31 de julho de 2025

Nordeste e a Safra

Agrícola.Estimativa da safra de grãos cai 0,92 por cento; Expectativa é de redução da produção de mamona – Nordeste continua sendo a quarta região em produção de oleaginosas.

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( Brasília-DF, 05/07/2006)  Em junho, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE estimou uma produção de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale) da ordem de 118,525 milhões de toneladas, 0,92% inferior à prevista em maio (119,707 milhões de toneladas), mas 5,29% superior à obtida em 2005 (112,574 milhões de toneladas). Houve retração de 3,82% na área plantada (45,753 milhões de hectares ) em relação à do ano passado, sendo que as maiores reduções foram para a mamona (-31,42%), o algodão herbáceo (-28,28%), a cevada (-26,45%), o trigo (-26,41%), o arroz (-24,13%), o amendoim 1ª safra (-19,20%), o triticale (-12,46%) e o sorgo (-10,42%). Queda na produção da mamona pode ser um indicativo de que os que foram estimulados pelo desenvolvimento da produção do biodiesel estariam caindo na real das intensas dificuldades que foram criadas a partir das restrições ao crédito em algumas regiões do Nordeste.

 

 

Na comparação com maio, destacaram-se as variações na estimativa de produção de cinco culturas: aveia (-8,99%), cevada (-6,52%), milho 2ª safra (-2,08%), soja (-0,76%) e trigo (-12,56%).

 

 

No caso da aveia (-8,99%), cujo principal produtor é o Paraná, responsável por aproximadamente 74% da safra nacional, a queda se deu em razão das condições climáticas desfavoráveis e dos preços pouco atrativos. Houve redução do rendimento médio, bem como da área de cultivo. A variação negativa para a cevada (-6,52%) foi influenciada pelos novos dados do Rio Grande do Sul, principal produtor, onde houve redução na área de plantio por causa dos problemas enfrentados pelos agricultores por ocasião da classificação e comercialização das últimas safras.

 

 

A queda no milho 2ª safra (-2,08%) se deveu principalmente à estiagem, em especial no Paraná, que reduziu a área a ser colhida (-4,55%) e o rendimento (–6,16%) em relação a maio. Para a soja (-0,76%), a diminuição na produção resultou notadamente de reavaliações nos dados finais de colheita no Centro-Oeste. Para o trigo (-12,56%), a retração foi resultado da queda no Paraná (-22,86%), principal produtor.

 

 

Em relação à safra de 2005, 14 produtos variam positivamente e 11, negativamente -   Na comparação com a safra de 2005, 14 dos produtos investigados pelo LSPA apresentaram variação positiva na estimativa de produção: amendoim em casca 2ª safra (7,09 %), aveia em grão (0,24 %), batata-inglesa 2ª safra (7,44%), batata-inglesa 3ª safra (1,21%), café em grão (19,99%), cana-de-açúcar (6,46%), cebola (4,69%), feijão em grão 1ª safra (11,84%), feijão em grão 2ª safra (31,72%), laranja (0,24%), mandioca (6,81%), milho em grão 1ª safra (18,20%), milho em grão 2ª safra (26,52%) e soja em grão (3,435%).

 

 

Por outro lado, a variação foi negativa nos casos de 11 culturas: algodão herbáceo em caroço (-22,85%), amendoim em casca 1ª safra (-15,39%), arroz em casca (-12,78%), batata-inglesa 1ª safra (-6,26%), cacau em amêndoa (-0,78%), cevada em grão (-6,05 %), feijão em grão 3ª safra (-8,54%), mamona (-31,87 %), sorgo em grão (-2,01%), trigo em grão (-22,34 %) e triticale em grão (-1,39 %).

 

 

Os ganhos dos cultivos de verão deveram-se principalmente à recuperação em comparação às grandes perdas ocorridas em 2005. Quanto ao milho 2ª safra, sobressaíram-se os acréscimos previstos na produção dos estados do Paraná (44,51%), Mato Grosso (7,31%) e Mato Grosso do Sul (89,37%), decorrentes das condições climáticas verificadas na época do plantio do cereal e das boas perspectivas de preços para o segundo semestre.

 

 

O decréscimo no trigo (-22,34%), principal produto de inverno, foi conseqüência notadamente da redução de 24,11% na área plantada. Entre os fatores responsáveis por isso podem ser citados a baixa cotação do produto no mercado interno e a dificuldade de comercialização enfrentada nas últimas safras.

 

 

Observa-se ainda que a descapitalização dos produtores, aliada à inadimplência e conseqüente restrição ao crédito, fez com que a implantação desta safra ocorresse com baixa tecnologia, o que poderá comprometer o potencial produtivo da cultura. Em algumas regiões, houve falta de sementes, bem como estiagem a partir do plantio. Houve uma expressiva queda de 22,82% na safra do Paraná, onde a estiagem, além de determinar danos à cultura, causou perdas de áreas em algumas regiões.

 

 

Em termos absolutos, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas ficou assim distribuída pelas grandes regiões: Sul, 49,752 milhões de toneladas; Centro-Oeste, 39,231 milhões de toneladas; Sudeste, 15,996 milhões de toneladas; Nordeste, 10,091 milhões de toneladas e Norte, 3,455 milhões de toneladas.

 

 

 

 

( da redação com informações do IBGE)