Marina Silva, no Pré-COP30, diz que “não haverá liderança global sem liderança moral.”
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(Brasília-DF, 13/10/2025) Com direito a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, foi lançado o evento Pré-COP30, na Capital Federal, no Centro de Convenções de Brasilia.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez fala em que destacou que nesse Pré-COP30 se apresenta um relatório global com cinco pontos.
Transição justa; Adaptação climática; Financiamento e meios de implementação; Sinergias entre clima, biodiversidade e desertificação; e Cultura e ação climática.
“Senhoras e senhores, O Balanço Ético Global é, acima de tudo, um convite à esperança. Ele nos lembra que a ação climática só será eficaz se também for ética. E que não haverá liderança global sem liderança moral. “, disse.
A Pré-COP reunirá delegados e observadores de países signatários do tratado sobre mudança do clima das Nações Unidas. É um espaço de alinhamento técnico e político entre os países e tem o objetivo de impulsionar as negociações sobre os principais desafios da agenda climática global, como financiamento climático, transição energética, adaptação e preservação da biodiversidade.
Como esse encontro não faz parte do calendário oficial do secretariado da Convenção do Clima, são priorizadas delegações que coordenam grupos regionais. Brasília deve receber cerca de 500 representantes de 50 países. São dois dias de evento, segunda e terça-feira (14).
NDCs
Uma preocupação que vem sendo manifestada pela presidência designada da COP30 e grande parte da delegação brasileira que conduzirá as negociações em Belém, é a entrega das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês).
Até esta sexta-feira ,10, 62 países, dos 196 que fazem parte da Convenção do Clima e do Acordo de Paris, já haviam apresentado suas ambições, mas países como China e Índia, considerados grandes emissores, ainda não oficializaram seus planos.
Segundo a diretora executiva da COP30, Ana Toni, 101 países prometeram entregar suas ambições até o encontro em Belém, e o número deve alcançar 125 entregas até o final do ano.
“Em termos de qualidade, quando a gente olha para a primeira geração de NDCs, os compromissos eram só uma meta. Não tinham planos setoriais, não falavam como essas metas iam ser atingidas. O Brasil é copresidente da [coalizão global] NDC Partnership e a gente vem ajudando mais de 70 países a fazerem suas NDCs. O que a gente tem visto é que os países, agora, não só têm uma meta geral, mas também olham setorialmente com planos de financiamento”, disse.
Veja a íntegra do discurso da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva:
om dia a todas e a todos.
Gostaria de saudar:
Vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin;
Embaixador André Corrêa do Lago, Presidente da COP30;
Mukhtar Babayev, Presidente da COP29;
Simon Stiell , Secretário-Executivo da UNFCCC;
Rafael Dubeux , do Ministério da Fazenda, representando o Ministro Fernando Haddad;
Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas;
Ministros, negociadores e representantes da sociedade civil, senhoras e senhores.
É uma honra apresentar, nesta abertura da Pré-COP30, um breve relato sobre o Círculo do Balanço Ético Global, um dos quatro Círculos de mobilização da Presidência da COP30, ao lado dos Círculos dos Presidentes de COPs, dos Ministros das Finanças e dos Povos.
O Balanço Ético Global, ou BEG, foi concebido sob a liderança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Conta com uma Secretaria Executiva compartilhada entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Inspirado no Balanço Global do Acordo de Paris, o BEG nasceu da convicção de que a ética não pode ser vista como um recurso retórico no debate climático. A ética é, sobretudo, um de seus principais fundamentos.
A ética é o que dá sentido à ação. É o que nos lembra que enfrentar a emergência climática é também enfrentar uma crise moral e civilizatória. O BEG propõe um espaço de escuta da sociedade global sobre a articulação entre decisões políticas e a urgência de implementá-las, sob uma perspectiva ética.
Ele amplia a agenda climática para incorporar dimensões culturais, raciais, intergeracionais e territoriais — reconhecendo que a transição necessária é tanto técnica quanto dos princípios e valores humanos. Ao longo dos últimos meses, o BEG mobilizou seis Diálogos Regionais, realizados em todos os continentes, sob a liderança de colíderes de grande referência ética:
• Mary Robinson,
• Michelle Bachelet,
• Kailash Satyarthi,
• Wanjira Mathai,
• Anote Tong e;
• Karenna Gore.
Além desses encontros oficiais, foram realizados: 56 Balanços Éticos Globais Autogestionados em 15 países e 20 nacionalidades, registrados na plataforma Brasil Participativo.
Esses encontros autogestionados reuniram 3.724 pessoas, de diferentes faixas etárias, com destaque para os jovens entre 15 e 35 anos (que são aqueles que mais sentirão os efeitos das nossas ações — ou da nossa inércia).
Os Diálogos foram guiados por perguntas simples e profundas:
• como unir ciência moderna e saberes tradicionais?;
• como reformar modelos de produção e consumo, assegurando que essas transições sejam feitas de forma justa e planejada?;
• como garantir financiamento e meios de implementação aos países em desenvolvimento?;
• como resgatar cultura e espiritualidade como força ética na relação com a natureza?; e
• como integrar tomada de consciência à necessária urgência na ação, lembrando que a emergência climática não nos dá o tempo que as mudanças culturais normalmente exigem?
Respondendo a esse amplo chamado reflexivo, as mensagens do Balanço Ético Global foram claras: fortalecer o multilateralismo e valorizar a diversidade não são meras escolhas — são um imperativo ético.
Durante a Semana do Clima em Nova York, entregamos ao Presidente Lula os sumários executivos dos Diálogos Regionais.
E agora, nesta Pré-COP, apresentaremos o Relatório Global, conectando as recomendações do BEG a temas centrais da COP30:
• Transição justa;
• Adaptação climática;
• Financiamento e meios de implementação;
• Sinergias entre clima, biodiversidade e desertificação; e
• Cultura e ação climática.
Senhoras e senhores,
O Balanço Ético Global é, acima de tudo, um convite à esperança. Ele nos lembra que a ação climática só será eficaz se também for ética. E que não haverá liderança global sem liderança moral.
Que a COP30 possa se constituir como o grande mutirão da implementação dos acordos até aqui alcançados. Que o BEG e os demais círculos de mobilização da COP30 possam contribuir para que ela entre para a história das COPs como a base fundante de um novo marco referencial.
O marco referencial que ajudou a evitar os pontos de não retorno: tanto do clima quanto do multilateralismo climático.
Muito obrigada!
( da redação com informações de assessoria, redes sociais e Ag. Brasil. Edição: Política Real)