31 de julho de 2025

Nordeste e Pesquisa Agropecuária.

As perdas no feijão colhido são geralmente por transporte inadequado; Bahia perdeu mais de 129 mil toneladas

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(Brasília-DF,16/03/2005) Um estudo inédito do IBGE – os Indicadores Agropecuários 1996-2003 – analisou e quantificou as perdas dos principais grãos da agricultura brasileira e reúne uma série de informações estatísticas de agricultura produzidas por diversos organismos, além das do próprio instituto. O trabalho se divide em duas partes: na primeira, analisa a quebra de safras ocorridas da semeadura até antes da colheita, entre 1996 e 2002 ; na segunda, sistematiza a origem e o destino dos principais grãos brasileiros (arroz, feijão, milho, trigo e soja) de 1997 a 2003. Também foi analisada a disponibilidade interna per capita de carboidratos, lipídios e proteínas obtidos do arroz beneficiado, farinha de trigo e feijão. 

O estudo  mostra que, se as perdas da primeira fase são resultantes de fatores mais incontroláveis, como clima e doenças, as perdas durante a colheita têm decorrido em função de erros sistemáticos de regulagem de máquinas ou de limitações próprias da colheita manual, que se repetem a cada safra. O mesmo ocorrendo na fase de pós-colheita, quando as perdas ocorrem no armazenamento incorreto, ocasionando perdas na quantidade e na qualidade dos produtos  estocados. Também a escolha do tipo de transporte tem contribuído para aumentar os desperdícios. No Brasil, cerca de 67% das cargas brasileiras são deslocadas pelo meio rodoviário, o menos vantajoso para longas distâncias. Estudos de viabilidade econômica sustentam que o transporte rodoviário é o mais adequado para distâncias inferiores  a 300 km, enquanto que o ferroviário, para distâncias entre 300 km a 500 km, e o fluvial, para acima de 500 km. Acrescente-se a isso o estado das estradas e o costume de os caminhões transportarem mais carga do que as carretas comportam. Segundo a Confederação Nacional de Agricultura, o prejuízo com o derrame de grãos durante o transporte rodoviário chega a R$ 2,7 bilhões a cada safra.

 

 

A cultura do feijão tem apresentado grandes perdas, como a registrada na safra de 1998. Neste ano, do plantio até a pré-colheita o índice de perdas foi de 16,83%, o equivalente a 443,4 mil toneladas perdidas. Na safra de 2001, além de ter havido uma redução da produção, que ficou em cerca de 400 mil toneladas, o índice de perdas nessa fase de  plantio, até antes da colheita, foi de 12,22%. Na Bahia, maior produtor nordestino de feijão, as perdas chegaram a 34,46%, ou 129.581 toneladas perdidas.

 

 

Já os números relativos à disponibilidade interna de feijão, entre 1997 e 2003, ficaram sempre acima de 2,2 milhões de toneladas e, em 2003, ultrapassaram o patamar de 3,0 milhões de toneladas. Por ser um produto importante na alimentação brasileira, suas exportações são irrisórias, nunca ultrapassando 16,3 mil toneladas, no período. Também os estoques do produto eram sempre baixos, inferiores a 150 mil toneladas, indicando que ele é imediatamente levado para a comercialização. Em decorrência, as perdas durante o armazenamento não são elevadas, ficando sempre abaixo de 102 mil toneladas. Portanto, as perdas pós-colheita, no caso do feijão, são maiores por transporte inadequado.

 

 

 

 

(da redação com informações do IBGE)