Lula, na Cúpula da Ásia Leste, disse que a distância entre os países da ASEAN e o Brasil não é problema na uma visão de mundo compartilhada e em favor de uma ordem internacional justa
Lula, em seu discurso, celebrou a adesão de Timor Leste ao grupo, o qual classificou como país irmão do Brasil, e destacou o potencial de fortalecimento dos elos entre Brasil e nações asiáticas
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(Brasília-DF, 27/10/2025). Nesta segunda-feira, 27, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumpriu o quinto dia da missão brasileira na Ásia. Lula participou em em Kuala Lumpur, capital da Malásia da Cúpula da Ásia do Leste
Lula, durante a sessão de abertura, ressaltou que o foro criado pela Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) configura uma nova realidade geoeconômica e geopolítica global e que a centralidade da associação, respeitada e apoiada pelo Brasil, é fator de equilíbrio nas transformações pelas quais o mundo atravessa.
Lula, em seu discurso, celebrou a adesão de Timor Leste ao grupo, o qual classificou como país irmão do Brasil, e destacou o potencial de fortalecimento dos elos entre Brasil e nações asiáticas.
“Somos países biodiversos, com culturas plurais, histórias entrelaçadas e desafios comuns. Partilhamos a convicção de que um mundo multipolar é mais propício à paz do que um planeta dividido por rivalidades estratégicas. Consideramos a cooperação um caminho mais promissor para a prosperidade do que a competição”, declarou.
Lula reforçou ainda a necessidade dos países terem suas soberanias respeitadas e fortalecidas. “Os mares que nos circundam não podem se tornar palco de violações do direito internacional. Os minerais estratégicos que possuímos não devem enriquecer outras nações às custas do nosso desenvolvimento”, disse.
Foi pontuado pelo presidente que a distância geográfica entre a ASEAN e o Brasil não é impedimento para a construção de uma visão de mundo compartilhada e em favor de uma ordem internacional justa, regidas por regras acordadas coletivamente e aplicáveis a todos. “A aproximação entre o Sudeste Asiático e o Brasil, de Leste a Oeste, é crucial para a defesa do multilateralismo”, defendeu Lula.
Lula apontou ainda a sinergia entre a presidência malásia da ASEAN e as presidências brasileiras do G20 e do BRICS, que compartilham as mesmas duas ideias norteadoras: inclusividade e sustentabilidade. “O BRICS, que tem a honra de contar com países da região entre seus membros e parceiros, é um veículo para uma governança global mais representativa e que não nasceu para afrontar ninguém”, disse.
Sintonia
O presidente lembrou que neste ano o bloco econômico alcançou posições comuns em favor do tratamento multilateral da inteligência artificial, da ampliação do financiamento climático e da eliminação de doenças socialmente determinadas. “Lutar pela reforma das instituições multilaterais não nos impede de construir soluções próprias”, pregou ao citar o papel desempenhado pelo Novo Banco de Desenvolvimento ao suprir lacunas deixadas pelas instituições de Bretton Woods, assim como a importância do fortalecimento do comércio intra-BRICS para ocupar o vácuo aberto por medidas unilaterais e pelo esvaziamento da OMC.
“Alinhamentos automáticos e situações de dependência são armadilhas das quais o Sul Global precisa escapar. Diversificar relações é sinônimo de autonomia. Em um cenário de instabilidade, nossa proteção mais efetiva é expandir o leque de países com quem mantemos diálogo e fazemos negócios. A aproximação entre a ASEAN e o Mercosul tem potencial para integrar as cadeias produtivas de duas regiões de grande complementaridade econômica”, defendeu o presidente brasileiro.
COP30
Ao mencionar impactos da crise climática na resiliência econômica dos países, Lula voltou a assegurar que a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro, será “a COP da verdade” por ser palco para que líderes mundiais não possam negar o fato de que o planeta ainda caminha para um aumento de temperatura superior a dois graus.
“Não é hora de abandonar o Acordo de Paris. Sem ele, perderemos nossa bússola. Cada grau adicional na temperatura média global representará perdas significativas no PIB mundial. Não se trata de um simples número. Trata-se de milhões de pessoas que serão empurradas para a fome e a pobreza. É lamentável que a adoção do Marco de Emissões Zero da Organização Marítima Internacional tenha sido adiada”, argumentou.
Lula enfatizou que a transição energética é irreversível e representa não apenas um imperativo climático, mas uma oportunidade econômica alinhada com duas iniciativas que serão lançadas pelo Brasil e reconhecem esse potencial. “A primeira é a Declaração para Quadruplicar o uso de Combustíveis Sustentáveis até 2035, com medidas para acelerar a transição para longe dos combustíveis fósseis. A crescente produção de bioenergia no Sudeste Asiático torna a região um aliado natural nesse esforço”, mencionou.
“A segunda é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que vai beneficiar as nações da Bacia do Bornéu-Mekong, do Congo e da Amazônia. Um mecanismo inovador, baseado não em doações, mas em investimentos, que vai remunerar tanto os países que contribuem, quanto os que preservam suas florestas”, complementou Lula.
O presidente reafirmou contar com o apoio da Ásia do Leste para fortalecer as respostas multilaterais à mudança do clima e que o Brasil tem orgulho de ser Parceiro de Diálogo Setorial da ASEAN e buscar a expansão da cooperação segundo o Plano de Ação 2024-2028. “Os países da Ásia do Leste têm em nós um parceiro confiável e comprometido com a construção de um mundo mais inclusivo e sustentável”, finalizou.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real )