Entendas as razões pelas quais o Banco Central liquidou o Banco Master
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Com agências
(Brasília-DF, 18/11/2025) Nesta terça-feira, o Banco Central publicou atos do presidente Gabriel Galípolo decretando a liquidação extrajudicial do Banco Master (entenda mais abaixo o que significa a liquidação de um banco).
O Banco Central nomeou uma empresa — a EFB Regimes Especiais de Empresas — como responsável para liquidar a instituição.
E tornou indisponíveis os bens de controladores e ex-administradores do Banco Master: Daniel Bueno Vorcaro, Armando Miguel Gallo Neto, Felipe Wallace Simonsen, Luiz Antonio Bull e Angelo Antonio Ribeiro da Silva.
Por que Banco Master está sendo liquidado?
As investigações da PF sobre o banco tiveram início em 2024, após pedido do Ministério Público Federal. A investigação estava concentrada na possível emissão de carteiras de crédito falsas.
Essas carteiras teriam sido vendidas a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídas por outros ativos sem avaliação técnica adequada, segundo a Polícia Federal.
O Banco Central tomou a decisão de liquidar o Banco Master com base em uma lei de 1974 que prevê essa medida quando uma instituição financeira apresenta riscos relevantes — como inadimplência, violação grave de normas e prejuízos que exponham credores a risco considerado anormal.
As autoridades monetárias poderiam ter optado por uma intervenção judicial, em que um interventor é nomeado para assumir a administração do banco com intenção de fazê-lo voltar a operar.
No entanto, a opção escolhida foi a liquidação do Banco Master e da Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários.
O objetivo da liquidação é encerrar as operações das instituições. Um liquidante é nomeado para levantar os bens das instituições e realizar o pagamento de todos os seus credores.
Além disso, com a liquidação, é acionado o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma associação mantida pelos bancos que protege correntistas, poupadores e investidores de instituições financeiras em situação de risco.
No caso do Banco Master, muitos investidores possuíam CDB, que é um tipo de título emitido pelo banco, com pagamento de juros.
O FGC protege investimentos de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira. Qualquer valor acima desse limite não é coberto pelo FGC — e só poderá ser recuperado a partir do processo de liquidação e venda dos bens do banco.
Outra parte do conglomerado, o Master Múltiplo, foi colocado em regime de administração especial temporária, em que as autoridades ainda tentam recuperar a instituição.
Daniel Vorcaro
Natural de Belo Horizonte, o banqueiro de 42 anos vem de uma família de classe média alta do setor da construção civil.
No final da década passada, ele assumiu o controle do banco Maxima — que havia sido fundado nos anos 1970 — e rebatizou a instituição como Banco Master.
Vorcaro chamou atenção na Faria Lima — a região de São Paulo que concentra o mercado financeiro brasileiro — por uma estratégia de negócios considerada ousada: ao invés de captar a maior parte de seu dinheiro com correntistas e emprestando dinheiro, o Banco Master se concentrou em oferecer CDBs com taxas de juros muito acima das praticadas no mercado.
Os CDBs do Banco Master ofereciam juros perto dos 140% do CDI — muito acima dos cerca de 120% normais para bancos desse porte.
Com os recursos captados via CDB, o banco investia em empresas consideradas de alto risco — como Light e Oi — uma estratégia que era considerada perigosa demais para muitos analistas de mercado.
Em entrevista à revista Piauí, em outubro do ano passado, Vorcaro atacou os críticos de seu modelo, e disse ser vítima de preconceito por suas origens empresariais serem fora do mercado financeiro.
"Isso acontece por eu ser um outsider. E não é só preconceito. São pessoas que querem nos frear e ficam usando coisas ruins contra nós. É um ataque desnecessário."
Vorcaro também ficou famoso por grandes gastos e por ostentar uma vida de luxo.
Em 2003, junto com outros sócios, ele comprou o hotel de luxo Fasano Itaim — que foi posteriormente vendido.
Também em 2023, segundo notícias da imprensa, ele teria gasto R$ 15 milhões na festa de debutante de sua filha, com apresentação dos DJs The Chainsmokers e Alok.
Este ano, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que Vorcaro adquiriu 27% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube Atlético Mineiro.
(da redação com informações de agências. Edição: Política Real)