ECONOMIA

Fernando Haddad disse que Lula poderá conversar com Trump mas precisa haver um preparo para evitar “viralatismo”; Haddad falou que o ex-presidente Bolsonaro era subserviente, “foi o presidente mais subserviente da história do Brasil”, disse

Haddad foi questionado pelos jornalistas sobre o plano de contingência para atender empresários e setores econômicos, que preocupa o mercado

Por Política Real
Publicado em
Fernando Haddad fala aos jornalistas à porta do Minsiterio da Fazenda Foto: imagem de streaming

(Brasília-DF, 29/07/2025)   O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, falou com os jornalistas à porta do Ministério da Fazenda na manhã desta terça-feira, 28,na Esplanada dos Ministérios. Haddad disse que o presidente Lula poderá conversar com o presidente Donald Trump mas que tem que ser uma conversa preparada para não haverá “viralatismo”. 

Ele disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comanda um país de 200 milhões de pessoas e tem que representar o país e que o ex-presidente Jair Bolsonaro sempre foi subserviente, e não é o caso de Lula.

“ O presidente Lula não representa a si mesmo. O presidente Lula representa o país, que tem 200 anos de independência. Então, precisa ter uma certa liturgia para que a coisa aconteça de forma apropriada.”, disse.

Ele falou sobre a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro, que costuma dizer que “ama” o presidente Donald Trump.

“Às vezes eu vejo pressão da oposição. Vai lá, sai correndo atrás. O Bolsonaro tinha um estilo muito subserviente.

Isso não está à altura do Brasil. Foi o presidente mais subserviente da história do Brasil. Então, virar um pouquinho a página da subserviência e, com muita humildade, se colocar à mesa, mas respeitando os valores do nosso país.”, disse.

Haddad disse que o Brasil não deve se preocupar com a data do 1º de agosto e que as conversações estão seguindo e haverá um momento para se tratar das negociações. Haddad não quis antecipar sobre quais serão as medidas de contingência após a entrada em vigor do “tarifaço”, para atender os empresários e setores mais atingidos.

“Mas o que importa não é essa data, fatídica. Não é uma data fatídica. É uma data que pode ser alterada por eles, pode entrar em vigor e nós nos sentarmos e rapidamente concluímos uma negociação.

Mas está ficando mais claro, agora, os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas que não eram de fácil compreensão por parte deles. Está ficando mais claro o nosso ponto de vista. A relação sempre foi amistosa entre os países, então não há razão nenhuma para que isso mude.”, disse.

Haddad foi questionado pelos jornalistas sobre o plano de contingência para atender empresários e setores econômicos, que preocupa o mercado.

“ Por isso que eu não posso adiantar as medidas que vão ser anunciadas por ele. Mas, como são vários cenários, todo tipo de medida cabe em algum deles. Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente.

Então, nós não estamos fixados nessa data de 1º de agosto, porque nós temos uma relação que tem que ser restabelecida e vai ser feita com a maior dignidade possível. “, disse.

Veja a íntegra da conversa do ministro Fernando Haddad com os jornalistas à porta do Ministério da Fazenda:

Jornalista: É possível chegar a um acordo com os Estados Unidos?

Em relação ao Brasil, sempre vai ser. O Brasil nunca abandonou a mesa de negociação. Eu acredito que essa semana haja algum sinal de interesse em conversar.

E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez tenham se passado um pouquinho, e tenham querido conversar. Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá. Não sei se vai dar tempo até dia 1º.

Mas o que importa não é essa data, fatídica. Não é uma data fatídica. É uma data que pode ser alterada por eles, pode entrar em vigor e nós nos sentarmos e rapidamente concluímos uma negociação.

Mas está ficando mais claro, agora, os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas que não eram de fácil compreensão por parte deles. Está ficando mais claro o nosso ponto de vista. A relação sempre foi amistosa entre os países, então não há razão nenhuma para que isso mude.

Deixar que temas alheios ao governo brasileiro sejam motivo para o recrudescimento de tensões não faz nenhum sentido para nós. O presidente Alckmin tem feito um esforço monumental de conversar com a sua contraparte. Ontem, mesmo, houve uma conversa mais longa, a terceira e mais longa conversa que tiveram.

Eu acredito que eu não estou muito fixado na data, porque se nós ficarmos apreensivos com ela, nós podemos inibir que a conversa transcorra com mais liberdade, com mais sinceridade entre os dois países. Então, nós vamos prosperar nas negociações.”

Jornalista: E ministro, o sr. Acha que a data pode ser postergada, ministro, é isso?

Eu não sei, porque isso tem sido uma decisão unilateral, não só em relação ao Brasil, em relação ao mundo inteiro.

Ontem mesmo o presidente dos Estados Unidos disse que não tem tempo para negociar com todos os países e vai fixar uma alíquota para o mundo inteiro.

Jornalista: Mas o foco é uma resposta deles, as cartas que foram enviadas.

Haddad:  Oi? O foco é uma resposta.

Sim, o foco nosso é se manifestar em relação às duas cartas que foram encaminhadas desde maio, para que nós possamos mapear o que de fato está em jogo, o que de fato é importante para eles, para nós, e endereçar uma solução.

Jornalista: Tem certeza que o presidente Lula precisa ligar para o presidente Donald Trump?

Haddad: Olha, os canais conosco, não existe obstrução. Eu já liguei para o Benson, já me reuni com o Benson na Califórnia, o Alckmin já falou três vezes com o Luttner, o Mauro está lá, tem oito senadores lá.

Quando os dois chefes de Estado vão conversar, tem uma preparação antes, para que não seja uma coisa que subordine um país ao outro. Tem uma preparação protocolar mínima para que os dois chefes possam conversar.

Jornalista: O ministro, o plano de conversa...

Não é... entendeu? É uma coisa de dois países soberanos, não é uma coisa que sai correndo atrás.

É uma coisa que tem que ter um certo protocolo. A gente tem que entender que o Brasil é grande, que o Brasil... Isso não é arrogância nenhuma, longe de nós, a gente se dá bem com todo mundo. É uma questão protocolar para que o país se coloque dignamente à mesa.

Dialogue com um par, com um parceiro de centenário, de 200 anos de parceria. Então, é papel nosso, dos ministros, justamente azeitar os canais para que a conversa, quando ocorrer, seja a mais dignificante e edificante possível. Não seja uma coisa como aconteceu... Vocês presenciaram várias conversas que não foram conversas respeitosas.

Tem que haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação. Para que não haja um sentimento de “viralatismo”, de subordinação. Então, preparar isso é respeito ao povo brasileiro, à soberania do povo.

Não é questão... O presidente Lula não representa a si mesmo. O presidente Lula representa o país, que tem 200 anos de independência. Então, precisa ter uma certa liturgia para que a coisa aconteça de forma apropriada.

Então, esse açodamento... Às vezes eu vejo pressão da oposição. Vai lá, sai correndo atrás. O Bolsonaro tinha um estilo muito subserviente.

Isso não está à altura do Brasil. Foi o presidente mais subserviente da história do Brasil. Então, virar um pouquinho a página da subserviência e, com muita humildade, se colocar à mesa, mas respeitando os valores do nosso país.

Jornalista:  E, ministro, plano de contingenciamento já pronto? Qual a sua avaliação com o que foi entregue ao presidente Lula? E a questão de data? Tanto que ele vai, de fato, validar?

Haddad:  Mais uma vez... O presidente manifestou muita tranquilidade em relação ao plano de contingência. São vários cenários que foram apresentados. E ele falou, olha, eu não vou me fixar em data porque eu tenho uma relação histórica com os Estados Unidos.

Eu me dei bem com todos os presidentes americanos com quem eu dialoguei. Então, não tem razão para ser diferente agora. Eu me dei bem com Clinton, me dei bem com Obama, me dei bem com Bush, com Biden.

Quer dizer, qual a razão agora para esse tipo de postura de animosidade? Não faz sentido para o presidente Lula. Tem um presidente eleito lá, tem um presidente eleito cá. Vamos negociar, vamos conversar.

Jornalista: E a sua avaliação? E o plano, ministro, a sua avaliação? É um plano que vai conseguir segurar as pontas, mitigar os efeitos ali?

Haddad: Nós estamos muito confiantes de que nós preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento que não foi criado por nós. Um evento externo que não foi criado por nós. Mas o Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores e, ao mesmo tempo, se manter permanentemente numa mesa de negociação, buscando racionalidade, buscando respeito mútuo, estreitamento das relações...

Jornalista:  E além disso, o problema de manutenção ao emprego? O problema de manutenção ao emprego nos modos que aconteceu na pandemia?

Haddad:  Então, dentre os vários cenários, há um que estabelece esse tipo de... Mas eu não sei qual é o cenário que o presidente vai optar.

Por isso que eu não posso adiantar as medidas que vão ser anunciadas por ele. Mas, como são vários cenários, todo tipo de medida cabe em algum deles. Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente.

Então, nós não estamos fixados nessa data de 1º de agosto, porque nós temos uma relação que tem que ser restabelecida e vai ser feita com a maior dignidade possível.

(da redação com suporte de IA. Edição: Política Real)