GUERRA ACELERA: Em dia que chefe da diplomacia do Irã visita Rússia, país persa faz ataque a base aérea dos Estados Unidos no Catar
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( Publicada originalmemte às 12 h 59 do dia 23/06/2025)
Com agências
(Brasília-DF, 24/06/2025) Nesta segunda-feira, 23, o Irã lançou mísseis contra bases aéreas dos EUA no Catar e no Iraque em resposta aos ataques americanoa a instalações nucleares no sábado, segundo a mídia estatal.
O Catar confirmou o ataque à base de Al Udeid, administrada pelos EUA, classificando-o como uma "violação flagrante". O governo catari afirmou que se reserva o direito de responder diretamente.
Antes, a embaixada dos EUA no Catar já havia recomendado aos cidadãos americanos nesta segunda-feira que se abrigassem em casas "até novo aviso".
O breve comunicado não entrou em detalhes, mas afirmou que o alerta havia sido emitido "por excesso de cautela".
O Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, emitiu mensagem semelhante aos cidadãos britânicos no Catar.
O país do Oriente Médio fechou temporariamente seu espaço aéreo, forçando os aviões a desviarem de Doha, a capital do país, que tem um dos aeroportos mais movimentados do mundo.
Os eventos acontecem horas depois de Israel ter lançado uma série novos ataques contra o Irã, um dia após os bombardeios dos EUA às instalações nucleares iranianas.
Israel afirma ter realizado novos ataques a Fordo — a instalação nuclear subterrânea vital para as ambições nucleares do Irã, e que os EUA disseram ter também atacado no fim de semana. O exército israelense disse que seu ataque foi para "obstruir as rotas de acesso".
Um ataque também foi realizado contra a famosa prisão de Evin, na capital Teerã. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirma que a prisão abriga os "inimigos" do regime iraniano.
A BBC confirmou imagens de câmeras de segurança mostrando uma explosão no portão de entrada da prisão. A agência de notícias Fars, afiliada ao Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, também informou que "parece que o portão de entrada da prisão de Evin foi atacado por um drone ou por uma operação com explosivos limitados". Não há relatos de fuga.
Katz disse que Israel também atacou a sede da Basij — uma milícia que o governo iraniano costuma usar para reprimir protestos — bem como um relógio em Teerã que faz a contagem regressiva para a data prevista para a destruição por Israel. Moradores de Teerã relataram à BBC que houve cortes de energia.
O Irã também lançou mais ataques aéreos contra Israel nesta segunda-feira. As autoridades israelenses não relataram vítimas, mas cerca de 8 mil pessoas estão sem energia elétrica no sul do país.
Os EUA pediram que a China pressione o Irã a não fechar o Estreito de Ormuz, uma rota marítima crítica, especialmente para o escoamento do petróleo e do gás.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, está em Moscou, na Rússia, para conversas com Vladimir Putin sobre "desafios e ameaças comuns".
Durante as negociações, Putin disse que o ataque contra o Irã é "infundado".
"Uma agressão absolutamente sem provocação contra o Irã não tem fundamento nem justificativa", disse o presidente russo em seu discurso de abertura, transmitido ao vivo pelo canal de notícias da TV estatal russa.
"Estou muito satisfeito com a presença de vocês em Moscou hoje. Isso nos dá a oportunidade de discutir todos esses assuntos difíceis e pensar juntos em como encontrar uma saída para a situação atual."
O ministro das Relações Exteriores do Irã observou que seu país mantém "relações muito próximas e amigáveis" com a Rússia, laços que desenvolveram "uma natureza estratégica".
Ele afirma que os ataques de Israel e dos EUA "violaram regras e normas internacionais".
No início deste ano, os presidentes do Irã e da Rússia assinaram um "acordo abrangente de parceria estratégica" entre seus países.
Mas não se trata de uma aliança militar e não obriga a Rússia a defender Teerã.
Durante a noite, Israel realizou "um dos ataques mais intensos" à infraestrutura militar iraniana, enquanto o Irã parece ter disparado apenas um míssil contra Israel.
As agência de notícias iranianas IRNA e Tasnim citaram um comunicado da autoridade de gestão de crises da província de Qom, onde Fordo está baseado, que diz que Israel atacou a instalação nuclear, mas que "não houve perigo ou ameaça aos cidadãos" como resultado.
'Resposta decisiva'
Nas últimas horas, vários líderes militares iranianos de alto escalão ameaçaram responder aos ataques dos EUA.
A mídia iraniana divulgou um vídeo do comandante-em-chefe do Irã, Amir Hatami, enquanto ele conversava com outros oficiais em uma sala de operações.
No vídeo, ele afirma que todas as vezes que os EUA cometeram "crimes" contra o Irã no passado, "eles receberam uma resposta decisiva, e desta vez será a mesma coisa".
Enquanto isso, o chefe do Estado-Maior do Exército iraniano, Abdolrahim Mousavi, disse em comunicado que os EUA abriram a possibilidade de suas forças tomarem "qualquer ação" contra as tropas americanas.
Ele acrescentou que o Irã "jamais recuará".
Outro alerta veio do porta-voz da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), Ebrahim Zolfaghari.
Ele afirmou que os EUA entraram diretamente na guerra e violaram o "solo sagrado" do Irã.
Zolfaghari declarou que os EUA enfrentarão "consequências pesadas, lamentáveis e imprevisíveis" por meio de "operações poderosas e direcionadas".
Ao falar diretamente com o presidente dos EUA, em inglês, Zolfaghari disse: "Trump, o apostador! O senhor pode começar esta guerra, mas seremos nós que a terminaremos!"
Anteriormente, o Irã já havia acusado os Estados Unidos de terem "declarado guerra" sob um "pretexto absurdo", após bombardeios realizados três grandes instalações do país.
A declaração foi feita pelo embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani, durante a sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU nesse domingo ,22.
Iravani afirmou que o Irã se reserva o direito de "se defender" contra "agressões descaradas dos EUA".
Ele acrescentou que a natureza, o momento e a escala da resposta iraniana serão decididas por suas Forças Armadas.
Iravani também acusou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de arrastar os EUA para "mais uma guerra custosa e infundada", e afirmou que as ações dos EUA e de Israel representam "uma violação flagrante do direito internacional".
( da redação com informações da BBC. Edição: Política Real)