31 de julho de 2025

Nordeste e a Redemocratização

A Câmara faz sessão solene pelos 20 anos de redemocratização hoje pela manhã ; Confira os destaques nordestinos na sesão do Senado para lembrar os 20 da Nova República.

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(Brasília-DF,16/03/2005)  A Câmara Federal fará na manhã desta quarta sessão solene para comemorar os 20 anos de redemocratização. Ontem,o abrir a sessão especial de homenagem aos 20 anos da redemocratização do Brasil, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, lembrou que "nenhuma conquista política de envergadura e significado histórico se alcança sem sacrifícios, sem obstinação e sem renúncias". Ele assinalou que nem todos viveram a intensidade da sucessão de fatos que levaram à redemocratização, mas têm o dever de não esquecê-los.

- São fatos que devem se manter vivos na memória coletiva de toda a nação para que não voltemos a pagar o preço de nossos próprios erros. Frustração e sofrimento marcaram a lenta e longa jornada em busca da liberdade pela qual todos ansiavam. Mas, nada disso abateu o ânimo, a esperança e a perseverança dos brasileiros - afirmou.

Renan lembrou o desencanto provocado pela rejeição da emenda constitucional que estabelecia eleições diretas para a Presidência da República e pelo martírio e a morte inesperada do recém-eleito presidente da República, Tancredo Neves. O senador também lembrou a serenidade, a coragem, o equilíbrio e a experiência do presidente José Sarney para vencer as dificuldades e o inusitado da situação política que lhe couberam.

Ele comparou a posse de Sarney na Presidência da República, com a do ex-presidente Prudente de Morais. Tal como na de Prudente, disse Renan, não foi um detalhe de um ato cerimonial o que marcou a vida pública do presidente Sarney, mas sim o seu governo que, como o de Prudente, garantiu a continuidade, a estabilidade e a legitimidade do regime republicano.

- Um regime que nasceu militar e, pelas virtudes cívicas do povo e das lideranças políticas brasileiras, tornou-se civil, para que civil e democrático sobreviva, permaneça e se perpetue para a felicidade geral de toda a nação. Esta é a aspiração do povo brasileiro. E foi para lembrá-la que aqui nos reunimos neste ato de celebração, mas também de reflexão - concluiu.

BAHIA - Ao reverenciar a memória do ex-presidente Tancredo Neves e falar sobre a importância de José Sarney como presidente no período de transição, o senador Antonio Carlos Magalhães disse que o trabalho em defesa da democracia brasileira não se esgotou nesses 20 anos. Ele citou detalhes dos dias que antecederam a eleição de Tancredo e Sarney no colégio eleitoral e os momentos difíceis que o país atravessou com a doença do presidente eleito.

- O então presidente da República (João Baptista Figueiredo) não queria que Sarney tomasse posse. Puro capricho de derrotado. Leitão de Abreu também se fixou nessa tese, mas outros juristas importantes, como Afonso Arinos, pensavam de modo totalmente diferente. Manda a verdade que se diga que tudo se esclareceu quando o jovem jurista militar, Leônidas Pires Gonçalves, disse, em meio a uma reunião, apontando a Constituição, que quem ia tomar posse era o Sarney, como vice-presidente da República - lembrou Antonio Carlos.

Na avaliação do senador pela Bahia, Tancredo Neves considerou o momento vivido pelo país como mais importante do que a sua saúde. Por este motivo ele teria escondido sua doença e até mesmo adiado uma cirurgia que poderia tê-lo curado. Antonio Carlos contou que chegou a ser cogitada a possibilidade de Tancredo tomar posse no hospital, mas a idéia não vingou inclusive por decisão do próprio presidente eleito.

A postura de José Sarney como presidente da República também mereceu elogios do parlamentar baiano. Ministro das Comunicações durante os cinco anos de mandato, Antonio Carlos testemunhou que além, de manter todos os ministros indicados por Tancredo Neves, Sarney também sempre procurou não tomar qualquer decisão que Tancredo não desejasse, se estivesse vivo.

PERNAMBUCO - A eleição de Tancredo Neves e José Sarney para a Presidência da República, em 15 de janeiro de 1985, foi o marco inaugural de uma nova era na política brasileira. A avaliação partiu do senador Marco Maciel (PFL-PE), ex-ministro da Educação no governo Sarney, que exaltou o compromisso firmado por ambos com a democracia e a justiça social.

Para o pefelista, a sessão solene do Senado em homenagem aos 20 anos da redemocratização do país, realizada nesta terça-feira (15), é um resgate deste momento histórico. Ao relembrar as origens da Nova República, cenário de projeção do PMDB e da Frente Liberal (dissidência do PDS - Partido Democrático Social -, aliado do governo militar), Maciel assinalou a convicção presente de que só uma política de coesão nacional garantiria a soberania, paz, justiça social e progresso econômico ao Brasil.

Apesar da morte precoce do presidente Tancredo Neves, o senador pernambucano destacou o exemplo dado por seu sucessor, o vice José Sarney, que manteve todos os ministros já escolhidos e transformou em ação de governo o ideário legado por Tancredo. Na sua opinião, essa foi a transição para um regime democrático mais bem sucedida do mundo.

- Os problemas da democracia exigem mais democracia - afirmou Maciel, observando que, assim como hoje, a Aliança Democrática formada pelo PMDB e pela Frente Liberal já reclamava urgência nas reformas institucionais. Maciel apontou o redesenho do Estado federativo, o fortalecimento dos partidos políticos e a reestruturação das instituições republicanas como medidas prioritárias nesse processo.

 

 

MARANHÃO -   Em discurso emocionado e repleto de citações históricas, o senador José Sarney (PMDB-AP) rememorou os acontecimentos que culminaram com sua eleição como vice-presidente de Tancredo Neves no colégio eleitoral, há 20 anos. Sarney disse que assumiu "com todas as condições para não terminar o mandato", já que não tinha um grande partido, não compôs o ministério, nem participou da elaboração do programa de governo. Afirmou ter dito a Tancredo naquela ocasião: "Me preparo para ser um vice-presidente fraco de um presidente forte".

Em um dos momentos mais emocionantes de seu pronunciamento, Sarney lembrou ter visitado o neto de Tancredo - hoje governador de Minas Gerais, Aécio Neves - quando este assumiu a presidência da Câmara dos Deputados. Disse a ele que trazia uma coisa que ele certamente gostaria de receber: um beijo do avô Tancredo Neves. Para Sarney, a história tinha preparado Tancredo para ser o presidente que iria fazer a transição democrática, função que acabou exercida por ele, Sarney, com a morte de Tancredo. Ao final de seu discurso, se disse feliz porque a democracia no Brasil, em sua gestão, não morreu, mas, ao contrário, floresceu.

 

 

 

 

(da redação com informações da Agência Senado)