CPI do Extermínio
Relator solicita ao ministro da Justiça operação
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(Brasília DF, 11/12/03) O deputado Luiz Couto, relator da CPI que investiga os grupos de extermínio no Nordeste, solicitou hoje ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o destacamento de um grupo de elite da Polícia Federal para as investigações em alguns dos estados da região, a partir dos dados apurados nas diligências realizadas pela comissão.
Segundo o parlamentar, a idéia é que seja criada uma força-tarefa formada pela Polícia Federal, Ministério Público Estadual e Governo estadual que seria chamada de Caça Extermínio. "Nós estamos vendo que na maioria dos casos, há o envolvimento de pessoas dos poderes judiciário e Executivo estadual, explicou o deputado, destacando a dificuldade de se apurar os crimes em função do envolvimento dos policiais civis e militares na ação criminosa.
Luiz Couto disse ainda que é preciso agilizar a federalização dos crimes praticados contra os direitos humanos. Para ele, nesses casos, é fundamental a ação da Polícia Federal e do Ministério Público. "E a vontade política dos governantes para resolver", completou, lembrando que a maioria das ações são de conhecimento público.
Os estados que serão investigados pela operação da Polícia Federal, caso o ministro da Justiça concorde com a solicitação, não podem ser divulgados, em virtude das investigações serem sigilosas. Entretanto, o deputado adiantou que a partir de fevereiro algumas forças-tarefas específicas irão atuar no Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia, em virtude do grande número de denúncias oriundas desses estados.
Nos temos depoimentos de que em Pernambuco já são mais de 13 municípios com envolvimento de grupos de extermínio. Sem contar que na Paraíba, Ceará e Bahia também vem nos chamando a atenção. Então vamos fazer diligências nesses estados a partir de fevereiro, para descobrir novos indícios, contou.
De acordo com o parlamentar, é preciso agilizar a federalização dos crimes praticados contra os direitos humanos. Para ele, nesses casos, é fundamental a ação da Polícia Federal e do Ministério Público. "E a vontade política dos governantes para resolver", completou, lembrando que a maioria das ações são de conhecimento público.
Luiz Couto aproveitou ainda para fazer um balanço das ações da CPI. Conforme ele, nestes três meses de trabalho da comissão, cada depoimento prestado
deixou o registro dos crimes e da impunidade que impera na região. Todos os
depoentes foram também vítimas de ameaças de morte em seus estados.
Para finalizar, o deputado ressalta que o crime de extermínio faz parte de um conjunto de ações ligadas ao crime organizado em que policiais, agentes penitenciários, ex-presidiários, vigilantes de empresas privadas, promotores de Justiça, juízes e até pessoas ligadas aos executivos estaduais, constituem o grupo de ação.
A ação de extermínio é apenas um braço do crime organizado, onde também tem roubo de cargas, tráfico de armas e drogas, exploração sexual infantil, lavagem de dinheiro e pagamento de propina e pedágio. Ou seja, existe uma ação organizada para enriquecimento as custas da morte de pessoas. E com certeza, pelo que percebemos nos depoimentos, existe a participação de pessoas influentes nas ações, concluiu.
(Da Redação)