31 de julho de 2025

Bahia.

Líder da Minoria diz em artigo que CPI é dever da oposição; Aleluia acaba confirmando que CPI é instrumento de oposição.

Publicado em

( Brasília-DF, 08/06/2005) O deputado José Carlos Aleluia(PFL-BA), líder da Minoria na Câmara dos Deputados, destaca em seu artigo publicado no Informativo do PFL a que a Política Real teve acesso a importância de uma investigação profunda sobre os recentes e denunciados casos de corrupção, em especial sobre o mensalão. Ele destacou que a CPI é um instrumento de oposição.

 

 

 

 

Confira o artigo, na íntegra:

 

 

 

 

“CPI – dever da oposição

 

 

 

 

A Nação está perplexa.  Ao voltar de Salvador para São Paulo, tive a informação de que havia algo novo no jornal Folha de S. Paulo. Dirigi-me a uma banca de revistas no aeroporto, comprei a Folha. Quando fui pagar, a moça que estava ao caixa — eu coloquei a manchete da Folha de S. Paulo de frente para ela — disse-me: “O senhor não poderia pagar sem me mostrar essa manchete da Folha de S. Paulo? Eu votei neste governo, e é uma humilhação ver que votei num governo que está chegando a um ponto de poluição democrática, para não usar termos mais pesados, que nenhum brasileiro pode aceitar”.

 

 

Há uma seqüência longa de publicações na mídia: na

revista Veja, por duas semanas seguidas; na revista Época; nos jornais

de todo o Brasil; nos noticiários televisionados. Todos apresentam fitas

gravadas que mostram a corrupção, o recebimento de dinheiro, mas a

entrevista do deputado Roberto Jefferson é particularmente

preocupante. Por isso, todos devem ter observado que as lideranças da

oposição não são incendiárias. Mas isso não significa que vamos aceitar que se instale e que se mantenha, no seio da República brasileira, corrupção de tal dimensão. O deputado Roberto Jefferson disse textualmente, indicando nomes, que havia um sistema de aluguel de mandato de deputados federais, bancado com dinheiro público e pago pelo tesoureiro do PT, sr. Delúbio Soares. E ele continua participando das reuniões do PT, como ocorreu recentemente, em nome do partido do governo, tomando dinheiro de empresas, de

pessoas, porque ele não tem recurso próprio — nem o partido contabilizou

nada — para pagar mesadas a companheiros. Isso é inaceitável!

 

 

Há uma denúncia apresentada pelo governador de Goiás,

dizendo que dois deputados do PSDB foram procurados e receberam oferta

de pagamento de um milhão de reais a fim de passar para o partido da base.

 

 

Ora, as instituições não estão em crise, não há crise institucional. O Parlamento está funcionando bem, o Supremo  Tribunal e toda a Justiça estão funcionando normalmente, o

Ministério Público, também, o que há é uma crise de governo. O presidente da República não mostra qualidades, características mínimas necessárias para dirigir o País.

 

 

Há uma declaração gravíssima na entrevista do deputado Roberto Jefferson. Ele diz textualmente que comunicou ao presidente Lula, na presença de várias pessoas: “Presidente, o Delúbio vai botar uma bomba na sua cadeira”. Essa é a expressão usada pelo deputado Roberto Jefferson no jornal Folha de S. Paulo: “Presidente, o Delúbio Soares, tesoureiro do PT, vai botar uma bomba na sua cadeira, porque ele está — palavras de Roberto Jefferson — pagando “mensalão”, mesada — com o dinheiro público, não pode ser outro, com o dinheiro da propina, com o dinheiro da corrupção — a deputados para serem fiéis ao seu governo.” E sabem — muitos não leram a Folha de S. Paulo, mas agora vêem na TV Câmara — qual foi a reação de S. Exa., o presidente Lula? Chorou. Ele não foi eleito para chorar, foi eleito para governar! Ele teria obrigação de imediatamente dizer: “No meu governo não pode ocorrer isso”. Deveria comunicar ao ministro da Justiça e ao presidente do Congresso Nacional que investigassem que deputados estão recebendo “mensalão”.

 

 

Há dois caminhos: ou o deputado Roberto Jefferson cometeu um grave crime

contra a figura do presidente da República, os ministros da Fazenda, da Integração Regional, da Casa Civil e de muitos outros ministros e presidentes de partidos, ou o presidente da República  cometeu vários crimes. O presidente, se provado isso, prevaricou, tomou conhecimento — não estou dizendo que tomou, quem diz é o deputado Roberto Jefferson — da existência de uma máquina poluidora, corruptora da democracia brasileira e nada fez.

 

 

Diz Roberto Jefferson que o presidente Lula, após chorar, fez cessar o pagamento

do “mensalão” aos deputados. E dizia ele que ficava incomodado porque o “mensalão” não era pago ao partido dele, o PTB, porque eles não o aceitavam. E dizia mais — que coisa grave! —: “É mais fácil comprar e alugar o mandato do que governar e permitir a participação dos aliados no governo”. Nós, da oposição, não queremos atear mais lenha na fogueira, mas também não temos de ignorar o problema. Quem cometeu crime que o pague. A CPI é o único caminho para a Câmara dos Deputados, para o Congresso Nacional.

 

 

O plenário não vai se curvar. E mais, o presidente do Congresso Nacional não vai

dizer, como muitos esperam, que a votação do relatório da CCJ será feita apenas no plenário da Câmara. Não! Já há precedentes. A votação do relatório terá de ser feita no plenário da Câmara dos Deputados, onde, acredito, ele será rejeitado — confio nos meus colegas —, mas também no plenário do Senado Federal.

 

 

Como pode o Senado fazer uma investigação que envolve deputados? Não estou

prejulgando ninguém, nem estou prevendo pena, mas as oposições não podem abrir mão do seu dever de instalar uma comissão parlamentar de inquérito. É um dever das oposições instalar essa CPI, desejo da sociedade. Segundo o DataFolha, 88% da população brasileira quer ver instalada essa CPI, talvez o único meio de garantir a recuperação moral do governo do presidente Lula.”

 

 

 

 

( da redação com informações do Informativo do PFL)