31 de julho de 2025
INFLAÇÃO

Mercados esperavam uma deflação de -0,15% mas veio só em -0,11%, segundo IBGE; consultorias de mercados não gostaram

E, para 2026 agentes de mercado vem risco de alta.

Por Política Real com agências
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Mercados viram deflação mas queriam mais Foto: PrevHab

(Brasília-D, 10/09/2025. Segundo a maioria dos agentes do mercado se apostava em uma deflação de -0,15%, mas o IPCA de agosto registrou deflação de -0,11%.

Em 12 meses, a inflação desacelerou para 5,13%, recuo de 10 pontos-base em relação a julho. Apesar da deflação já esperada, a composição do índice trouxe sinais de pressão altista para 2025, confirmando o padrão observado no IPCA-15 de agosto.

A desaceleração mais intensa dos preços de alimentos levou à revisão baixista das de projeções para este ano. Para 2025, setores do mercado esperavam um IPCA de 4,8% para 4,7%. Já em 2026, o efeito do ICMS sobre a gasolina (alíquota ad rem), o que elevou a projeção de 4,5% para 4,6% ao final do período.

Entre os itens que ajudaram no sinal negativo da divulgação de hoje, o destaque veio de recreação, com queda de -4,02% em cinema, teatro e concertos, refletindo a Semana do Cinema (28/08 a 02/09). Havia dúvidas se esse impacto seria captado no IPCA de agosto ou no de setembro, mas, na grande maioria das regiões, o desconto entrou neste mês, indicando devolução já em setembro. Fortaleza e Distrito Federal foram as únicas regiões a registrar alta (+1,53%), que deve se reverter no próximo resultado. Esse padrão segue edições anteriores, quando promoções similares foram compensadas com altas no mês seguinte. Vemos bastante similaridade regional do desconto de cinema ocorrido em 2024 entre fevereiro e março. Vale ressaltar que a categoria de serviços subjacentes (+0,34%) apresentou surpresa para baixo, em relação ao que projetávamos, influenciada pelo grupo de recreação, o cinema, mas deve devolver efeito no próximo IPCA.

Em alimentação e bebidas, a deflação foi de -0,83% (vs. -0,94% esperado), com destaques altistas para aves e ovos (-0,80% vs. -1,19% projetados) e tubérculos (-8,07% vs. -9,86% em nossa coleta). Por outro lado, os alimentos in natura mantiveram bom comportamento, com recuos em frutas (-0,76%), hortaliças (-1,88%) e leguminosas (-9,38%). Apesar de o grupo permanecer em deflação em setembro, a intensidade deve ser bem menor, com nossas projeções preliminares apontando -0,2% para o mês. O grupo de carnes também registrou deflação (-0,43%) pela terceira vez consecutiva, em linha com nossas coletas no atacado e varejo, mas esperamos que em setembro este sinal seja revertido.

Em habitação, a surpresa veio da energia elétrica, que não entregou toda a deflação projetada (-4,21% vs. -4,85%), resultando em desvio altista de 3 bps. Para setembro, projetamos impacto altista no IPCA, diante da devolução dos descontos de Itaipu e da continuidade da bandeira vermelha 2.

Nos bens duráveis, automóveis novos registraram novamente deflação após o início do IPI verde (-0,44%), próximo à nossa estimativa (-0,56%), mas com queda menos intensa do que a observada no IPCA-15 de agosto (-1,32%). Já vestuário acelerou acima do esperado (+0,72% vs. +0,36%), influenciado pela troca de coleção.

Nos núcleos de inflação, a preocupação registrada no IPCA-15 se manteve. A média móvel trimestral, dessazonalizada e anualizada, mostrou aceleração em serviços subjacentes (de 5,93% em julho para 6,05% em agosto), serviços intensivos em trabalho (5,65% para 6,44%) e serviços industriais (0,96% para 1,42%). O índice de difusão também avançou, de 50% em julho para 57% em agosto, reforçando a disseminação das altas de preços. Em resumo, a leitura qualitativa do IPCA de agosto foi negativa (em linha com a leitura preliminar do IPCA-15), com núcleos pressionados e composição desfavorável, mesmo diante da deflação no índice cheio.

Agentes do mercado indicam balanço de risco para a inflação de 2025 baixista, pelo grupo de bens industriais refletindo a apreciação do real. E, para 2026 agentes de mercado vem risco de alta. Entre eles são: o hídrico, alimentos ( via aumento da @ do boi) e grupo de serviços refletindo impulso maior de renda via medidas fiscais.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)