Comissão do Senado decide adiar mais uma vez votação do Novo Código Eleitoral; Marcelo Castro, relator na CCJ, já fez 10 tentativas de relatórios, mas falta consenso
Marcelo Castro, ao rebater essas críticas, argumentou que o texto busca um equilíbrio entre liberdade de expressão e integridade do processo eleitoral
( Publicada originalmente às 14 h 00 do dia09/07/2025)
(Brasília-DF, 10/07/2025) A Comissão de Constituição de Justiça do Senado tentou mais uma vez buscou a votação do novo Código Eleitoral Projeto de Lei Complementar (PLP) 112/2021, relatado pelo senador Marcelo Castro(MDB-PI). Esse foi o seu 10º relatório, numa ação política com inegável paciência de buscar um consenso. Após horas de discussão que começou pela manhã a CCJ adiou para a próxima quarta-feira ,16, outra tentativa de votação
O texto de Castro consolida a legislação eleitoral e partidária em uma única norma, com 877 artigos.
Pelos debates vistos há questões que continuam a gerar controvérsias entre os congressistas tais como a "quarentena" (para integrantes de carreiras do Estado que pretendem se candidatar em eleições), o combate à desinformação e o voto impresso.
Marcelo Castro, na reunião desta quarta-feira, afirmou que a proposta representa grande avanço institucional ao unificar sete leis eleitorais distintas, mas admitiu a necessidade de mais tempo para negociação.
“ Temos divergências profundas em três pontos: quarentena, fake news e voto impresso. Em mais de 90% do texto já há entendimento. Para os demais, vamos buscar construir consenso até a próxima semana ou levar à votação destacada “, disse.
Quarentena
A regra da quarentena, que exige afastamento por dois anos de juízes, membros do Ministério Público, policiais e militares antes que possam participar de eleições, foi criticada por senadores como Alessandro Vieira (MDB-SE) e Fabiano Contarato (PT-ES).
Ambos, que já exerceram a função de delegado da Polícia Civil, argumentaram que a quarentena inviabiliza a participação política de profissionais com baixos salários — Contarato citou como exemplo os guardas municipais.
“Estão obrigando um cidadão a abrir mão do sustento por dois anos para poder participar de umn pleito. Isso não é razoável “, criticou ele.
Fake news
Outro ponto polêmico é o combate à desinformação. O projeto contém um artigo que prevê a penalização da divulgação de “fatos sabidamente inverídicos”, esse artigo foi alvo de várias críticas.
Para senadores como Rogério Marinho (PL-RN) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a proposta pode abrir brechas para a censura.
“É um erro transformar debates políticos em casos criminais passíveis de penas de até 16 anos “, declarou Flávio Bolsonaro.
Marcelo Castro, ao rebater essas críticas, argumentou que o texto busca um equilíbrio entre liberdade de expressão e integridade do processo eleitoral.
“Não existe liberdade absoluta em nenhuma democracia civilizada. Estamos fazendo o que o mundo inteiro está discutindo “, afirmou o relator ao citar legislações recentes da União Europeia e dos Estados Unidos.
Impressão do voto
O voto impresso também dividiu opiniões na CCJ. Esperidião Amin (PP-SC) e Eduardo Girão (Novo-CE) foram alguns dos senadores que defenderam a adoção de comprovantes físicos de votação, sob a alegação de que esse procedimento poderia ter evitado o clima de desconfiança nas eleições de 2022.
Marcelo Castro, no entanto, reiterou a posição contrária à medida.
Castro, apesar das divergências, destacou a evolução do texto ao longo de várias versões e audiências públicas.
Entre as principais inovações do projeto estão a regulamentação detalhada da propaganda eleitoral na internet, a ampliação da transparência na prestação de contas e o fortalecimento das ações afirmativas (como a reserva mínima de 20% das vagas do Legislativo para mulheres).
(da redação com informações da Agência Senado. Edição: Política Real)