Consórcio Nordeste, durante 3 dias em Fortaleza, faz evento COP Nordeste e diz que a transformação ecológica será feita em “respeito às nossas identidades culturais, com esperança, inovação e compromisso com a vida”
Veja a íntegra da declaracão conjunta
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(Brasília-DF, 19/09/2025) Os governadores e governadoras do Nordeste estiveram reunidos entre quarta-feira, 17, e hoje,19, no COP Nordeste e da 3ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento no Semiárido (ICID).
Quarta-feira
Durante o evento, ainda na quarta-feira, 17, o Consórcio Nordeste e a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD) formalizaram uma parceria estratégica de cinco anos para combater a desertificação e os efeitos da seca no semiárido.
O acordo, assinado em Fortaleza, visa fortalecer ações e o intercâmbio de boas práticas de convivência com a região, além de promover estudos, pesquisas e agricultura sustentável para pequenos produtores.
A representante da UNCCD, Laura Meza, elogiou o papel da região, afirmando: "As experiências que acontecem aqui no nordeste do Brasil representam um exemplo concreto e poderoso de como a ação local pode estar alinhada com os objetivos globais". Ela acrescentou que o Nordeste é "um exemplo a ser observado com atenção e do qual podemos aprender muito".
Mais
A chamada pública de projetos para o Nordeste da Nova Indústria Brasil (NIB), que visa apoiar a neoindustrialização da região, superou as expectativas ao receber 246 propostas de todos os estados, totalizando R$ 127,8 bilhões em demanda de crédito, quase 13 vezes mais que a estimativa inicial de R$ 10 bilhões.
O prazo para o envio das propostas encerrou em 15 de setembro e o resultado da chamada foi anunciado nessa quarta-feira, 17, durante a COP Nordeste e a 3ª ICID, em Fortaleza, pelos governadores e governadoras do Nordeste, os presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, e do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, e o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre.
“Diante de quem historicamente duvidou da nossa capacidade, respondemos com projetos que são o futuro da indústria brasileira. Esta parceria que construímos com o Governo Federal, os bancos de fomento e demais entidades parceiras, abriu a porta que o nosso dinamismo e a nossa vontade de fazer precisavam. Eu tenho plena certeza de que estamos diante de um ponto de virada, onde o Nordeste se consolida como a maior fronteira de investimento do país e um polo de desenvolvimento que irá, de forma definitiva, liderar a nova industrialização nacional”, afirmou Rafael Fonteles, presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí.
“O BNDES fez, em conjunto com as instituições parceiras e o Consórcio do Nordeste, um grande esforço de viagens e encontros empresariais, percorrendo todos os estados da Região Nordeste para apresentar a chamada de projetos. O resultado foi extraordinário e apontou o enorme potencial da região. Nosso compromisso é que os projetos consistentes serão atendidos, mesmo que para isso a gente tenha que elevar os valores inicialmente alocados para essa chamada. Sob orientação do presidente Lula, o BNDES está de mãos dadas com o Nordeste para transformar boas ideias em oportunidades concretas", afirmou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.
Quinta-feira
Nessa quinta-feira ,18, penúltimo dia da COP Nordeste e da 3ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento no Semiárido (ICID), o Comitê Científico de Monitoramento e Enfrentamento das Mudanças Climáticas do Consórcio Nordeste reuniu-se para apresentar um diagnóstico pioneiro, delinear compromissos e planejar a implementação prática de uma agenda comum para o Nordeste.
Como contribuição central ao debate, o Comitê apresentou um relatório com o diagnóstico preliminar sobre as ações e estruturas de governança relacionadas às mudanças climáticas já implementadas em cada um dos nove estados nordestinos. O documento, fruto de um trabalho colaborativo, servirá como base para orientar políticas públicas e investimentos futuros.
Em um momento simbólico, a professora Suzana Montenegro, diretora presidenta da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC) e componente do Comitê, realizou a entrega oficial do relatório ao coordenador da Câmara Temática de Ciências do Consórcio Nordeste, professor Fábio Guedes, que preside a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL).
No último dia do evento foi divulgada a declaracão final:
Veja o texto:
Declaração final dos governadores e governadoras do Nordeste:
da COP Nordeste a COP 30
Fortaleza, 19 de setembro de 2025
O Nordeste do Brasil apresenta ao país e ao mundo um passo histórico.
Pela primeira vez em nossa trajetória, estamos construindo um plano coletivo e
participativo para guiar os caminhos do desenvolvimento sustentável da nossa
região. O Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica é fruto de intenso
trabalho coletivo, entregando à sociedade não apenas um relatório técnico, mas a
base de uma nova forma de pensar e de fazer política pública no Brasil.
Nossos nove Estados se apresentam com um só corpo, recusando a
fragmentação e as assimetrias que tantas vezes marcaram nossa história. E este
Plano é fruto de uma construção plural: governos, sociedade civil, academia,
comunidades tradicionais, setor produtivo e movimentos sociais. É a soma de
experiências, saberes e práticas que fazem do Nordeste um território de inovação
democrática.
E é nessa organização coordenada que enviamos um sinal claro: o
Nordeste está pronto para ser protagonista do debate sobre a crise climática,
apresentando soluções para o desenvolvimento sustentável, não apenas no
cenário nacional, mas também no debate internacional.
O encontro que se encerra hoje, aqui em Fortaleza, a COP Nordeste,
integrada à 3ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e
Desenvolvimento do Semiárido (ICID 2025) é prova desse protagonismo. Aqui,
lançamos a nossa Carta Compromisso com o Plano Brasil Nordeste e chegamos à
beira da COP30 como uma região que não se limita a denunciar vulnerabilidades,
mas que apresenta soluções. Temos energia renovável abundante, a maior
capacidade instalada de solar e eólica do país, potencial extraordinário para
hidrogênio verde e biomassa, riqueza sociocultural e de saberes tradicionais
capazes de orientar práticas regenerativas, e uma biodiversidade única — com
1destaque para a Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, e para a
sociobiodiversidade costeira e marinha.
Reafirmamos, assim, uma mensagem clara:
O Nordeste é protagonista do futuro das políticas brasileiras para o
desenvolvimento sustentável. Assim, as negociações climáticas globais
precisarão escutar o que o Nordeste tem a propor.
Assumimos, assim, dez compromissos concretos, que reafirmamos nesta
declaração:
1. Transformar para as pessoas – considerar as culturas como
elementos estratégicos para o desenvolvimento sustentável e garantir que a
transformação ecológica reduza desigualdades urbanas e rurais, gerando
emprego, igualdade de gênero e oportunidades para a juventude.
2. Liderar a transição energética justa – ampliar a liderança em
renováveis, cumprir a meta da COP28 de triplicar a capacidade instalada até 2030
e assegurar justiça energética com tarifas acessíveis, empregos verdes e
cooperativas comunitárias.
3. Impulsionar a neoindustrialização sustentável – converter a base
energética limpa em vantagem competitiva, atraindo indústrias estratégicas de
química verde, fertilizantes sustentáveis, mobilidade elétrica, semicondutores e
tecnologias digitais.
4. Promover a bioeconomia e a agricultura sustentável – valorizar a
Caatinga e demais biomas, fortalecer a agricultura familiar, a agroecologia e as
cadeias da sociobiodiversidade, gerando renda com respeito à natureza e aos
saberes tradicionais.
5. Fortalecer a educação, a ciência e a inovação verde – consolidar
polos de inovação com universidades, institutos federais e escolas técnicas, com
foco em juventudes rurais, indígenas, quilombolas e periféricas.
6. Ampliar a economia circular e a gestão de resíduos – expandir
polos de reciclagem, logística reversa e cooperativas de catadores, adotando selos
verdes que incentivem práticas ambientais responsáveis e competitivas.
27. Garantir segurança hídrica e adaptação climática – investir em
infraestruturas resilientes, ampliar o acesso à água potável, fortalecer cisternas,
dessalinização sustentável e microssistemas comunitários de abastecimento.
8. Preservar a biodiversidade e valorizar o turismo sustentável de
base comunitária – ampliar unidades de conservação, reflorestamento
comunitário e programas de pagamento por serviços ambientais, aliando
conservação, geração de valor e turismo de base comunitária.
9. Integrar investimentos sustentáveis e fortalecer o protagonismo
internacional – democratizar o acesso ao crédito, consolidar cadeias regionais e
posicionar o Nordeste como polo de investimentos e exportador de tecnologias
socioambientais, participando ativamente da agenda da COP30 em Belém.
10. Conduzir a transformação ecológica com transparência e
participação – assegurar que todas as etapas sejam guiadas por controle
democrático, participação social e compromisso público com o futuro.
O Consórcio Nordeste, em nome de seus governadores e governadoras,
declara que a transformação ecológica da região será feita em respeito às nossas
identidades culturais, com esperança, inovação e compromisso com a vida. O
Nordeste não aceita um futuro de vulnerabilidade e dependência. Reivindica, sim,
um futuro de protagonismo, justiça climática e prosperidade compartilhada.
Com esperança e compromisso,
Governadores e Governadoras do Nordeste
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)