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Magno Martins
  • 05/05/2020 09h00

    Delegada vai perder chefia da PF

    Bivar é alvo de inquérito aberto a pedido do Ministério Público Eleitoral pelo chamado “laranjal do PSL”, que também teria favorecido a campanha de Jair Bolsonaro em Estados como Pernambuco, Minas Gerais e Ceará

    Carla Patrícia Cintra( Foto: arquivo do colunista)

    (Recife-Pe) As revelações do ex-ministro Sérgio Moro ao se despedir da pasta de Justiça começam a se confirmar com a primeira troca de comando da Polícia Federal: o do Rio de Janeiro. Depois, rola a cabeça da superintendente de Pernambuco, Carla Patrícia Cintra. A troca no comando da Polícia Federal no Rio tem a ver com interesses familiares do presidente da República. O senador Flávio Bolsonaro, filho do capitão, é investigado num processo sobre esquema conhecido como “rachadinha”.

    Trata-se de acerto fraudulento de contratação de assessores em seu gabinete como deputado estadual carioca, sob condição de abrirem mão de parte do salário em favor de quem o contratou. Em depoimento que prestou sábado passado à PFL em Curitiba, Moro lembrou que a pressão de Bolsonaro para mudar o comando da Superintendência da PF no Rio ocorria desde agosto e foi objeto de declarações públicas do próprio presidente. Dois inquéritos tramitam na PF fluminense e interessam à família Bolsonaro, porque estão perto de um desfecho.

    O inquérito eleitoral que investigava se o senador Flávio Bolsonaro cometeu lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral ao declarar seus bens nas eleições de 2014, 2016 e 2018 foi encerrado com pedido de arquivamento e enviado para o Judiciário em março. Já o procedimento que apura eventual falso testemunho no depoimento do porteiro nas investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco está sendo relatado e deve ser concluído nos próximos dias.

    No caso da Superintendência de Pernambuco, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-bolsonarista, garante que o motivo da insistência do presidente em substituir a superintendente Carla Patrícia Cintra é movido ao ódio nutrido por Bolsonaro contra o presidente do PSL, Luciano Bivar. Segundo ela, Bolsonaro quer usar a PF para perseguir inimigos, como Bivar, que teria se recusado a repassar R$ 10 milhões para o diretório do PSL de São Paulo, que era presidido por Eduardo Bolsonaro, qualificado por Hasselmann como o filho mais perigoso de Bolsonaro.

    Bivar é alvo de inquérito aberto a pedido do Ministério Público Eleitoral pelo chamado “laranjal do PSL”, que também teria favorecido a campanha de Jair Bolsonaro em Estados como Pernambuco, Minas Gerais e Ceará. A mudança seria ainda motivada para acelerar os processos da Lava Jato contra a cúpula do PSB no Estado, liderada pelo governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, citados em processos em tramitação no Supremo Tribunal Federal.

    Quem é ela – A delegada Carla Patrícia Cintra responde pela Superintendência da PF em Pernambuco desde dezembro de 2019. É bacharel em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Desde 2017, esteve à frente da Corregedoria Geral da Secretária de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE). Com uma carreira de 20 anos, ela iniciou no cargo de escrivã, se tornando chefe substituta das Delegacias de Polícia Federal em Caruaru, de Combate a Crimes Previdenciários e do Núcleo de Disciplina da PF. Carla ainda chefiou o Núcleo de Inteligência Policial, em 2013, foi corregedora regional PF, em 2015, e ficou à frente da Delegacia Regional Executiva e da Regional de Combate ao Crime Organizado da PF.

     

    Promessa de posse – Em 75 anos da Polícia Federal de Pernambuco, Carla é a primeira mulher na Superintendência. Um dos nomes por trás da criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Cintra prometeu, na posse, integrar os trabalhos das polícias no combate à corrupção e ao tráfico de drogas em todo o Estado. “Todo o planejamento estratégico da Polícia Federal, que é justamente voltado ao combate à corrupção, desvio de recursos públicos e tráfico de drogas, será mantido. Temos o desafio de integrar essa atuação com os demais órgãos públicos do estado. Estarei sempre aberta ao diálogo, apreciando o lado humano de cada policial”, disse, à época, em seu discurso de posse.

    O novo chefe – Nomeado de forma repentina e com posse ontem mesmo, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, é delegado da Polícia Federal e desde setembro de 2019 ocupava o cargo de secretário de Planejamento e Gestão da ABIN, aonde chegou por indicação de Alexandre Ramagem. Antes, entre 2018 e 2019, Souza foi superintendente da PF em Alagoas. Ele também foi chefe do Serviço de Repressão a Desvio de Recursos Públicos e ocupou cargos de chefia na Divisão de Combate a Crimes Financeiros e na superintendência da PF em Rondônia.

    Socorro ao exército – O governador Paulo Câmara solicitou, ontem, apoio ao Comando Militar do Nordeste para intensificar as ações de isolamento social, devido ao crescente número de casos de Covid-19. O porta-voz foi o secretário de Saúde, André Longo, com a ressalva de que a atitude foi adotada devido à falta de resposta do Ministério da Saúde sobre a possibilidade de um “lockdown”, que é o bloqueio total para enfrentar a pandemia. “Nós não vamos ficar dependentes da posição do Governo Federal”, afirmou. O governador, segundo ele, também enviou documento ao presidente da Caixa Econômica Federal para uma atuação harmônica em cumprindo um papel em relação às filas provoadas para o saque dos R$ 600.

    CURTAS

    COVID NA PM – As forças estaduais de segurança tiveram 72 casos confirmados do novo coronavírus e dois óbitos até ontem, de acordo com a Secretaria de Defesa Social. Ainda segundo a pasta, o Governo do Estado destinou cerca de R$ 760 mil para montagem de pelo menos dez novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) para o atendimento de policiais e bombeiros com a doença Covid-19. Dos 72 casos confirmados, 38 são agentes da Polícia Militar, 15 são do Corpo de Bombeiros, 13 são da Polícia Civil e seis são da Polícia Científica. “Em parte significativa desses casos, já houve cura, cumprimento de quarentena e retorno às funções nas ruas e unidades de segurança”, afirmou a SDS.

    INVESTIGAÇÃO – O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu, ontem, que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorize novas diligências no inquérito que apura suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. As medidas serão analisadas pelo ministro relator do caso no STF, Celso de Mello. Caberá a ele autorizar os depoimentos e enviar as medidas para cumprimento na PF. Os pedidos de Aras se concentram em quatro frentes: depoimentos de pessoas citadas por Moro em depoimento; recuperação de áudio ou vídeo que comprove a suposta tentativa de interferência; verificação das assinaturas do ato de exoneração do ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo e perícia nas informações obtidas a partir do celular de Moro.

    LIVE COM RAQUEL – A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), convidada de hoje da live pelo Instagram do meu blog, às 19 horas, continua fazendo um tremendo mistério em relação ao cancelamento do São João. Falando, ontem, para César Lucena, na Rádio Cultura do Nordeste, afirmou que a decisão pela suspensão da festa só será tomada na próxima sexta-feira. Confirmou que o município receberá ajuda do Governo Federal para ações de combate ao coronavírus. Já na live, ela será abordada ainda sobre a crise nacional, o tratamento dado ao Estado e eleições municipais. Para acompanhar a live, o internauta tem que seguir o Instagram do blog pelo endereço: @blogdomagno.

    Perguntar não ofende: Quando Bolsonaro diz que tem o apoio das Forças Armadas está sugerindo um golpe militar?


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