31 de julho de 2025

Comissão das Enchentes.

Ciro Gomes nega falta de articulação do Governo e defende Guido Mantega.

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(Brasília-DF,30/03/2004) Quem viu e ouviu o ministro Ciro Gomes, da Integração Nacional, no final da tarde dessa quinta falando aos deputados da Comissão das Enchentes no Nordeste, deve ter se lembrando do verso do poeta popular: “ Ah, se todos fossem iguais a voçe...”.  Tudo porque o Ministério do Planejamento teria atrasado em duas semanas as liberações que foram anunciadas por Ciro e o ministro  Olívio Dutra, das Cidades, para atender desabrigados.  Ciro justificou o atraso com o argumento de que os planos de trabalho não tinham chegado a Integração a tempo.  Nesta quarta,31, deverá ser publicado no Diário Oficial da União uma portaria do Planejamento garantindo o desbloqueio dos recursos do orçamento para atender as casas atingidas.

Ciro anunciou, também, que até o dia 3 de abril todos os lotes de recursos aos municípios que tiveram casas atingidas serão repassados.  “Quero visitar obras na semana que vem”, prometeu Ciro aos deputados da Comissão Externa que deverá apresentar o seu relatório na semana que vem.   O Ministro participou da audiência pública que contou com a presença de Ricardo Cecília Corrêa, diretor-geral( interino) do DNIT e de Antonio Mota, diretor de infra-estrutura, também do DNIT. O ministro Dutra, também convidado, não veio mas justificou – segundo o presidente da  Comissão, deputado Inaldo Leitão(PL-PB), dificilmente o ministro será novamente convidado. 

Ciro defendeu o Governo da acusação de paralização com o argumento de que nos primeiros  meses do ano passado, no comando da Integração, ele foi chamado a “pagar” as ações de combate às cheias de 2.001 na cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. “ E vocês me cobram ações de 42 dias ! ”, disse Ciro.

DESCASO E FRAUDE –  O Ministro fez uma ampla exposição sobre as ações do ministério  que conduz, e a dos outros que aturam em conjunto com o dele nessa operação de atendimento às vítimas das enchentes de janeiro.  Os deputados, em sua maioria, fizeram críticas após a fala do Ministro, porém, no geral elogiaram a disposição de trabalho do titular da Integração assim como o trabalho dos comitês gestores.  Segundo Ciro a Integração vai continuar trabalhando por todo o ano no atendimento às vítimas das enchentes nos 1.225 municípios atingidos em 20 estados e que o impacto teria sido da ordem de mais de 1 bilhão de reais. O governo já teria garantido R$ 336 milhões mas segundo o Ministro nada impede que as metas, já apresentadas, sejam ultrapassadas.

O presidente da Comissão, Inaldo Leitão(PL-PB), disse que a demora nos movimentos do ministério comandado por Guido Mantega, do Planejamento, não deve ser vista como pouco caso com o Nordeste. “ Está faltando mais ação com a região. O Governo tem que ser mais ágil”, garante Leitão, tentando minimizar.

Ciro citou duas vezes, em sua fala, tanto quando fez a exposição inicial como quando dava respostas a parlamentares, que o que dificultava as ações do ministério eram algumas constatações, como a de um município que teria pedido recursos para reconstruir 4.188 casas e ele, Ciro, em visita ao local, teria identificado não mais que 351 casas. Ciro, na coletiva aos jornalistas se negou a falar o nome do município nordestino, porém durante as perguntas o deputado  Átila Lira(PSDB-PI), disse que houve um mal entendido que teria sido sanado em Teresina, ao tempo que prometia uma ação exemplar da Prefeitura local. Num outro questionamento, Ciro disse ao parlamentar que falaria com ele sobre os assuntos de Teresina em reservado e perguntava se ele desejava em público, o que não foi respondido pelo parlamentar.  Leitão comentando sobre esse caso, disse que não sabia qual era a cidade, mas disse que os prefeitos exageravam no atendimento aos seus.  Ele lembrou que na cidade de Sousa, na Paraíba, “minha cidade”, teriam sido  atingidas 51 casas mas o prefeito pediu  para reconstruir 4 mil, pois incluía as que estavam em mal estado antes das chuvas. “ Teve um Frei que depois descobriu que eram no máximo 400 casas”, os jornalistas riram com o quadro revelado pelo parlamentar.

SERGIPE E CEARÁ – Os deputados da bancada do Sergipe foram os que mais questionaram o ministro Ciro Gomes, como Machado(PFL), João Fontes( sem partido) e Jackson Barreto(PTB).  O deputado Inácio Arruda(PC do B-CE) pediu que o Ministro falasse sobre a possibilidade ansiada pelos cearenses, segundo o parlamentar comunista, de se suplementar os recursos das emendas, que já serão liberadas, conforme prometido e confirmado com a edição da portaria do Planejamento.
  
( da redação com a coordenação de Genésio Araújo Junior)