31 de julho de 2025
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Reino Unido, Canadá e Austrália reconhecem, oficialmente, a Palestina como Estado

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Por Política Real com agências
Publicado em
Embaixada da Palestina no Brasil Foto: portal Gov.br

(Brasília-DF, 21/09/2025) Neste domingo, 21,  os governos do Reino Unido, Canadá e Austrália formalizaram o reconhecimento oficial do Estado palestino, num movimento de pressão a Israel, que no momento trava uma guerra na Faixa de Gaza e vem intensificando a expansão de colônias na Cisjordânia, os dois territórios habitados por palestinos.

O reconhecimento britânico e canadense é especialmente simbólico, já que são as duas primeiras nações do G7 a formalizarem a medida.

A dianteira dos anúncios neste domingo foi do Canadá, seguido da Austrália. Em seguida, veio o reconhecimento do Reino Unido, antiga potência imperial e poder colonial que dominou a área onde hoje fica Israel e os territórios palestinos.

A medida alinha Reino Unido, Canadá e Austrália com mais de 140 outras nações que reconhecem o Estado palestino, incluindo o Brasil.

"Hoje, para reavivar a esperança de paz para os palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina", disse o primeiro-ministro britãnico Keir Starmer em publicação no X.

Em 29 de julho, Starmer já havia antecipado  que o reconhecimento do Estado palestino ocorreria em setembro, perante a Assembleia Geral da ONU, caso Israel não cumprisse uma série de condições, como tomar medidas para pôr fim à "situação catastrófica em Gaza", declarar um cessar-fogo ou garantir a não anexação da Cisjordânia.

Já p primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse neste domingo que seu país reconhece "as aspirações legítimas e de longa data do povo palestino de ter seu próprio Estado".

O premiê canadense Mark Carney, por sua vez, direcionou palavras mais duras a Israel, cujo governo se opõe veementemente contra a criação de um Estado palestino.

"O atual governo israelense está trabalhando metodicamente para impedir a possibilidade de um Estado palestino ser estabelecido. Ele tem seguido uma política implacável de expansão dos assentamentos na Cisjordânia, o que é ilegal segundo o direito internacional. Seu ataque contínuo em Gaza matou dezenas de milhares de civis, deslocou mais de um milhão de pessoas e causou uma fome devastadora e evitável, em violação ao direito internacional. Agora, a política declarada do atual governo israelense é que ‘não haverá um Estado palestino’", disse Carney.

“É nesse contexto que o Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece nossa parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina quanto para o Estado de Israel. (...) Embora o Canadá não tenha ilusões de que esse reconhecimento seja uma panaceia, ele está firmemente alinhado com os princípios de autodeterminação e direitos humanos fundamentais refletidos na Carta das Nações Unidas e com a política consistente do Canadá há gerações”, completou Carney.

Reconhecimentos

Além dos três países anglo-saxônicos, o governo de Portugal anunciou que oficializará seu reconhecimento do Estado palestino neste domingo. Outros países europeus, como França e Bélgica, expressaram a intenção de oficializar o reconhecimento na segunda-feira, pouco antes da abertura da Assembleia Geral da ONU.

Andorra, Luxemburgo, Malta  e São Marino também planejam formalizar o reconhecimento.

A série de reconhecimentos ocorre enquanto a ofensiva militarliderada pelo governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, vem se intensificando na Faixa de Gaza, assim como a crise humanitária e a fome causadas por uma guerra que está prestes a completar dois anos e já ceifou a vida de pelo menos 65.208 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao grupo Hamas – grupo considerado terrorista pela UE e os EUA, entre outras nações.

No início desta semana, uma comissão independente de inquérito das Nações Unidas concluiu que Israel vem cometendo genocídio contra palestinos em Gaza.

Nos últimos meses, o Reino Unido também expressou sua veemente condenação à expansão planejada de assentamentos perto de Jerusalém Oriental, na área conhecida como E1, que efetivamente destruiria a viabilidade de um futuro Estado palestino.

O anúncio de Starmer também ocorre poucos dias após uma visita de Estado do presidente dos EUA, Donald Trump , que já havia expressado sua "discordância" com a posição do líder trabalhista sobre o reconhecimento de um Estado palestino em uma coletiva de imprensa conjunta esta semana.

O anúncio também ocorre apesar da pressão da oposição e das famílias dos reféns israelenses ainda mantidos na Faixa de Gaza pelo Hamas, que pediram em carta aberta ao primeiro-ministro britânico que revertesse o reconhecimento enquanto as pessoas ainda estiverem em cativeiro.

Outras nações alinhadas com Israel, como Alemanha e EUA, também não são favoráveis ao reconhecimento do Estado palestino.

Reações

Husam Zomlot, chefe da Missão Palestina em Londres, chamou a decisão britânica de um "reconhecimento há muito esperado" que "não se trata da Palestina , mas do cumprimento de uma responsabilidade solene pelo Reino Unido".

"Isso marca um passo irreversível em direção à justiça, à paz e à correção de erros históricos", acrescentou ele.

Já o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que o reconhecimento do Estado palestino “não passa de uma recompensa para o grupo jihadista Hamas, encorajado pela Irmandade Muçulmana afiliada no Reino Unido".

"Os próprios líderes do Hamas admitem abertamente: esse reconhecimento é um resultado direto, o ‘fruto’ do massacre de 7 de outubro”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores de Israel em uma publicação no X.

Mandy Damari, mãe da ex-refém britânica-israelense Emily Damari, afirmou que "Keir Starmer está sob uma ilusão de dois Estados" em resposta ao reconhecimento de um Estado palestino por parte de seu governo.

"Enquanto um dos Estados ainda for governado por uma organização terrorista proibida, cujo objetivo é aniquilar Israel do rio ao mar, uma solução de dois Estados nunca poderá acontecer", disse ela.

 ( da redação com DW, Lusa, AFP, EFE. Edição: Política Real )