31 de julho de 2025
PlANO SAFRA SOB PRESSÃO

Fernando Haddad, em dia que muitas críticas da bancada do agro na Comissão de Agricultura, pediu prazo para reavaliar linha de crédito agrícola de R$ 12 bilhões para o setor

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Por Política Real com agências
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Fernando Haddad fala aos deputados na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados Foto: Lula Marques/ EBC

Com agências.

(Brasília-DF, 24/09/2025). Nesta quarta-feira, 24, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ouvido em audiência pública na comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara dos Deputados pediu alguns meses para reavaliar a linha de crédito agrícola de R$ 12 bilhões prevista nas medidas provisórias 1314/25 e 1316/25.

Segundo Haddad, o crédito foi negociado com produtores e deve alcançar cerca de mil municípios. O benefício é voltado para agricultores que tiveram estado de calamidade pública ou situação de emergência decretados em pelo menos dois anos entre 2020 e 2024, por causa de eventos climáticos extremos. Também é exigida a comprovação de duas perdas mínimas de 20% na produção em duas das três principais atividades agrícolas.

Haddad disse que a linha de crédito poderá ser ajustada se for insuficiente. “Esses R$ 12 bilhões, fruto de negociação com deputados e senadores, não esgotam o tema. Vamos acompanhar a evolução do quadro”, declarou.

O presidente da comissão, deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), defendeu que o auxílio venha do fundo social do pré-sal, como prevê o Projeto de Lei 5122/23, já aprovado na Câmara e em análise no Senado. “Os R$ 30 bilhões que o governo está rejeitando do pré-sal, usados hoje no programa Pé de Meia, poderiam salvar quem produz alimentos para quem recebe o Pé de Meia”, afirmou.

Haddad foi bastante questionado pela banacada da Frente Parlamentar da Agricultura, FPA.

O texto Medida Provisória (MP1303/2025) que propõe o aumento da taxação sobre o rendimento de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) foi criticado por parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O colegiado recebeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para esclarecimentos de pontos da MP.

O presidente da bancada, deputado Pedro Lupion (PP-PR), destacou que a discordância sobre a taxação e aumento de impostos sempre foi “muito clara” por parte da FPA e que a medida causa impacto direto no financiamento da produção. O parlamentar afirma que é preciso encontrar uma solução que não afete o crédito agrícola e prejudique o produtor rural.

“Nós entendemos que colocar uma tributação de 7,5% na pessoa física nas LCA's vai tirar a atratividade e desperdiçar um título importante para o agro. Manter algo nesse sentido gera preocupação para o setor, mas também para toda a sociedade. Por isso mesmo, fomos e continuamos sendo frontalmente contrários a qualquer aumento de imposto no país”, reiterou.

O ministro Fernando Haddad foi categórico ao dizer que se a MP 1303/25 cair, haverá corte de emendas, menos recursos para o Plano Safra e para as estradas do agro para escoamento de produção. Além disso, sugeriu que a decisão contrária da FPA afetaria os próprios parlamentares. “A derrubada da MP machucaria o agro e os deputados em várias frentes”, afirmou.

O deputado Zé Trovão (PL-SC) esclareceu que o mais preocupante na taxação proposta são as consequências na falta de acesso ao crédito, além de prejuízos ao investidor destes títulos. “Causa preocupação o atual governo querer essa taxação. Quem coloca dinheiro na LCA, é para que alguém tome emprestado. Mas se essa pessoa vai ser taxada por isso, naturalmente terá que emprestar com juros maiores e essa conta não vai fechar. É um enorme problema que está sendo causado para o país”, enfatiza.

Na esteira dos questionamentos, o deputado Evair de Melo (PP-ES), coordenador de Direito de Propriedade da FPA, esclareceu ao ministro que o setor agropecuário não é patrocinado pelo governo federal. Evair também pontuou que a Reforma Tributária, defendida pelo ministro da Fazenda, trará ainda mais prejuízos ao brasileiro. “O senhor falou que o agro está sendo patrocinado pelo Governo, e essa é uma fala equivocada. O senhor fez elogios à Reforma Tributária e ela se resume a uma frase: todo mundo vai pagar mais.”

Endividamento agrícola

O auxílio ao Rio Grande do Sul também foi alvo de discussão e cobranças na audiência pública. Parlamentares gaúchos da FPA questionaram o ministro a respeito das promessas feitas pelo governo e não cumpridas até o momento. Segundo o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), coordenador Institucional da bancada, os recursos anunciados pelo Planalto são “mentirosos”.

“Nosso povo continua morando em contêineres desde a maior catástrofe, em 2024, e essa é a grande verdade. Vejo por aí a propaganda de que o governo federal deu R$109 bilhões para o estado e isso é pura mentira. Quero que me mostrem uma planilha e indiquem para onde foi esse recurso. Não vão nos mostrar porque é pura promessa”, disse.

Afonso Hamm (PP-RS), coordenador Trabalhista da FPA, ressalta que já aconteceram oito eventos climáticos adversos nos últimos cinco anos no Rio Grande do Sul e que os recursos enviados desde às enchentes do ano passado foram insuficientes.

“Estamos tratando de produtores que estão sofrendo por conta do clima, de pessoas que estão tirando a própria vida. Infelizmente, o produtor não tem conseguido pagar as dívidas e o amparo tem sido muito aquém do que é necessário para equalizar a situação. É fundamental que o Poder Executivo olhe para esses trabalhadores, aprofunde o empenho e entenda que o dinheiro não está chegando para quem precisa”, disse o vice-presidente da CAPADR.

Um dos proponentes da audiência pública, o deputado Pezenti (MDB-SC), foi na mesma linha e questionou o ministro sobre o motivo do dinheiro “não chegar no trabalhador” também em outras medidas, como no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o Proagro.

“Os produtores carecem de atenção já faz muito tempo e o dinheiro não está chegando. O programa que teria o objetivo de auxiliar o produtor, evitando o endividamento, está indo por água abaixo. Esse Governo está acabando com o Proagro e com a atividade do trabalhador rural”, concluiu.

Ao final da audiência, o presidente da CAPADR, Rodolfo Nogueira (PL-MS), relembrou o compromisso do país no combate à insegurança alimentar e reforçou o papel do Ministério da Fazenda nessa entrega mundial.

“O Brasil é um país rico, mas a nossa natureza é agrícola. Nós somos o celeiro mundial de alimentos. De cada cinco pratos de alimentos consumidos no mundo inteiro, um prato é o produtor brasileiro que produz. E a gente tem que dar um respaldo a essa segurança alimentar mundial, ministro. E o seu ministério tem essa tarefa. Ele pode resolver hoje o problema que o agro se encontra”.

A Medida Provisória 1303/25 foi discutida hoje ,24, na Comissão Mista instalada no Senado Federal, que retoma a análise no próximo dia 30.

( da redação com Agência Câmara de Notícias e Ag. FPA. Edição: Política Real)