31 de julho de 2025
COP30

Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma das metas de Lula em Belém, começa a receber recursos e chega a mais de US$ 5,5 bilhões; meta é ousadas

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Por Politica Real com agências
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Lula tem o TFFF como prioridade Foto: Ricardo Stuckert

Com agências

(Brasília-DF, 06/11/2025) Neste primeiro dia da Cúpula dos Líderes do Clima, em Belém, muito se fala da meta de se conseguir recursos para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), visto que se falava que alguns países da Europa poderiam contribuir face a necessidade de se investir em armamentos e face a ausência dos Estados Unidos no evento que vai começar, oficialmente, na semana que vem. 

A Noruega anunciou nesta quinta-feira ,6, que investirá 2,9 bilhões de dólares (R$ 15,5 bilhões) no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), principal aposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a COP30.

Essa é a maior contribuição anunciada até o momento. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a França também sinalizou que aportará 500 milhões de euros (R$ 3 bilhões). Brasil e Indonésia já se comprometeram com 1 bilhão de dólares (R$ 5,3 bilhões) cada, e Portugal prometeu um investimento modesto, de 1 milhão de euros (R$ 6,2 milhões).

Como a agência DW mostrou, uma delegação brasileira visitou Berlim na expectativa de que a Alemanha também faça aportes ao fundo.

No caso da Noruega, a contribuição será condicionada a que pelo menos 9,8 bilhões de dólares (R$ 52,4 bilhões) também sejam investidos por outros países. Outra condição é que seu aporte não ultrapasse 20% do financiamento total.

Os valores serão desembolsados gradualmente até 2035 e deverão ser reembolsados até 2075. "Não há tempo a perder se quisermos salvar as florestas tropicais do mundo", disse o primeiro-ministro Jonas Gahr Store, segundo o comunicado.

Como funciona o TFFF

O TFFF, lançado oficialmente por Lula nesta quinta-feira para apoiar a conservação global de florestas ameaçadas, quer premiar a preservação ambiental com recursos. O arranjo é considerado inovador, pois se inspira no modelo de investimento soberano, não em doação direta, e concilia recursos públicos e privados. Nele, os ganhos do fundo seriam distribuídos entre investidores e países que protegem suas florestas.

Os primeiros aportes são feitos por governos nacionais, com recursos que devem ativar o fundo para alavancar capital da iniciativa privada. O objetivo é alcançar 10 bilhões de dólares (R$ 53 bilhões) em recursos públicos no primeiro ano, meta considerada "ambiciosa", mas "viável" pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Metade deste valor já foi prometido até o momento.

Lula em reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen

A expectativa é que o TFFF se torne um fundo de 125 bilhões de dólares (R$ 668 bilhões). O Brasil afirma que os investidores irão recuperar o montante investido e terão remuneração compatível com as taxas médias de mercado. O mecanismo financeiro e o secretariado do TFFF serão hospedados pelo Conselho do Banco Mundial e os valores serão aplicados em carteira de renda fixa.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, indicou que os recursos devem render até 8%, com os investidores recebendo cerca de 4% do rendimento. O restante será distribuído em estipêndios anuais aos países que preservarem suas florestas tropicais, com um mecanismo de penalidade em casos de desmatamento.

Lula lança fundo em almoço com líderes

Nesta quinta-feira, Lula ofereceu um almoço às autoridades estrangeiras que participam da Cúpula de Líderes, prévia à COP, com o objetivo de alavancar o interesse pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre.

"As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países. Os serviços ecossistêmicos precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos verdes internacionais não estão à altura do desafio", disse o presidente na ocasião.

Lula argumentou que o TFFF é uma ferramenta de financiamento inovadora para auxiliar governos a conservarem as florestas tropicais, presentes em mais de 70 países, entre eles o Brasil.

"O TFFF não é baseado em doação; seu papel será complementar os mecanismos que pagam pela redução das emissões de gases de efeito estufa. Serão investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento que irão alavancar um fundo de capital misto. O portfólio deverá se diversificar em ações e títulos", destacou Lula.

Veja a íntegra da declaração

Declaração sobre o Lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre

Nós, os Governos de […],

Movidos pela urgência de proteger as florestas tropicais, indispensáveis para a manutenção da vida no planeta,

Reconhecendo que as florestas tropicais são fundamentais para alcançar o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza e a fome, sendo centrais para a segurança alimentar e hídrica, para o emprego e os meios de subsistência, e para a prosperidade de nossas economias,

Destacando que as florestas tropicais são essenciais para a regulação do clima, a proteção dos solos, a salvaguarda dos sistemas de água doce e a conservação da maior parte da biodiversidade terrestre do planeta,

Observando que, embora os fatores de perda das florestas tropicais variem entre as regiões, uma causa subjacente comum é a subvalorização dos serviços ecossistêmicos que elas prestam,

Determinados a assegurar que as florestas tropicais valham mais em pé do que destruídas,

Sublinhando o papel vital dos Povos Indígenas e das comunidades locais, que são os guardiões das florestas tropicais,

Confirmando nosso interesse e apoio político ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, conforme descrito em sua Nota Conceitual,

Reunimo-nos em Belém, Brasil, na Floresta Amazônica, na Cúpula de Líderes da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, para:

 Lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma iniciativa inovadora concebida para fornecer recursos previsíveis, permanentes e em larga escala para a conservação das florestas tropicais em países em desenvolvimento, por meio de um mecanismo de financiamento misto que mobiliza capital público e privado e que, de forma baseada em resultados, destina fundos à conservação e ao uso sustentável das florestas tropicais.

( da redação com assessorias e agências. Edição: Política Real)