LAVA JATO: Força Tarefa de SP, que deve encerrar em breve suas ações, apresenta nova denúncia por conta de obras da época dos governos tucanos
O ex-diretor da Galvão Engenharia contou com a colaboração de seu irmão, Cristiano Goulart Pereira, também denunciado
( Publicada originalmente às 14h 37 do dia 29/09/2020)
(Brasília-DF, 30/09/2020) Já é sabido que a Força Tarefa da Lava Jato em São Paulo vai deixar de operar em breve face a desistência em série de membros da equipe, porém nesta terça-feira, 29, foi anunciada a apresentação de nova denúncia por lavagem de dinheiro referente a propinas pagas de 2005 a 2009 para o favorecimento de empreiteiras em obras viárias do governo paulista durante as gestões dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.
A Força Tarefa acusa, em destaque, os ex-diretores da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) Mário Rodrigues Júnior e Paulo Vieira de Souza, e o ex-executivo da Galvão Engenharia José Rubens Goulart Pereira. As transações realizadas para contas na Suíça podem ter chegado a US$ 10,8 milhões (mais de R$ 60,7 milhões, pelo câmbio atual).
Sequência
O MPF com essa denúncia dá sequência às ações por lavagem de dinheiro já instauradas a partir de investigações contra os integrantes do grupo que fraudou licitações do Rodoanel Sul e do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo.
A Força-Tarefa de São Paulo se concentrou na ocultação dos recursos ilícitos pagos pela Galvão Engenharia para fazer parte do cartel de construtoras que definiu a divisão e o superfaturamento das obras. Mário Rodrigues Júnior e Paulo Vieira de Souza receberam o dinheiro no exterior por meio de empresas registradas em paraísos fiscais. José Rubens Goulart Pereira foi o principal articulador dos pagamentos.
Relatos
O ex-diretor da Galvão Engenharia contou com a colaboração de seu irmão, Cristiano Goulart Pereira, também denunciado. Profissional do mercado financeiro suíço, ele atuava como representante dos ex-diretores da Dersa na movimentação das contas no país europeu e facilitava as transações ilícitas. Os investigadores identificaram que Cristiano, Mário Rodrigues e Paulo Vieira mantinham contas no banco Bordier & Cie, todas abertas em nome de offshores geridas por uma mesma pessoa jurídica, a Del Toboso Trust Co. S.A..
Completa a lista de denunciados a então mulher de Mário Rodrigues, Andrea Bucciarelli Pedrazzoli, acusada de receber parte dos recursos transferidos ao marido. Além de se valer de contribuições de colaboradores, o MPF analisou grande quantidade de documentos bancários remetidos pela Suíça, traçando o complexo caminho das movimentações financeiras feitas pelos investigados para ocultar e dissimular a origem e a natureza ilícita dos valores. Ao final do processo, a Força-Tarefa da Lava Jato quer que eles sejam condenados à devolução dos valores ilícitos recebidos e à reparação dos danos causados aos cofres públicos.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)