PNAD CONTÍNUA DOMICÍLIOS: Esgoto e abastecimento de água continuam um desafio nas áreas rurais; Norte e Nordeste tem os menores serviços
A PNAD Contínua mostra que apenas 9,4% dos domicílios tinham escoamento do esgoto feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral em 2024, enquanto essa proporção chegava a 78,1% em áreas urbanas
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(Brasília-DF, 22/08/2025) Na manhã desta sexta-feira, 22, o IBGE divulgou a sua pesquisa Características Gerais dos Domicílios e Moradores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. Essa é a primeira divulgação anual após a reponderação dos dados com base no Censo 2022. Veja dados sobre esgoto e serviço de água aos domicílios até 2024 com base no Censo 2022
A PNAD Contínua mostra que apenas 9,4% dos domicílios tinham escoamento do esgoto feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral em 2024, enquanto essa proporção chegava a 78,1% em áreas urbanas. No total de domicílios do país, esse indicador aumentou de 68,1% em 2019 para 70,4% em 2024.
O analista da pesquisa, William Kratochwill, explica que a cobertura de alguns serviços de saneamento básico é factível em áreas rurais quando localizadas no entorno de centros urbanos.
“Já em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional, pode ser necessária a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água”, esclarece.
Entre os domicílios em situação rural no país em 2024, 36,8% (3,2 milhões) possuem fossa séptica não ligada à rede, enquanto 53,8% (4,6 milhões) utilizam outro tipo de esgotamento, como fossa rudimentar não ligada à rede, vala, escoamento direto para áreas fluviais. Nas áreas urbanas, tais formas de destinação de dejetos são usadas por 12,4% (8,5 milhões) e 9,5% (6,5 milhões), respectivamente, dos domicílios.
As menores estimativas de acesso à rede geral de esgoto foram no Norte, Nordeste, Centro-Oeste. No entanto, essas grandes regiões tiveram os maiores crescimentos entre 2019 e 2024, passando de, respectivamente, 27,2% para 31,2%, 46,7% para 51,1% e 59,5% para 63,8%. Já o Sudeste chegou a 90,2%, enquanto o Sul, 70,2%
De acordo com William, a menor cobertura de acesso à rede geral de esgoto em regiões como Norte e Nordeste, que possuem maior proporção de domicílios em zona rural, ocorre devido ao custo de implantação do serviço. “Criar essa estrutura é moroso e caro, então a zona rural por ser afastada e dispersa torna a implantação mais complexa. Essa é uma justificativa para a zona rural ter essa carência no acesso tanto à rede geral de esgoto quanto de água”, explica.
Outro tipo de esgotamento sanitário foi estimado em 14,4% dos domicílios do país em 2024, indicando que 11,1 milhões de moradias lançam seus dejetos em fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar. Essa proporção foi mais alta no Norte (36,4%), com 2,1 milhões de domicílios nessa condição, superando a estimativa daqueles que tinham a rede geral como destino (24,7%). O Nordeste também apresenta elevado percentual de outro tipo de esgotamento (25,1%), o que corresponde a cinco milhões de domicílios, enquanto o Sudeste tem a menor proporção (5,6%), com 1,9 milhão de lares que destinavam dejetos dessa forma.
Um em cada três domicílios rurais é abastecido por rede geral de água
Em 2024, 86,3% dos domicílios tinham acesso à rede geral de abastecimento de água (66,7 milhões), frente a 85,8% em 2016. Dos que tinham acesso, a disponibilidade de água era diária em 88,4%, de quatro a seis vezes na semana em 5,0% e de uma a três vezes na semana em 4,6%. O uso de poço profundo ou artesiano (7,5%), de poço raso, freático ou cacimba (2,7%), de fonte ou nascente (1,8%), bem como de outra forma (1,7%) foram meios de abastecimento de água menos frequentes.
Já entre os 8,9 milhões de domicílios rurais, apenas 31,7% são abastecidos predominantemente por rede geral, o equivalente a um em cada três lares. A maior parte dos domicílios rurais recorrem a outras formas de abastecimento de água: 30,8%, por poço profundo ou artesiano; 12,9%, poço raso, freático ou cacimba; 13,3%, fonte ou nascente; e 11,2% são abastecidos, principalmente, por outra forma, incluindo rios, açudes e caminhão-pipa.
Entre os 68,5 milhões de domicílios em áreas urbanas, 93,4% têm a rede geral como a principal forma de abastecimento de água. Essa proporção é de 70,8% na zona urbana do Norte, a única grande região abaixo de 90%. No Sudeste, chega a 96,6%.
Regionalmente, para o total de domicílios, o abastecimento de água via rede geral varia de 61,7%, no Norte, a 92,5%, no Sudeste. A Região Nordeste (72,6%) apresenta a menor cobertura diária de abastecimento, enquanto a Sul (95,8%), a maior. O Norte assinala os maiores percentuais de domicílios em que a principal fonte de abastecimento de água é poço profundo ou artesiano (22,0%), ou poço raso, freático ou cacimba (11,2%). O Nordeste, por sua vez, apresenta o maior percentual de utilização de outra forma de abastecimento (5,2%), sendo 1,7% a média nacional desse tipo de proveniência.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)