31 de julho de 2025
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Kim Kataguiri, fundador do MBL, diz que Bolsonaro deve ir para cadeia

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Por Politica Real com agências
Publicado em
Kim kataguiri Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

(Brasília-DF, 28/10/205)   Nesta terça-feira, 28, a BBC divulgou entrevista do deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP).  Ele é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) grupo criado na década passada que foi alavancado pelas manifestações pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e em defesa do liberalismo econômico.   Ele disse que o grupo passou "por uma mudança de visão ideológica".

Hoje prestes a lançar oficialmente um partido próprio com vistas a disputar a Presidência em 2026, Kim Kataguiri afirma que mudou sua visão sobre as privatizações.

"Aquilo que é público, que funciona bem, não precisa ser privatizado", diz à BBC News Brasil de seu gabinete em Brasília, com bonecos de animes, mangás e outros bibelôs que fazem referência à cultura nipônica espalhados pelas prateleiras.

O deputado tinha 19 anos quando despontou como um dos principais nomes do MBL. Hoje, cumpre seu segundo mandato na Câmara e aguarda o registro oficial do Missão junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O plano para 2026, diz, é colocar a legenda na rua com candidato próprio ao Planalto: Renan Santos, também cofundador do MBL.

Kataguiri não tem a idade mínima, 35 anos, exigida para ser presidente. Completa 30 no próximo ano. Por isso, diz que está em discussão uma possível candidatura ao governo de São Paulo, ou a tentativa de um terceiro mandato no Congresso.

"Estou na política para cumprir uma missão", diz.

Apoiar um candidato indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está fora de cogitação, afirma ele. Nem mesmo se for formada uma frente ampla para tentar derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Prefere anular o voto a novamente votar em qualquer Bolsonaro.

"A família Bolsonaro é um projeto hegemônico de poder e que só está preocupada com si próprio. Não está preocupada com o país."

Para o deputado, que afirma ter feito "voto útil" em Bolsonaro no segundo turno de 2018, aquela foi a escolha que ele tinha naquele momento.

Mas agora, o cenário é diferente. Se a pauta anticorrupção deu força para o MBL se tornar um dos principais grupos de direita e da oposição ao PT, essa também foi a principal promessa que Bolsonaro fez e não cumpriu, de acordo com ele.

"A promessa do enfrentamento à corrupção acabou a partir do momento em que ele precisou blindar o filho de uma investigação. E aí ele vendeu o país inteiro em troca dessa blindagem."

Veja uns trechos da entrevista:

BBC News Brasil - Acha que o julgamento dele por golpe de Estado foi justo?

Kataguiri - Eu acho que ele tentou de fato dar um golpe de Estado. E de uma maneira bastante rocambolesca, porque ele vai lá, imprime a minuta de golpe na impressora do Palácio do Planalto, pega ela sem saber a opinião dos comandantes das armas, submete aos três comandantes e só não leva em frente porque o comandante do Exército o ameaça prender se levasse o plano em frente.

Então a gente esteve a um sim — o sim do comandante do Exército — de ter um golpe de Estado.

Agora, que o julgamento do Supremo teve uma série de vícios processuais, isso eu não tenho a menor dúvida. Primeiro, você começa com o próprio foro. Só existem duas teses possíveis, e o Supremo inventou uma terceira. A primeira, que eu defendo, porque é a que está prevista na legislação, que diz que tem foro quem tem mandato.

Então, o Bolsonaro devia ter sido jogado na primeira instância. Mas tem o outro entendimento jurisprudencial da época do Mensalão, de que, por ter foro à época [do crime] e por envolver um caso de grande repercussão nacional, isso seria julgado pelo Supremo.

Se a gente for seguir a jurisprudência do Mensalão, ele deveria ter sido julgado pelo plenário e não por uma turma.

Outro ponto é que, ao final do inquérito, a defesa não teve acesso ao inquérito para preparar a resposta da acusação.

E aí, quando é oferecida denúncia e aberto já o prazo de resposta à acusação, é que o inquérito foi disponibilizado, no que a gente chama de data dumping: quando a acusação joga uma quantidade de dados, salvo engano eram 60 terabytes, uma coisa grotesca que demoraria alguns milhares de anos para você analisar tudo para apresentar a resposta da acusação.

Acho que o Supremo atropelou o processo.

BBC News Brasil - Acha que ele deveria cumprir a pena na cadeia? Ou deveria ficar em casa?

Kataguiri - Deve ir para a cadeia, sim.

BBC News Brasil - Mesmo com a idade avançada e com questões de saúde?

Kataguiri - Só se for inevitável que ele tenha um cuidado de saúde constante, o que não me parece ser o caso agora. Parece que ele tem problemas graves, mas pontuais, em que ele pode sair do presídio para ir ao hospital.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política real)