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Jorge Henrique Cartaxo
  • 07/05/2020 17h45

    Botas e botinas

    Mesmo merecedora de uma reflexão mais cautelosa, a Lava Jato – hoje inexistente – sugeriu o início de uma nova gestão da coisa pública no Brasil.

    Militares( foto: arquivo colunista)

    Confuso, dúbio, oscilante, instável e inseguro. São estas as imagens que o governo Bolsonaro nos sugere desde seus primeiros dias. A instabilidade e a insegurança acentuaram-se na presença da pandemia que, de certa forma, serve como cortina de fumaça para a arquitetura de uma nova ordem que encaminha-se para dar lugar ao fracasso e à derrota do pacto de 1984, que inaugurou o fim do autoritarismo civil/militar que se instaurara no Brasil em 1964.

    O tripé dessa “nova ordem” é formado por o  sistema financeiro - representado pelo ministro Paulo Guedes -, os lacaios eternos do nosso atraso patrimonialista – os parlamentares do Centrão – e os militares, que aos poucos, vão ré-esquecendo suas atribuições de Estado e aparelhando-se para as funções de guarda pretoriana do soba de plantão. Jair Bolsonaro, com seu populismo bizarro, é apenas a cereja do bolo. Um presidente  útil, é verdade, mas não é um homem de estado em nenhum sentido.

    A crescente presença dos militares em postos-chave do governo – tanto no Palácio como nos ministérios -, o silêncio absoluto, apesar da crise assombrosa que nos espreita, quanto aos juros da nossa inexplicável divida pública, a criminosa concentração do sistema financeiro e os diálogos e acordos do Palácio do Planalto com lideranças do “Centrão”, com destaque para os ex-presidiários Valdemar da Costa Neto e Roberto Jerfesson, sugerem bem a vitória da corrupção e da “elite do atraso” no País.

    Mesmo merecedora de uma reflexão mais cautelosa, a Lava Jato – hoje inexistente – sugeriu o início de uma nova gestão da coisa pública no Brasil. Não ficaríamos puros e castos, mas uma certa institucionalidade parecia estar em gestação entre nós. A presença do ex-ministro Sérgio Moro no ministério da Justiça, com os poderes que tinha  e os compromissos anunciados e enviados ao Congresso como proposta legal, sinalizou um átimo de possibilidades. O desembarque do governo do nosso Torquemada de Curitiba ofuscou a última réstia de qualquer adequabilidade do Estado brasileiro aos interesses da própria Nação.

    As fanfarronices, bravatas e grosserias  teatralizadas, diariamente, pelo presidente Bolsonaro, como já observado por muitos, são antes um estilo midiático para o entretenimento dos brasileiros, notórios pela sua secular bestialidade. Também não fazem sentido, as caricatas mobilizações dos “bolsonaristas” contra a democracia e suas instituições – todas sob o silêncio cúmplice das Forças Armadas, do Congresso, da Justiça e de  entidades da sociedade civil -,  devidamente orquestradas e financiadas por empresários.

    O que deve ser observado é a expansão da  militarização  da gestão pública ao lado da crescente desinstitucionalização do Estado.    

                                                  


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