Pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira”, da CNI, diz que as prioridades dos brasileiros são mais empregos e menos impostos
Confira no video o comentário do economista sobre a pesquisa "Retratos da Sociedade Brasileira"
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(Brasília-DF, 12/09/2025). Nesta sexta-feira, 12, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou a sua pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, que chega a 65ª edição, e foi encomendada a Nexus
Criar empregos e reduzir impostos: essas devem ser as prioridades para a economia nos próximos dois anos, de acordo com a população. Segundo 30% dos entrevistados, a prioridade máxima é aumentar os postos de trabalho e para 28% é a diminuição do peso dos impostos.
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, aponta que há diferenças entre os grupos. Para famílias com renda acima de cinco salários-mínimos, a prioridade é a redução dos impostos. Já entre os que estão fora do mercado de trabalho, a geração de empregos aparece como principal preocupação.
“A carga tributária do brasileiro é muito elevada, não à toa essa percepção de redução dos impostos como uma das prioridades não espanta e não vem de hoje, é também uma prioridade para empresários em pesquisas voltadas para esse público e é um ponto de atenção muito grande”, explicou Azevedo.
Há divergências quanto à principal prioridade econômica. Para os homens, os de maior renda (acima de cinco salários-mínimos), os que estão empregados, e os que vivem na região Sul, a prioridade máxima é reduzir impostos. Já para as mulheres, pessoas de menor renda (até cinco salários-mínimos), desempregados, e que vivem nas demais regiões do país, o principal objetivo deve ser a criação de empregos.
Saúde, educação e emprego são áreas prioritárias
Os entrevistados também responderam quais devem ser as áreas prioritárias para o Brasil nos próximos dois anos, para além da pauta econômica. As três prioridades seguem as mesmas dos últimos dois levantamentos, que ocorreram em fevereiro de 2024 e agosto de 2022. São elas: saúde (43%), educação (28%) e criação de emprego (16%).
A saúde é a prioridade número um entre todos os recortes analisados: sexo, idade, escolaridade, renda, condição em relação à força de trabalho, região e condição do município. A educação também é consistente como segunda prioridade entre quase todos os recortes da população. As exceções estão em relação à escolaridade dos entrevistados. Para aqueles que têm pós-graduação completa, a segunda maior prioridade é o controle da inflação.
Combate à corrupção e desvio de verbas devem ser prioridade na saúde
Em relação à saúde, a prioridade deve ser o combate à corrupção e ao desvio de verbas (23% dos entrevistados). O resultado contrasta com levantamentos anteriores: em 2024, a população apontou que a prioridade era melhorar as condições dos hospitais e postos de trabalho (23%); em 2022, contratar médicos e enfermeiros (31%).
Ainda em relação à saúde, na sequência, aparece como prioridade a contratação de médicos e enfermeiros, com 21%; reduzir filas ou espera por consultas e atendimentos, com 20%; e melhorar as condições dos hospitais e postos de saúde, com 20%.
Entre os homens, a prioridade é o combate à corrupção e desvio de verbas. Esse é a mesma percepção das pessoas com ensino superior ou pós-graduação completa, daqueles que ganham acima de dois salários-mínimos e dos que moram nas regiões Sul e Sudeste.
Entre os entrevistados sem instrução ou com ensino fundamental completo, aqueles que ganham até dois salários-mínimos, e os moradores de Nordeste, Norte e Centro-Oeste, o foco deve ser a contratação de mais profissionais de saúde.
Para as mulheres, a prioridade na área da saúde é a redução de filas ou do tempo de espera por consultas e atendimentos.
Combate ao uso de drogas e mais segurança nas escolas são prioridade na educação
“Os brasileiros avaliaram que a prioridade para o poder público em relação à educação nos próximos anos deve ser o combate ao uso de drogas nas escolas (18% dos entrevistados)”, conta Marcelo. O resultado é diferente do registrado em fevereiro de 2024, quando o foco prioritário era aumentar o salário dos professores (19%), e em agosto de 2022, em que a principal prioridade era a capacitação dos professores (26%).
Azevedo comenta que para a população, a segunda prioridade é a melhoria da segurança nas escolas, com 16%, seguida por aumento do salário dos professores (15%) e melhoria da capacitação desses profissionais (14%).
A prioridade para a educação muda de acordo com a idade dos entrevistados. Para as pessoas que têm de 16 a 24 anos, que normalmente estão concluindo ou acabaram de concluir o ensino médio, a prioridade é melhorar a segurança nas escolas. Para aqueles de 25 a 44 anos, o foco deve ser a oferta de cursos técnicos/profissionalizantes. Entre os cidadãos de 45 a 64 anos, que mais comumente são os pais ou responsáveis pelos estudantes, a prioridade deve ser o combate ao uso de drogas. Já para os idosos, com 65 anos ou mais, o foco deve ser aumentar o salário dos professores.
No recorte por grau de instrução, aqueles sem instrução, com ensino fundamental ou ensino médio completos apontam o combate ao uso de drogas nas escolas e a melhora da segurança nas escolas sempre na 1ª ou 2ª colocação. Já para os que têm ensino superior ou pós-graduação completa, o foco tem que ser o aumento do salário dos professores.
Entre os que ganham até dois salários-mínimos, a prioridade deve ser combater o uso de drogas e melhorar a segurança nas escolas, enquanto as pessoas com faixa de renda superior preferem a oferta de cursos técnicos/profissionalizantes, aumentar o salário dos professores ou capacitar melhor os profissionais de ensino.
As prioridades ligadas à segurança dos estudantes, como combater o uso de drogas nas escolas e melhorar a segurança nas escolas, aparecem sempre na 1ª ou 2ª colocação para os entrevistados das diferentes regiões do Brasil, com exceção da região Sul, que coloca em 1º e 2º lugar, respectivamente, aumentar o salário e melhorar a capacitação dos professores.
Combate ao tráfico de drogas deve ser prioridade para a segurança
Quando o assunto é segurança, Marcelo aponta que a população elegeu o enfrentamento ao tráfico de drogas como a prioridade do poder público (25% dos entrevistados). “O resultado repete o registrado no levantamento anterior, mas difere da pesquisa de 2022, quando a prioridade era aumentar o efetivo policial nas ruas, com 28%.”.
Em seguida, aparecem o combate à corrupção policial (21%), o aumento do efetivo de policiais nas ruas (17%) e a permissão para que menores que cometam crimes sejam presos (15%).
A pesquisa revela que os mais jovens têm uma prioridade diferente para a segurança na comparação com os demais grupos etários. Para aqueles que têm entre 16 e 24 anos, o foco para a segurança tem que ser o combate à corrupção policial, enquanto para os outros grupos é o combate ao tráfico de drogas.
Entre os diferentes graus de instrução, as pessoas sem instrução apontam que o principal objetivo deve ser o aumento do efetivo de policiais nas ruas. Para as pessoas com ensino fundamental ou ensino médio completo, a prioridade número um é combater o tráfico de drogas, enquanto para aqueles com ensino superior completo muda para o combate à corrupção policial. Entre os brasileiros com pós-graduação completa, o foco tem que ser a prisão de menores que cometam crimes.
No recorte por regiões do país, o Sul é a única que defende a priorização do combate à corrupção policial. Para as demais, a prioridade deve ser o enfrentamento ao tráfico de drogas.
Sobre a pesquisa
A Nexus entrevistou presencialmente 2.013 cidadãos com idade a partir de 16 anos, nas 27 Unidades da Federação, entre 29 de abril e 5 maio. A margem de erro no total da amostra é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. A amostra é controlada a partir de quotas de sexo, idade, região e escolaridade.
( da redação com informações de assessoria e Ag. CNI. Edição: Política Real)