Censo Demográfico Favelas e Comunidades revela que 19,2% das pessoas que vivem nessas áreas só tem acesso mediante moto, bicicleta ou a pé, em 2022
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(Brasília-DF, 05/12/2025) Nesta sexta-feira, 05, o IBGE divulgou o Censo Demográfico 2022 “Características urbanísticas do entorno dos domicílios nas Favelas e Comunidades Urbanas”. A pesquisa abrange 16,2 milhões de pessoas residentes em 12,3 mil favelas e comunidades urbanas em 656 municípios do país. As comparações são restritas a municípios com favelas e comunidades urbanas.
A pesquisa revela que o Brasil tinha 19,2% da população em favelas e comunidades urbanas morando em vias acessíveis apenas por moto, bicicleta ou a pé em 2022.
Essa proporção representa 3,1 milhões de habitantes em trechos sem acesso para carros, caminhões, ônibus e veículos de transporte de carga. Fora dessas comunidades, apenas 1,4% da população convivia com essa situação. Nesses locais, ambulâncias também tinham o acesso restrito, por exemplo.
A divulgação se deu no Centro de Direitos Humanos Franco Pellegrini (CEDHU), em Salvador (BA) com transmissão pelas redes sociais e Portal do IBGE. Os resultados são acessíveis via Sidra e Plataforma Geográfica Interativa (PGI).
O IBGE considerou como limitação de capacidade a largura da via e existência de fiação que impede a circulação de veículos.
Entre as 20 favelas mais populosas, Rocinha e Rio das Pedras, ambas no Rio de Janeiro (RJ), e Paraisópolis, em São Paulo (SP), tiveram os mais altos percentuais de moradores vivendo em trechos de vias com capacidade máxima de circulação por moto, bicicleta ou pedestre: 81,9%, 71,5% e 59,2% respectivamente.
A pesquisa mostra também que 62,0% (10,0 milhões) dos moradores de favelas viviam em trechos de vias com capacidade máxima de circulação por caminhão, ônibus e veículos de transporte de carga, enquanto fora desses territórios, o percentual era de 93,4%. Já a proporção da população que morava em trechos de vias com capacidade máxima para carro ou van foi de 18,8% (3,0 milhões) em favelas e de 5,3% nas demais áreas da cidade.
Uma questão intrinsicamente relacionada à capacidade de circulação das vias é o destino do lixo dos domicílios. “Para que o lixo seja coletado diretamente por serviço de limpeza, é esperado que os domicílios se localizem em trechos de vias com capacidade máxima de circulação por caminhão, ônibus e veículos de transporte de carga”, explica o chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, Filipe Borsani.
No país, entre os habitantes que viviam em trechos de vias de favelas com capacidade máxima de circulação para caminhão, ônibus e veículos de transporte de carga, 86,6% (8,7 milhões) tinham coleta no domicílio por serviço de limpeza, enquanto 11,1% (1,1 milhão) tinham lixo depositado em caçamba. Fora desses territórios, os percentuais encontrados foram de 92,4% e 7,0%.
As favelas do Centro-Oeste tinham o menor percentual de moradores em trechos de vias com capacidade máxima de circulação para caminhão, ônibus e veículos de transporte de carga e com coleta no domicílio por serviço de limpeza (76,8%), enquanto 19,1% tinham lixo depositado em caçamba e 4,1% possuíam outro destino para o lixo. Fora desses territórios, os percentuais foram de 94,6%, 5,0% e 0,4%, respectivamente.
Quanto aos moradores que residiam em trechos de vias com capacidade máxima de circulação para moto, bicicleta ou pedestre, o Sudeste teve a maior disparidade. Enquanto nas favelas menos da metade (48,6%) dos moradores que viviam em ruas acessíveis apenas a veículos de menor porte tinham lixo coletado diretamente por serviço de limpeza, nas áreas externas a esses territórios, o percentual saltou para 73,3%.
Mais de 20% da população em favelas residia em trechos sem pavimentação
Em 2022, 78,3% dos moradores de favelas viviam em trechos de vias pavimentados, totalizando 12,7 milhões de pessoas, enquanto 21,7% (3,5 milhões) residiam em trechos sem pavimentação. Fora desses territórios, 91,8% dos habitantes viviam em trechos de vias pavimentados.
Quase todos os estados tinham percentual menor de moradores em favelas em trechos de vias pavimentados em relação aos moradores que não viviam nesses territórios. As maiores diferenças foram observadas no Distrito Federal (47,8% contra 98,1%), Tocantins (42,4% contra 92,7%), Mato Grosso do Sul (14,6% contra 79,2%) e Roraima (21,8% contra 95,1%). A exceção foi a Bahia (92,1% contra 89,7%)
Entre grandes concentrações urbanas, Campo Grande/MS (12,3%) tinha o menor percentual de moradores em trechos de vias pavimentados nas favelas, onde a diferença em relação às pessoas que não residiam nesses territórios (76,5%) foi a maior (64,2 pontos percentuais). Em São José dos Campos/SP (44,1%), Cuiabá/MT (47,0%) e Brasília/DF (47,5%) menos de 50,0% dos moradores em favelas residiam em trechos de vias pavimentados. Em valores absolutos, destaque para São Paulo/SP, onde havia 396 mil moradores em favelas em trechos de vias sem pavimentação, seguido por Recife/PE (345 mil), Belém/PA (255 mil) e Rio de Janeiro/RJ (233 mil).
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)