Nordeste e o gás.
Disputa no setor chega ao parlamento; líder tucano pede explicações ao TCU e BNDES.
(BrasíliaDF,12/12/2003) O deputado Bismark Maia(PSDBCE), secretáriogeral do PSDB, pediu nessa última sextafeira, falando como líder do seu Partido no plenário da Câmara Federal, que o Tribunal de Contas da União, TCU, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Regional, BNDES, dêem explicações a ele e a sociedade sobre os casos de dumpping e outras ações de dominação predatórias no comércio do gás de cozinha que estariam prejudicando as empresas do setor, especialmente no Nordeste. As duas principais empresas do setor na região são a Gás Butano e a Nacional Gás, ambas empresas controladas pelo senador Tasso Jereissati ou por familiares dele.
Bismarck Maia(PSDBCE) que cumpre seu primeiro mandato, e vem se notabilizando por ser um recordista de manifestações no plenário do Senado – disse que é dever do TCU requisitar informações ao BNDES sobre operações realizadas com as empresas Ultragás e Bahiana, detalhando no contexto a contratação e o um possível dumpping( prática comercial considerada danosa a concorrência praticada por empresa que oferece produtos abaixo do valor de mercado). Maia se baseia em reportagem recente da revista Isto É e de diversos jornais econômicos que vêem há algum tempo informando a situação estressante no mercado de engarrafamento e distribuição de gás para consumo doméstico. Ele informou que estava encaminhando requerimento ao BNDES para que o Banco dê explicações relativos às taxas de juros, à carência, à remuneração do agente financeiro, ao plano de aplicação e sobretudo aos planos de investimento que resultem em criação de empregos, tendo em vista que esse financiamento foi tãosomente para compra de equipamentos, que não resultam em criação de empregos.
DETALHES TÃO PEQUENOS DE NÓS TODOS – Maia garante que a associação entre Ultragás e Agip está sendo danosa para as empresas nordestinas do setor. Ele se baseia em matéria editada pela revista Isto É . O alvo principal da fala do parlamentar cearense seriam os desatinos operacionais do Banco. Ele começou informando que o Banco, recentemente, teria se equivocado numa operação em que foram adquiridos 8,5 das ações da Vale Participações VALEPAR pela impressionante quantia de 1,5 bilhão de reais. A empresa em questão pertence a Vale do Rio do Doce, que opera no Ceará tanto em exploração de cobre como em fábrica de tecidos, oito unidades da Vicunha. Ele destaca que o BNDES teria vendido sua participação na antiga estatal pela metade do valor que acabou comprando da agora empresa controlada por Benjamin Steinbruch.
Maia salienta, entrando direto no centro das questão do gás, que o Banco teria emprestado R$ 85 milhões às empresas Ultragás e Bahiana para renovação de frota e aquisição de vasilhames. Ele não critica as empresas, no que se refere as suas capacidades de endividamento, mas pelo fato do Banco não existir para incentivar a autofagia das empresas, que ele reconhece caracterizado nas denúncias de alguns órgãos de imprensa. Algumas dessas reportagens apontam que essas empresas estariam vendendo seus produtos com preço inferior ao que é adquirido junto à Petrobras.
Bismark Maia foi diretor financeiro da Embratur nos sete anos do governo Fernando Henrique, tendo se desincompatibilizado para ser candidato mas indicou um substituto. Ele foi visto na campanha para deputado federal como o homem de Jereissati na Câmara. O senador Tasso Jereissati teve papel destacado nas negociações da reforma tributária e é visto como o nome mais simpático ao Governo Federal dentro do ninho tucano.
( Por Genésio Araújo Junior)