Nordeste e o Agronegócio.
Biodiesel provoca aumento da produção da mamona no Ceará e Bahia, enquanto perdas do feijão na região são recordes; Com a queda de 10,09 por cento na passagem de janeiro para fevereiro, estimativa da safra 2005 fica em 120,951 milhões de toneladas.
(Brasília-DF,01/04/2005) O Ministério da Agricultura já tinha anunciado. Agora é a vez do IBGE e seus níveis. Com os dados obtidos em fevereiro, estima-se que a produção nacional da safra de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale), atinja um volume de grãos da ordem de 120,951 milhões de toneladas, superando em 1,57% a safra de 2004, que totalizou 119,085 milhões de toneladas. Em relação aos dados de janeiro de 2005, houve uma queda de 10,09%, quando foi estimada uma produção de 134,522 milhões de toneladas.
Informa-se, porém, que essa estimativa ainda envolve algumas simulações, rincipalmente para os cultivos de inverno (trigo, aveia, centeio e cevada), e as segunda e terceira safras de alguns produtos que, por causa do calendário agrícola, não permitem que se tenha ainda uma primeira estimativa de produção.
Situação das lavouras em fevereiro em relação a janeiro de 2005
No Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de fevereiro, em relação a janeiro, destacam-se as variações nas estimativas de produção de cinco produtos: arroz em casca (-3,08%), feijão 1ª safra (-8,75%), mamona (22,24%), milho em grão 1ª safra (-11,48%) e soja (-13,23%).
A variação negativa de 3,08% na estimativa de produção para o arroz deve-se às perdas verificadas no Rio Grande do Sul, onde problemas de ordem climática ocasionaram diminuição na produtividade do produto. Com um rendimento de 5.421 kg/ha (–7,73%), espera-se para este Estado uma produção em torno de 5,415 milhões de toneladas.
Para o feijão 1ª safra, verifica-se uma redução de 8,7% na produção aguardada para 2005 (1,6 milhão de toneladas). As principais perdas são observadas nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia, com reduções de 3,95%, 31,03%, 15,73% e 42,89%, respectivamente. As estiagens prolongadas, aliadas à má distribuição de chuvas, foram as causas principais para este quadro negativo da cultura do feijão nesses Estados.
Quanto à cultura da mamona, verifica-se em fevereiro, um crescimento de 22,24% na produção para este ano, o que reflete os incentivos governamentais direcionados ao produto. Em todos os Estados onde a mamona é pesquisada, observam-se aumentos: Ceará (3,08%), Bahia (26,52%), Minas Gerais (10,51%) e São Paulo (13,14%). A produção aguardada para 2005 é de 186 mil toneladas, contra 138 mil toneladas obtidas no ano passado.
Por causa da seca que assola principalmente os Estados da região Sul, tanto a soja (-13,23%) quanto o milho 1ª safra (-11,48%) apresentam quedas nas suas produções para a safra de 2005. No caso da soja, as maiores perdas de produção foram do Rio Grande do Sul (-65,49%), de Santa Catarina (-30,58%) e do Paraná (-23,75%). Já o milho, apresenta as seguintes reduções: -56,29% no Rio Grande do Sul; -30,68
% em Santa Catarina e -6,18% no Paraná. Após essa quebra, estima-se que a soja tenha uma produção de 54,794 milhões de toneladas e o milho 1ª safra, 28,162 milhões de toneladas.
Situação das lavouras em fevereiro de 2005 em relação à produção obtida em 2004
Dentre os produtos analisados, os que apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior são: algodão herbáceo (4,29%, 1); feijão em grão 1ª safra (12,04%, 1); mamona (34,81%) e soja (11,32%). Já arroz em casca (-1,23%, 1); feijão em grão 2ª safra (-2,33%, 1); feijão em grão 3ª safra (-1,01%, 1); milho em grão 1ª safra (-9,33%, 1); milho em grão 2ª safra (-7,69%) e sorgo (-4,96%) apresentaram resultados negativos.
Por conta do cenário climático negativo, em especial, nos Estados da região Sul (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina), e em Mato Grosso do Sul, a comparação desta estimativa de produção com as primeiras perspectivas (divulgadas em dezembro de 2004), revela grandes mudanças no decorrer do tempo. Entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005, a perda na safra nacional fica em torno de 14 milhões de toneladas de grãos. Vale lembrar que, os prejuízos decorrentes dos efeitos negativos do clima não terminaram, pois ainda não foi calculada a perda total dos Estados supracitados. No Mato Grosso do Sul, estão sendo encerrados os trabalhos de campo, onde os primeiros resultados apontam para uma quebra acima de 1 milhão de toneladas somente na cultura da soja que, juntamente com o milho e o feijão 1ª safra, foram as culturas que mais sofreram as conseqüências dessas atípicas estiagens. No entanto, é necessário aguardar os futuros levantamentos, pois com uma visão mais próxima das produtividades obtidas, será possível fazer um balanço final das perdas na safra de 2005.
No cômputo geral, entre as perdas até agora observadas, o maior destaque está na cultura da soja que, entre dezembro de 2004 (quando foi divulgada a última perspectiva para a safra desse ano) e fevereiro de 2005, a cultura perdeu em torno de 8,5 milhões de toneladas. Só no Rio Grande do Sul, onde o prejuízo com essa lavoura foi mais significativo, contabiliza-se uma redução de 5,4 milhões de toneladas no período. Em dezembro, a produtividade projetada para 2005 no Rio Grande do Sul era de 2.275 kg/ha. Já em fevereiro, ela se encontra no patamar de 811 kg/ha, baixíssima para um Estado tradicional na produção dessa leguminosa.