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Magno Martins
  • 23/03/2021 08h18

    Alento cearense aos artistas

    No Ceará, entretanto, o governador Camilo Santana, mesmo radical nas medidas restritivas, sendo o primeiro a decretar lockdown, estendeu a mão aos artistas em geral

    Artista em performace( Foto: Arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Há muito, o Ceará passou uma rasteira em Pernambuco. Tudo começou, na verdade, com a instalação da gestão empresarial do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), continuada por Ciro Gomes e hoje ainda nas mãos do mesmo grupo, embora o governador Camilo Santana seja do PT. Vem de lá, em meio ao sofrimento e as angústias da pandemia, uma notícia alentadora para um segmento devastado pela crise sanitária: a classe artística.

    Em um ano, milhares de espetáculos foram interrompidos no mundo. Museus, teatros e centros de artes fechados. Assim como outras áreas, a artística foi bastante atingida pela pandemia do novo coronavírus, tanto que a estimativa de prejuízo gira em torno dos bilhões de dólares. As instituições culturais permanecem em um padrão perigoso de crise e enfrentam um futuro profundamente incerto.

    Mesmo que alguns Estados viessem a tomar medidas provisórias de reabertura, o agravamento da doença, nos últimos meses, com milhares de pessoas morrendo, dificultou. O saldo é terrível: diversas casas de shows fechadas, espetáculos fantásticos como a Paixão de Cristo, de Nova Jerusalém, suspensos, tudo, enfim, vivendo um imenso naufrágio de incertezas, sem que se abra no horizonte a luz da esperança no final do túnel.

    No Ceará, entretanto, o governador Camilo Santana, mesmo radical nas medidas restritivas, sendo o primeiro a decretar lockdown, estendeu a mão aos artistas em geral. Além de criar uma bolsa emergencial de R$ 500, fechou uma parceria com a Associação dos Supermercados do Estado para que artistas e músicos possam se apresentar durante o dia de vendas, com cachês pagos pelos donos dos referidos estabelecimentos.

    Algo inédito e sensacional, que dá uma aliviada numa categoria que está à mingua, sem ter alternativas para sobreviver. Permanece fechada sem nenhuma data de reativação ainda definida. Maria Fulfaro, gerente de marketing do Broward Center for the Performing Arts em Fort Lauderdale, em depoimento sobre o impacto econômico e os desafios para a área cultural, se referiu a uma perda só em venda de ingressos em torno de US$ 42.5 bilhões no mundo, de acordo com estudo do Brookings Institution.

    "O impacto da Covid-19 nas artes é imenso, pois ele interrompeu a produção que gera receita, prestígio e conteúdo e que faz com que a atividade seja mantida. Essa pandemia está muito mais longa do que se previa no começo. Corre o risco de ela desabituar o público, que pode demorar para se sentir confortável a participar de eventos, teatros e manifestações culturais que tenham aglomerações. Acredito numa ruptura nos padrões de consumo cultural de alguma forma", disse.

    Futuro incerto – Segundo ela, na indústria dos performing arts que recebem os grandes espetáculos de dança, concertos, óperas e Broadway, como os do sul da Flórida que são o Broward Center for the Performing Arts, em Fort Lauderdale, o Adrienne Arsht Center for the Performing Arts em Miami e o Kravis Center em Palm Beach, o impacto é imenso, mas estão todos se reestruturando para uma retomada. Só não se sabe quando.

    Mão protetora – O socorro cearense aos artistas faz parte de um pacote de ações para aliviar o setor de eventos no Estado em meio à pandemia da Covid-19. O auxílio será pago em duas parcelas de R$ 500, mediante cadastro dos profissionais junto ao Mapa Cultural da Secretaria da Cultura do Estado. Cerca de 10 mil profissionais deverão ser beneficiados. Ao todo, R$ 10 milhões serão investidos para transferência dessa renda. Estão inclusos técnicos de som, luz e imagem, montadores de palcos, cerimonialistas de eventos, decoradores de eventos, recepcionistas de eventos, fotógrafos e cinegrafistas de eventos, bem como músicos, humoristas e profissionais de circo.

    Proteção social – Segundo o secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba, o auxílio financeiro é um mecanismo importante de proteção social. Atende músicos que fazem a cena artística nos espaços alternativos e bares das cidades cearenses, os humoristas que movimentam as casas de shows ou mesmo os artistas circenses em situação de extrema vulnerabilidade. “Este é o público alvo deste auxílio financeiro. Ao tempo que é uma ação de proteção social, apresenta-se também como um mecanismo de animar esses trabalhadores e artistas que atuam nas redes dos eventos culturais e sociais de nosso Estado”, afirmou.

    Mais pobres – O ministro Paulo Guedes (Economia) defendeu, ontem, a aceleração da vacinação em massa para que os mais pobres possam voltar ao trabalho de forma segura. Segundo ele, o Brasil deve evitar a “crueldade do dilema” de “ficar em casa” ou “perder a vida” para a covid-19. “Mesmo com a cobertura [do auxílio emergencial] que vamos estender, mais do que nunca, nós temos que evitar a crueldade do dilema que é: ou fica em casa com dificuldades para manutenção da sua sobrevivência pessoal ou vamos sair e arriscar perder a vida pela Covid-19”, declarou o ministro.

    Escândalo em São José – Uma auditoria especial do TCE apontou irregularidades na locação de um trator de esteira feita pela Prefeitura de São José do Egito, no Sertão do Pajeú, entre 2017 e 2020. O processo tem como relator o conselheiro Marcos Coelho Loreto. O relatório assinado pelo analista Walter Maranhão Filho foi emitido em 22 de janeiro deste ano e mostra que houve o pagamento de R$ 667.602,00, acima do valor contratado (R$ 552 mil). O documento atesta que a Prefeitura prorrogou contratos “sem respaldo legal”, desrespeitou “normas legais de benefício às micro e pequenas empresas”, fez “exigência ilegal para os licitantes comprovarem capacidade de desempenho para serviço comum”, prejudicou a competitividade da licitação, além de haver “indícios relevantes de inexecução dos serviços contratados”, entre outros pontos”, diz o relatório.

    CURTAS

    SEM LOCKDOWN – Quatro entidades empresariais de Serra Talhada, a 450 km do Recife, emitiram, ontem, uma nota contestando a ação de fechamento total do comércio em 12 cidades do Sertão do Pajeú, começando amanhã e encerrando no próximo domingo. A prefeita de Serra Talhada, Marcia Conrado (PT), não aderiu ao lockdown, assim como os prefeitos de Triunfo, Santa Cruz da Baixa Verde e Calumbi.

    EMOÇÃO – Na última sexta-feira, a prefeita de Serra Talhada se emocionou ao encontrar Dona Graciete Pereira, 76 anos, pronta para receber a primeira dose de vacina contra o novo coronavírus. O encontro ocorreu no Centro Municipal de Saúde (CMS). “Estamos muito felizes, porque sabemos que a vacina é a mais eficaz arma de combate, mas além disso, também pedimos distanciamento social, o uso da máscara e do álcool em gel”, disse Márcia Conrado.

    Perguntar não ofende: O Pajeú quer decretar o lockdown do lockdown?

     


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