31 de julho de 2025
CRIME ORGANIZADO

Megaoperação contra Comando Vermelho no Rio registra 64 mortos e 81 presos

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Por Politica Real com agências
Publicado em
Cláudio Castro coletiva ao lado dos comandos da PM e PC do Rio Foto: imagem de streaming

Com agências.

(Brasília-DF, 28/10/2025) Nesta terça-feira, 28, uma Megaoperação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho  registrou ao menos 64 pessoas mortas e 81 foram presas nos complexos do Alemão e da Penha.

Entre os mortos, estão quatro policiais, segundo informações da Polícia Civil. Há também registros de policiais e moradores baleados.

A operação contou com cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança do Rio de Janeiro para cumprir cem mandados de prisão em uma área de 9 milhões de metros quadrados.

A ação foi classificada pelo governador do Rio, Cláudio Castro (PL), como "a maior operação das forças de segurança do Rio de Janeiro", e faz parte da Operação Contenção, uma iniciativa permanente do governo do Rio em combate à expansão do Comando Vermelho.

"Essa operação teve início com o cumprimento de mandados judiciais e uma investigação de mais de um ano e planejamento feito há mais de 60 dias", afirmou o governador em coletiva de imprensa nesta manhã.

"Uma operação do Estado contra narcoterroristas, porque as pessoas que fazem isso que fazem são narcoterroristas."

Participam da operação policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE), de batalhões da capital e da Região Metropolitana, além de equipes da CORE e de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil.

Entre os presos, estão lideranças do Comando Vermelho que atuam no tráfico de drogas na região. Um deles é Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão. Ele teve a prisão anunciada durante a coletiva por Castro.

Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de um dos chefes do tráfico, também foi preso.

72 fuzis foram apreendidos durante a operação, além de uma grande quantidade de drogas, informou o governo do Estado

Os confrontos entre policiais e traficantes acontecem majoritariamente em áreas de mata, segundo o governador, mas há tentativas de criminosos de fechar vias da região, como a Avenida Brasil.

Todos os batalhões do Rio de Janeiro estão em estado de alerta para possíveis retaliações.

Durante a manhã, os criminosos usaram drones para lançar bombas e atacar policiais. Também foram vistos fugindo em fila indiana da Vila Cruzeiro durante a operação.

Barricadas com veículos queimados também foram montadas por criminosos em diversos locais da cidade em represália à operação policial.

Em função dos bloqueios, o Centro de Operações e Resiliência (COR) do Rio elevou o estágio operacional da cidade para o nível 2, de uma escala de 5.

A Polícia Militar colocou em resposta todo seu efetivo nas ruas, suspendendo todas as atividades administrativas.

Durante a coletiva de imprensa, Castro afirmou que o uso de "tecnologia, estratégia e inteligência" estavam sendo fundamentais para o sucesso da operação, mas criticou a ausência de apoio do governo federal.

"As nossas polícias estão sozinhas... infelizmente, mais uma vez, não temos auxílio nem de blindados nem de agentes das forças federais, de segurança ou de defesa. É o Rio de Janeiro completamente sozinho."

O aparato tecnológico inclui dois helicópteros, 32 blindados terrestres, drones, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM.

Ao ser questionado sobre apoio do governo federal, Castro disse que teve três pedidos negados para que as Forças Armadas ajudassem em operações policiais no Estado.

A operação desta terça-feira, contudo, não teria contado com pedido, segundo o governador.

"Não foram pedidas dessa vez, porque nós já tivemos três negativas. Nós já entendemos que a política é de não é ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei da Ordem), que tem que ter isso, que tem que ter aquilo, que podiam emprestar o blindado e depois não podiam mais emprestar porque o servidor que opera o blindado é um servidor federal. O presidente já falou que ele é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa", disse.

Em entrevista à TV Globo nesta manhã, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Victor Santos, também disse que o estado estava enfrentando a situação sozinho após ter ajuda negada pelo governo federal.

"No passado recente, a gente tentou conseguir isso, mas foi negado, e a gente não teve esse apoio do governo federal, das Forças Armadas, infelizmente", disse.

"Estamos falando de 9 milhões de metros quadrados de desordem urbana, com becos intransitáveis, casas irregulares e criminosos que dominam o território. É impossível enfrentar isso apenas com o efetivo do estado."

"Sozinho ninguém consegue fazer nada. São quase 1900 favelas no Rio de Janeiro. Nós somos o quarto menor Estado, mas o terceiro mais populoso. 600 fuzis apreendidos na mão de criminosos. É um diagnóstico muito ruim do Rio de Janeiro. E o Estado vem fazendo esse papel de combate sozinho há anos. É importante, sim, que o Estado, a prefeitura e a União sentem à mesa, sem ideologia", completou o secretário.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que tem atendito a todos os pedidos do governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no Estado, em apoio aos órgãos de segurança pública federal e estadual.

"Desde 2023, foram 11 solicitações de renovação da FNSP [Força Nacional de Segurança Pública] no território fluminense. Todas acatadas", destacou.

O orgão ainda disse que mantém atuação no Estado do Rio de Janeiro desde outubro de 2023, por meio da Força Nacional de Segurança Pública. A operação segue vigente até 16 de dezembro de 2025 e pode ser renovada.

( da redação com informações de assessoria e BBC. Edição: Política Real)