a artigo do senador Teotêonio Vilela Filho(PSDB-AL) que comenta a crise. Ele destaca a forma atabalhoada com que os petistas se envolveram com os recentes casos de corrupção.

 

Confira a íntegra

 

“Destrambelhados, ainda bem

 

Quaisquer que sejam os passos e revelações das CPIs, já existe, a essa altura, uma conclusão inevitável: o Brasil escapou de uma boa. Dá pra imaginar o que aconteceria a esse país com o esquema financeiro que os petistas montaram, drenando dezenas de milhões de empresas públicas e privadas para o financiamento clandestino de campanhas eleitorais, para alimentar as propinas parlamentares? Provavelmente era para garantir o poder por mais de 20 anos. E provocar um retrocesso de mais de 50 anos.

 

Em toda a campanha eleitoral de 2.002, achava-se que, com o PT, o país pagaria um alto preço pelo despreparo, inexperiência e até pelos desvios ideológicos do partido. O modo petista de governar está custando caro ao Brasil: a administração parou, pouco funciona, a não ser a política econômica, que não tem qualquer DNA petista. Ainda assim, com um preço adicional decorrente do próprio PT.

 

Não fosse a necessidade de se mostrar aos mercados "mais realista que o rei" não teríamos os patamares dos juros reais mais altos do mundo, nem as estreitíssimas metas de inflação hoje estabelecidas. Pagamos um preço muito alto por tudo isso.

 

O que a política fiscal consegue gerar de superávits é inteiramente consumida pela duríssima política monetária. Mas nem o mais ferrenho adversário imaginava que o ônus petista seria acima de tudo ético. O que se tem visto, infelizmente, é uma teia de corrupção diante da qual o esquema PC Farias parece "um chá de senhoras", para usar a feliz definição do prefeito de São Paulo, José Serra.

 

O núcleo central do poder julgou-se acima de qualquer suspeita e, portanto, livre para relaxar no cumprimento da ética e transgredir a lei. O Land Rover de R$ 73 mil aceito como um presentinho pelo ex-secretário Sílvio Pereira é exemplo eloqüente dessa lassidão ética e moral do PT.

 

O perigo desse jeito petista de governar vai muito além dos mensalões, do caixa-dois partidário e dos crimes eleitorais já confessados. Há, no PT, uma perigosa confusão entre governo e partido. Dirigentes petistas, sem qualquer função pública, transitavam livremente pelos ministérios, acertavam nomeações, negociavam cargos e chegaram até a intermediar negócios com uma única credencial: são dirigentes do PT, como se a estrutura administrativa do País pertencesse a um partido. Tal como Lênin fez no Estado soviético no início do século passado.

 

O PT tem levado tão longe essa confusão entre partido e governo que há uma ocupação predatória da máquina estatal por parte de militantes petistas. Quem não lembra casos escabrosos como o do Instituto do Câncer, no Rio, cuja direção médica foi substituída por militantes petistas? Há quem diga que a causa de tudo é o incontrolável apetite financeiro do PT, pois afinal os comissionados pagam dízimos expressivos ao partido. Acho que não: é sede de poder, decorrente de uma visão equivocada, autoritária e centralizadora do Estado e do processo político. A estrela petista desenhada com plantas nos jardins do Alvorada é apenas um emblema expressivo deste evidente desvio.

 

O PT, aliás, tem sido muito criativo. Há organizações criminosas que pagam alto preço para "esquentar" ou "lavar" o dinheiro conseguido ilicitamente. São as famosas "lavanderias". O PT fez o contrário: armou um gigantesco esquema para "esfriar" o dinheiro quente e legal das empresas e bancos.

 

Mesmo para adversários, é lamentável esse fim para um partido com uma história como a do PT, que amadureceu acomodado, perdeu-se na arrogância, casou-se por conveniência e envelheceu na incoerência, para seguir a cáustica cronologia estabelecida por um respeitável e lúcido petista, o ex-ministro Cristóvão Buarque.

 

Mesmo lamentando, e exigindo para todos punição severa e exemplar, é preciso um olhar para todos esses petistas pilhados com a mão na botija. Se não fossem tão destrambelhados e ambiciosos, o engenhoso esquema de desvio que eles montaram iria muito longe. O Brasil é que não sairia do canto.”

 

( da redação com informações de assessoria)