ESPECIAL - Para Weverton Rocha, situação do País requer serenidade e equilíbrio, e o eleitor será mais conservador em 2016
Novo líder da Bancada do PDT na Câmara dos Deputados fala dos desafios, do impeachment de Dilma, do afastamento de Cunha eleições no Maranhão
(Brasília-DF, 05/02/2015) A atual situação do Brasil, nos campos político, social e econômico, agravada pela alta da inflação, onda de desemprego e os pedidos de afastamentos da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), requer serenidade, equilíbrio e discernimento. É que alerta o novo líder do PDT na Câmara, deputado Weverton Rocha (MA).
Ele também acredita que o eleitor será menos aventureiro, e mais conservador, nas eleições municipais de 2016, que acontecerão em outubro. Nesta entrevista exclusiva concedida ao jornalista Gil Maranhão, da Agência de Notícias Política Real, o parlamentar maranhense discorre sobre os desafios da bancada pedetista; explica porque o partido decidiu adotar posição contrária ao impeachment de Dilma e favorável ao afastamento de Cunha; e faz um relato do quadro eleitoral no Maranhão.
AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Quais são os desafios para a Liderança do PDT dentro da pauta legislativa do Congresso Nacional para este ano de 2016?
WEVERTON ROCHA - Primeiro, a gente tem que buscar serenidade. O Brasil precisa e o momento requer bastante serenidade em tocar as questões nacionais que estão na pauta. O Brasil vive, depois da década de 30, um momento de recessão, com dois anos consecutivos. E a gente percebe que o fantasma do desemprego tem aparecido na porta do brasileiro. Então, nós temos acima de tudo ter equilíbrio e discernimento para separar a luta político-partidária, aqui na Casa (Câmara), e o unirmos nas lutas das políticas públicas necessárias para o estado. E o Estado não é Governo. Ele tem que estar acima disto. É necessário que a gente faça esse confronto com governo, oposição, com todos, e nos unirmos em pautas comuns para colocar o Brasil novamente na linha do desenvolvimento e do crescimento.
AGÊNCIA POLÍTICA REAL - No âmbito nacional, o PDT declarou que é contrário a questão do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Por quê?
Nós compreendemos que o impeachment, primeiro tem que ser respeitado, a Constituição, que é muito clara: ela prevê que só se pode invocar o impedimento de um presidente da República são os casos de crime de responsabilidade do presidente. E não existe hoje nenhum caso que se possa imputar qualquer tipo de crime à presidente Dilma. Segundo, nós entendemos que esse processo nasceu fruto da tentativa de um movimento político. Muitos chamam até de golpe político. E eu também tenho repetido isso, porque sabemos a maneira e forma de como foi conduzido e 'estartado' esse processo. A solução hoje para o País não é tirar a presidenta, de um partido, e colocar o vice, de outro partido, que por sinal já dirige o Congresso Nacional, tanto na Câmara como no Senado. Nós temos que ter hoje, primeiro, um pacto de governabilidade. Segundo, entender que as eleições vêm rápido. A gente não pode criar um critério de impopularidade para se cassar um governo, por que daqui a pouco os governadores e prefeitos todos que estiverem difícil nas suas administrações, eles terão aí, também uma prerrogativa grave, aberta pelo Legislativo para utilizar de tal expediente.
AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Qual é a posição da Liderança do PDT, este ano, com relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha? O partido vai se posicionar a favor do afastamento dele? O senhor vê subsídios para se pedir a cassação dele?
A discussão sobre o presidente da Casa já foi feita e tomada a decisão. É uma decisão partidária. O PDT foi um dos primeiros partidos a se posicionar a favor do afastamento de Eduardo Cunha do cargo de presidente da Câmara. Primeiro, por entender que ele precisa sim se defender, mas fora da cadeira de presidente. Ele como deputado tem direito a ampla defesa para que ele possa tirar qualquer tipo de dúvida sobre a conduta que o Ministério Público vem elencando. Segundo, a questão hoje está clara, que é política a crise no País. O presidente Eduardo Cunha colocou várias pautas, que eu chamo de “Cortinas de Fumaça”, durante todo o ano de 2015 para tirar a pauta dele do meio do caminho. E tai a confusão feita. Ou alguém tem dúvida que um dos grandes problemas da crise no Brasil não é a crise política no Congresso? Então, nós entendemos que ele perdeu as condições morais de conduzir a Casa. Basta ver os eventos com os poderes representados. Hoje, em qualquer mesa que ele esteja é matéria para se discutir constrangimentos. Aonde que o presidente da Casa que representa o povo não tem condições morais, por exemplo, de sentar com o chefe do Ministério Público, ou Judiciário, ou com o chefe do Executivo? Então, ele perdeu as condições políticas de continuar presidindo a Casa.
AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Deputado, o senhor se licenciou do cargo em setembro de 2015 para assumir a Direção do PDT no Maranhão e percorrer o interior. Como está o partido no estado? Quais as cidades com potencial de eleger um candidato nas eleições de 2016?
O PDT vem de um processo de crescimento e fortalecimento no estado do Maranhão, como em todo o Brasil. Nós tivemos em 2015 várias adesões importantes em nível, até porque o PDT já deixou claro e está decidido que nós teremos, em 2018, candidatura própria (para Presidência da República). No Maranhão, também estamos nos fortalecendo. Saímos de 08 prefeitos para 29, inclusive o prefeito da capital, São Luís. Saímos de 02 deputados estaduais para 04 nas últimas eleições e fechamos 2015 com cinco deputados, com a filiação do deputado Glalbert Cutrim (que era do PRB). Terminamos o ano com a possibilidade real de ter 100 candidaturas próprias em todo o estado (o Maranhão tem 217 municípios). E em todas vamos disputar com chance de ter êxito em várias cidades. Estamos bastante otimistas de que o partido sairá fortalecido nas eleições deste ano.
AGÊNCIA POLÍTICA REAL - O embate maior certamente se dará na capital do Estado, São Luís. Como o senhor analisa o quadro atual? O que o partido está planejando?
Em São Luís, a eleição é diferenciada, até porque são dois turnos. Mas lá é um conjunto de questões que precisam ser analisadas e levadas em consideração. A eleição na capital tem o fator gestor, porque o prefeito (Edivaldo Holanda Junior) vai para a reeleição. Hoje, nós temos uma recuperação impressionante que o prefeito nos últimos 06 meses, graças a uma aliança real e concreta com o Governo de Flávio Dino e com o Governo Federal. Mesmo o Brasil em crise e em período de recessão, o prefeito Edivaldo Holanda consegue restabelecer essa relação de gestão política dentro de São Luís. E tem a gestão administrativa.
AGÊNCIA POLÍTICA REAL - O senhor, então, vê condições reais do prefeito de São Luís se reeleger? O eleitor está convencido de sua gestão?
Ele fecha o ano, por exemplo, com aprovação de 56% da sua administração. E, partidariamente, ele fecha o ano com um bloco de mais de 10 partidos, que estão prontos para seguir com ele no seu projeto de reeleição. Hoje, ele tem um grupo grande de partidos, tem um grupo político e sem falar do seu partido. O PDT, inegavelmente todos sabem, que consegue até hoje se renovar e manter a sua militância partidária. Então, o Edvaldo sai para a campanha de reeleição com uma militância invejável, que vai para rua cada um sendo o próprio candidato. Ou seja, ele terá um batalhão de candidatos na cidade, que vão estar lutando para construir esse processo vitorioso. E mais importante de tudo é a análise do eleitor. Muitos torcem no fracasso do gestor para que o eleitor tire ele. Mas este ano, o eleitor vai chegar mais conservador nas urnas, porque ele está vendo a crise e que ninguém faz milagre. Crise, para você resolver o problema é preciso ter dinheiro em caixa. E ninguém vai querer partir para aventura. As pessoas vão precisar ter segurança política e segurança administrativa, para saber qual é o próximo passo da gestão de sua cidade.
=== QUEM É WERVETON ROCHA
Filiado ao PDT deste 1996, o deputado Weverton Rocha está no segundo mandato na Câmara Federal. Antes, foi secretário Extraordinário da Juventude, Governo do Maranhão (2007-2008), e depois secretário de Estado de Esporte e Juventude, (2008-2009). Foi também assessor especial no Ministério do Trabalho e Emprego.
O pedetista foi também presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (MÊS) de São Luís (1998-2000) e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), de 2000-2001, além de delegado da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (2000).
Na Câmara, na atual legislatura, teve atuação destacada na CPI da Petrobras, e nas discussões sobre a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Maioridade Penal, além da Comissão da Educação da Câmara e na Comissão Externa que tratou das Refinarias Premium I (Maranhão) e II (Ceará). Também teve forte atuação nos debates sobre temas como medidas educativas para menores infratores, assistência agrícola para assentamentos, demarcação de terras indígenas, terrenos de Marinha, Lei da mineração, dentre outros.
(Reportagem: Gil Maranhão. Edição – Genésio Jr.)