31 de julho de 2025

Um líder e seu sonho

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A morte de Leonel de Moura Brizola é um divisor de águas na história política nacional.

Quem entre 35 anos e outros mais não esteve encruzilhado entre adorar e detestar Brizola?! Não dava para ficar indiferente a ele. Suas marcas, para os que têm menos ou algo como 35 anos, eram a de um homem de intensa coragem e convicção. Quem tinha mais e viveu os anos 60 ficou a imagem do homem que zelou pela legalidade em meio a golpistas e pelo despreendimento.

Brizola para os mais jovens poderia ser um cara anacrônico ou um ícone ou um epíteto da história. Pior se poderia dizer dele, talvez algo que não se deve dizer num momento deste. Brizola marcou o país de norte a sul. Ele nasceu no sul, perto dos cisplatinos, foi para o Rio de Janeiro e bem visto no Nordeste mesmo sendo seu partido, depois da redemocratização, muito fraco por lá. Talvez só no Maranhão e em São Luís ele foi forte. Certamente, pela suas ligações no Meio Norte brasileiro tenha lhe rendido tantos problemas com o presidente José Sarney. Brizola era um republicano como definiu o presidente do PPS, o pernambucano Roberto Freire, na nota que assinou e foi publicada ainda na segunda, 21.

O Nordeste apesar de pouco tratado por Brizola lhe rendeu sua atenções. As lideranças políticas do Nordeste, talvez, em sua maioria, ligadas aos conservadores da terra e do gênero humano, tinham intenso receio de Brizola. Veio do Nordeste os apoiamentos que se juntaram para evitar que ele fosse ao segundo turno nas eleições de 1.989. Aquele seria sua grande eleição. Já virou folclore se dizer que se ele tivesse ido para o segundo turno com Collor de Melo teria sido eleito presidente da República. O preparo dele mobilizaria o país. Lula não estava preparado para aquilo.

Os nordestinos foram, talvez, os grandes adversarios de Brizola, especialmente na redemocratização. A decisão dos cearenses apoiarem fortemente Mário Covas ou dos pernambucanos em torno de Roberto Freire, ainda no PCB, foram decisivos, assim como dos mesmo de seguir Miguel Arraes levando o apoio a Lula. Os nordestinos foram decisivos para a derrota de Brizola. Seria um exagero dizer que o país perdeu com aquela decisão. Não queremos fazer disso aqui um necrológico. È evidente que a história fala por si, e com ela é difícil lidar depois que tudo ocorre

Brizola se vai e fica a dúvida se morreu o último homem de coragem. Numa época tão difícil como a nossa fica a certeza de que não se fazem mais homens e líderes como Bizola. A história não permite mais.

Boa quarta a todos, viúvas e viúvos.

PONTUANDO

Está todo mundo arriscando poraqui que o jantar que uniu 11 ministros em torno de João Paulo Cunha(PT-SP), na noite dessa segunda, sacramentou a proposta de reeleição das duas mesas diretoras do Congresso.

O pessoal do PT e do PMDB estava pronto para a votação do salário mínimo, mesmo com o cancelamento da votação confirmada por João Paulo Cunha. Muita gente colocava dúvidas se se poderia colocar em votação um tema sem quorum confirmado. A intenção era ver se os antagonistas saíam de Brasília.

O deputado Roberto Pessoa(PL-CE), coordenador da Bancada do Nordeste, se licenciou do mandato. Ele é candidato a prefeito na importante cidade de Maracanaú, no seu Ceará. Pessoa disse à coluna que vai estar por aqui pelo menos um dia a cada semana. Ele deixa o mandato às vésperas da votação do mínimo de 275 reais. Não vai precisar paga o mico de reduzir o mínimo do povo, Seu!

O que teve gente que atrapalhou a vida de Brizola falando bem dele ontem, Seu! Êta falsidade.

Nota de Rodapé: Quem está pensado que a vida é fácil.

por Genésio Araújo Junior

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