Nordeste e Poder

ESPECIAL DE FIM DE SEMANA - Cícero Almeida contesta CPMF, critica governos de Dilma e Lula e avalia quadro sucessório em Maceió

Ele não esconde que deseja voltar a governar Maceió com o apoio de Renan Calheiros pai e filho

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(Brasília-DF, 19/02/2016) Um parlamentar avesso à volta da CPMF – “Já existem muitas CPMFs, ou seja, muitos impostos sendo pagos pelo brasileiro”. Um nordestino revoltado com os governos petistas que sua região sempre deu as maiores votações – “O escândalo que o Partido dos Trabalhadores se envolveu compromete o País inteiro, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula”. Um alagoano apaixonado por sua gente e disposto à largar tudo e voltar à sua terra –  “Conheço a minha cidade e suas carências como ninguém (...) nossa visão é o fazer bem (...) por amor ao meu povo.”  Ele diz que quer o apoio de Renan Calheiros pai e filho para voltar a governador Maceó.

É assim o deputado federal Cícero Almeida (PSD-AL). E são esses temas – além do imbróglio com o PRTB (seu antigo partido) - que ganharam espaço na sua agenda nos últimos meses e que o levaram a estar com um pé em Brasília e outro em Maceió (AL) - onde lidera as pesquisas de opinião pública para a Prefeitura de Maceió.

Nesta entrevista exclusiva à Agência de Notícias Política Real, o parlamentar fala, de forma fraca e espontânea, aos jornalistas Gil Maranhão e Genésio Araújo Jr., sobre os planos para voltar a administrar a capital alagoana, mesmo no momento crítico para a economia brasileira – caso se confirme sua candidatura e as projeções das pesquisas; porquê é radicalmente contra à CPMF – mesmo que seja para beneficiar municípios; sua oposição à presidente Dilma e o que lhe levou a sair do PRTB e entrar no PSD.

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Deputado, o senhor lidera as pesquisas para a Prefeitura de Maceió (AL). Confirmando as projeções, como pretende administrar uma capital nesse momento de crise? O senhor está preparado?

Eu peguei a capital do estado de Alagoas no pior momento da história, que foi em 2005. A crise que se visualiza hoje eu enfrentei desde 2008, eu e outros prefeitos do País. Só que ela veio se tornar pública agora. Mas eu passei por dificuldades com o governo federal e tive a felicidade de sair com uma avaliação de 82,5%, tanto que fui reeleito em 2008. Então, quanto às perspectivas de que o governo federal possa pelo menos demonstrar para os estados e munIcÍpios, até 2017, quando nós acreditamos, que se for da vontade do povo e de acordo como está acontecendo, não por pesquisas feitas por mim, mas pelos meus adversários, acredito que vamos estar assumido a Prefeitura no momento melhor. Mas eu não posso descartar de forma alguma a forma como administrei. Eu trabalhei com a parceria publica-privada e isso ajudou muito na minha administração, pois tive dificuldades enormes com o governo federal. Este estágio probatório que estou passando aqui (Congresso), de dois anos, acredito que possa contribuir, com as amizades que conquistei, espaços que conseguimos nos ministérios, as votações que fizemos aqui com os companheiros deputados, para abrimos mais uma porta para Maceió.  Tem ainda o partido no qual estou, que tem o Ministério das Cidades e um ministro que é um amigo. Então, temos essa porta aberta.

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Todo candidato tem no seu plano de governo áreas prioritárias. Na sua opinião, o que é que precisa ser trabalhado nesse momento em Maceió?

Eu deixei Maceió, em 2012, com o título da cidade mais bela do País, um título internacional. O PSDB assumiu a administração em 2012 e não sou eu que vou analisar a administração. A gente vai para o debate e saber quem é quem. Eu conheço Maceió, porque vi a cidade crescer. Cheguei com 16 anos e estou com 58 anos. Quando cheguei, a cidade tinha 200 mil habitantes, hoje tem 1 milhão.  Esse tempo que estamos fora da administração dá realmente para fazer uma avaliação. O País está carente em todos os sentidos e Alagoas não é diferente. As áreas da saúde e da educação são as nós avançamos muito durante a nossa gestão. Na área da infraestrutura, da construção civil e empreendimentos de grande empresas, Maceió cresceu, coisa que não aconteceu nos últimos 3 anos e meio. Então, a gente vai com essa expectativa de que o País possa melhorar e com a experiência adquirida nesses oito anos.  Logicamente, aqui, em Brasília e no Congresso, você não tem muito o quê aprender. Não tem muitos ensinamentos. Tem bons deputados, pessoas maravilhosas...

AGÊNCIA POLÍTICA REAL -...Que dizer que o senhor está desprezando essa experiência como deputado federal que o povo de Alagoas lhe conferiu?

Não estou desprezando. Estou fazendo uma avaliação que aqui você não produz. Você quer produzir, mas partidariamente você é proibido de produzir. Você individualmente aqui é difícil. Só fala quem tem grandes bancadas, quem é líder. Partido que tem 04 deputados fala quatro, cinco vezes. Então, você não tem sequer oportunidade de defender o seu estado, falar das carências do seu estado. Mas também só falar não resolve. Então, pra mim não importa você falar um ou 25 minutos, quando você é sorteado a falar, porque não vai resolver, pois que tem que resolver é o governo federal, a presidente Dilma e seus ministros...

AGÊNCIA POLÍTICA REAL -...Então, o senhor acha que como prefeito seria mais útil, tanto ao seu estado como à Maceió?

Não tenho dúvida disto. Eu fui vereador, deputado estadual, prefeito por oito anos. Tenho uma vasta experiência na minha vida como repórter e apresentador de rádio, conheço a minha cidade e suas carências como ninguém. Confesso a você que se existe hoje entre os pré-candidatos uma pessoa que conhece na verdade a cidade, e não estou chamando essa responsabilidade para mim e nem estou sendo  egoísta, mas por amor a minha cidade, eu tenho orgulho de dizer que conheço bem.

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Nesses próximos três meses a grande pauta do Congresso Nacional será a CPMF.  O senhor é simpático a esta proposta, onde o governo fala inclusive em dividir com estados e municípios?

Esse filme nós já vimos antes e nenhum estado e município foi beneficiado, lamentavelmente. Antes, a CPMF era para a saúde, que vive um caos no País inteiro. Vamos dar como o exemplo o Rio de Janeiro. Se ali a saúde está daquele jeito imagina em Maceió e demais municípios de Alagoas. Na minha visão a CPMF não passa (no Congresso), porque já existem muitas CPMFs, ou seja, muitos impostos sendo cobrados e o brasileiro é quem está pagando e não se resolve o problema do País. Quanto aumento de combustíveis nós tivemos durante os últimos 8 meses? A energia elétrica? O golpe que é dado pela Eletrobras que ninguém nunca avaliou?  Não são os brasileiros que tem que pagar as irresponsabilidades cometidas pelo governo federal. Não quero atribuir aqui à presidente Dilma. Mas, se ela for mal assessorada, é um problema dela, que não soube escolher seus ministros. Quando o prefeito comete qualquer inflação que contraria o governo federal, o Tribunal de Contas, a União, ele é penalizado e a responsabilidade é do gestor, não é dos secretários. Então, a responsabilidade hoje do que acontece no País é da presidente Dilma, e do ex-presidente Lula, que devem ser punidos da forma correta, de acordo com a visão da Justiça. Agora, o País não pode deixar impune tudo isso que está acontecendo. Qual é a garantia que os estados e municípios terão que esses recursos (da CPMF) serão repassando? Quando vai passar a vigorar?  Meu partido tem 34 deputados e estão todos unidos para aprovar a CPMF para resolver um problema que não é de responsabilidade dos deputados e nem dos partidos. A minha posição é contra. Até porque, eu repito, nós já estamos pagando e sendo cobradas CPMFs paralelas, em inúmeros impostos que são atribuídos ao brasileiro pelo governo federal.

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Como senhor, que é do Nordeste, avalia os governos da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, que a região tem grande simpatia e lhes deram grandes votações?  O PT tem futuro?

Na minha leiga avaliação, eu tenho uma posição formada. O escândalo que o Partido dos Trabalhadores se envolveu compromete o País inteiro, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Ainda tem bons quadros no PT, mas acho que é uma fase que está passando, e não podemos pagar por ela. Às vezes vejo notícias e deputados debatendo aqui investigações feitas pela Justiça e pergunto: o que a investigação de uma mansão da Rede Globo tem a ver com o Congresso Nacional? Porque se investigar um tríplex que o Lula tem ou supostamente um sítio? Nós temos que discutir e resolver os problemas do País. A bancada do PT e outras ficam se apegando às pequenas coisas, porque o pior problema está no País. Ficam defendendo Dilma, Lula, o que eles têm ou deixaram de ter. Se foi de forma ilícita, deixa que a Justiça comprove. Ela (Dilma), que abriu as portas e deu autonomia para que a Polícia Federal investigue tudo, que seja investigada também, tão quanto os outros deputados que aqui estejam. Direitos iguais para todos. Pelo menos na Justiça, diante desses fatos, a democracia está existindo. Apenas o PT está impedindo que essa democracia jurídica e política seja exercida.

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - O senhor era PRTB. Porque deixou o partido?

Eu vivo uma briga pessoal e jurídica com o PRTB. Eu mandei auditar o Fundo Partidário do partido.  Quando entrei no partido foi em comum acordo com um grupo de políticos e pessoas que até então mereciam o meu respeito e com a missão que eu seria o presidente do PRTB. Mas as decisões que foram tomadas a partir daí, partiram direta e diretamente do presidente nacional e do vice-presidente, senhor Adailson Ribeiro, que me tomou o partido, dia 31 de dezembro, sem me dar conhecimento e ter mínimo de respeito e se autonomeou, com data retroativa em fevereiro. Essa briga a Justiça vai resolver. Tenho plena convicção que a Justiça vai entender que tive muitos motivos para não permanecer no partido. E o último fato, que foi pouco propagado, apenas por dois jornais de Alagoas, durante o período do recesso, que envolve o presidente nacional do PRTB, que recebeu da UTC o valor de R$ 1 milhão 453 mil. Ele atribuía uma deputada de Brasília, que atribui a ele, dando conta de que não recebeu. Mas o registro desse repasse consta no TSE. E ele vai ter que se justificar. Segundo informações, ele recebeu no mesmo esquema sujo da Operação Lava Jato e vou esperar que a Polícia Federal o chame e ele se explique, até porque, quando ele recebeu esse recurso eu ainda era membro do partido, estava deputado pelo partido e ele deve explicação à sociedade.

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - E o seu novo partido, o PSD, o senhor tem recebido total apoio à sua candidatura para prefeito?

A minha história com o PSD é um namoro antigo. Quando eu era prefeito, em Maceió, Gilberto Kassab era prefeito em São Paulo e cheguei a ser recebido por ele. Na época ele estava fundando o PSD e precisava de mais um deputado federal. E de forma decente, democrática e respeitosa, Dr. João Lira, que até então era deputado federal, um grande amigo, eu abri mão de ir para o partido e assumir a presidência da legenda na época. E o compromisso de que em 2013, ao sair da prefeitura, eu assumiria o partido. Um grupo de pessoas, que lamentavelmente só fizeram mal ao Dr. João Lira, não permitiu que eu assumisse a presidência do PSD, sequer me filiasse. E agora veio a oportunidade, em outubro passado. Estive há pouco tempo com ele (Kassab), para consultá-lo e tive a garantia dele de apoio à pré-candidatura à Prefeitura de Maceió.  E vou para a disputa.

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Que partidos estão lhe apoiando? O senhor tem apoio do senador Renan Calheiros?

Eu espero e quero o PMDB do meio lado, porque sou parceiro do Renan há muitos anos. Em 2002 andei, votei com ele; em 2010 gravei para ele e andei pelo estado, contrariando o meu partido, que não queria que eu pedisse votos para ele; 2014 estive dentro do projeto do seu filho, que hoje é governador e nós temos um compromisso de que em 2016 estaríamos juntos e eu espero que isso aconteça. Vai ser muito bom e nós vamos ter não apenas um prefeito, mas também um vice-prefeito, totalmente atuante. E se for do PMDB vou ficar muito feliz. Independente disso, o PSD tem um compromisso fechado com o PMDB para 2018 no estado. Nós temos muitos partidos dispostos a nos apoiar (para eleição 2016), um grupo muito bom e que nos próximos dias vamos definir e também o nome do vice. Vou ouvir primeiro o meu partido. A nossa visão é esta: de fazer o bem para o estado de Alagoas e, prioritariamente, com mais uma missão à capital do meu estado. Não por omissão ao poder (Congresso Nacional), mas por amor ao meu povo.

(Por Gil Maranhão, para Agência Política Real – com participação de Genésio Jr.)

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