31 de julho de 2025

Bahia.

Líder da Minoria analisa o momento e diz a crise é moral.

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( Brasília-DF, 18/05/2006)   A Política Real, sempre que tem acesso, publica artigos de parlamentares nordestinos. Confira este de hoje, assinado pelo deputado e líder da Minoria na Câmara Federal, José Carlos Aleluia(PFL-BA), oportunidade em que analisa o momento político:

 

 

 

 

“A crise é moral

 

 

 

Vejam em que posição nos encontramos. A maior cidade do Brasil, São Paulo, aliás, o maior estado do Brasil, uma vez que os atos não se restringiram à capital, ao lado do estado do Paraná e de alguns outros, como o Mato Grosso do Sul, com focos menores, estão vivendo momentos de extrema dificuldade.

 

 

Nesta quadra de crise nacional, de uma crise que não é política, é  moral, começam a aparecer acusações que não se sabe de onde vêm. Ainda não fui sorteado para integrar nenhuma lista, mas estou certo de que esse tipo de ataque apenas demonstra a fragilidade das nossas instituições públicas.

 

 

Atentem bem para o que aconteceu no final de semana passada: mais acusações contra o presidente da República, com a hipótese de que ele possa estar sendo chantageado. É o que afirma a revista, que o presidente pode ter sido ou vir a ser chantageado. Publicaram uma relação com o nome de vários deputados, entre eles o do deputado José Thomaz Nonô, que está na Câmara há seis legislaturas, sempre honrando e defendendo a instituição. Foi acusado ao lado de outros tantos deputados, entre os quais eventualmente pode haver algum

comprometido.

 

 

A crise é do Poder Legislativo e também do Poder Executivo e seu sistema de gastos.

É bem possível que o esquema intitulado “sanguessuga” já estivesse operando em governos passados. A empresa se estabeleceu para criar dificuldades para a liberação dos

recursos dos municípios e ao mesmo tempo vender facilidades, no meio delas superfaturando ambulâncias. Estamos vivendo uma crise grave e não podemos fazer nada: estamos com as mãos e os pés amarrados. Há na pauta de votações da Câmara cinco medidas provisórias e um projeto tramitando em regime de urgência constitucional, mas só podemos deliberar alguma coisa no âmbito das comissões. Talvez seja este o momento mais difícil por que já passou o Congresso Nacional, porque em outras crises, igualmente complexas, o Congresso não deixou de agir.

 

 

Na reunião do colégio de líderes, na conversa que tive pela manhã com o presidente Aldo Rebelo, senti o desejo de todos de fazer alguma coisa para evitar atos como esse que abalou São Paulo, por exemplo aprovar a proibição — por incrível que pareça não é

proibido — do ingresso de telefone celular em presídios ou a exigência de revista também em advogados.

 

 

A OAB tem de entender que nenhuma instituição está isenta de abrigar membros

que não merecem pertencer aos seus quadros. É possível e provável que nessa história do “sanguessuga” haja deputados e deputadas que mereçam ser cassados — não devem ser a maioria, mas talvez existam alguns. Da mesma forma, há advogados que seguramente servem de pombo-correio de organizações como o PCC para articular atos como a revolta de São Paulo.

 

 

Há uma série de matérias na nossa pauta de votações, e não podemos aprovar nada. O Brasil, num ano em que o mundo cresce a uma média de quase 5%, nada pode fazer, porque tem um presidente que está sendo denunciado de todo lado, um governo extremamente desgastado e um Congresso Nacional que também não pode dizer que vive num mar de rosas. Vou lembrar mais uma vez — acho que a repetição pode ser didática — que, se vivêssemos num sistema parlamentarista, este governo já teria sido destituído e o Congresso dissolvido. Teríamos eleições marcadas imediatamente, para eleger um Congresso com poder.”

 

 

( da redação com informações do informativo do PFL)