31 de julho de 2025
OPINIÃO

O Pêndulo de Wagner

Ele tem sido pendular, uma para agradar a turma e outra para atender o resto do País. Foi o último a largar no apoio ao ex-ministro Joaquim Levy.

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(Brasília-DF) O grande assunto na esfera do poder nesses primeiríssimos dias de 2016 tem sido os movimentos do ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner.

Quem circula no poder, ou dele faz parte, não tem dúvidas que a chegada do “Galego” para ocupar o cargo mais importante no Palácio do Planalto depois da Presidência da República foi uma boa coisa para o Governo, nesse fatídico ano de 2015.  Ele tem sido pendular, uma para agradar a turma e outra para atender o resto do País. Foi o último a largar no apoio ao ex-ministro Joaquim Levy.

Ainda em dezembro, quando o Supremo colocou água na fervura do Impeachment e empurrou a coisa para o final deste primeiro trimestre do ano, fez uma aparente patuscada ao dizer que “quem trai uma, trai dez vezes”, numa referência ao Vice Presidente Michel Temer. No apagar do ano disse, sem meias palavras, que o Governo errou a tomar medidas, como o festival de incentivos e benefícios fiscais a centenas de setores econômicos.

Ele deixou claro para a classe política, ao fustigar Temer, que o PT e o Governo se tiverem um fôlego voltam a subir nas tamancas e poderão atropelar a política, tanto a micro como a macro.  Por outro lado, criticou a Presidenta e seu time, e mais quem quiser, ao detonar a política econômica do primeiro Governo Dilma. Nem Lula fez isso!

Wagner vai ser fundamental para que a nova equipe econômica tenha algum refresco. Não vai ser nada fácil.  Os vetos à Lei de Diretrizes Orçamentária(LDO), inclusive ao possível aumento do Bolsa Família e que foi reclamado pela Oposição foi uma armadilha que ele não teve como desarmar.  O programa vem de longe, mas é a cara dos Governos do PT e os tucanos morrem de medo de serem vistos contra a exitosa política pública. O PT não vai perder o título de bom autor e os tucanos não querem perder o que nunca tiveram. Mais um golpe na guerrilha da política.

Na verdade, este carioca-judeu-baiano Jaques Wagner tem um problema muito sério que exigirá de seu prumo político. Ele terá que gerir uma base política de mentirinha que chegará em Brasília, em massa, depois do Carnaval, tendo números muitos duros para digerir. Ninguém quer ser sócio de coisa ruim!

Os economistas apontam que o Brasil começará o ano de 2016 bem mais pobre.  O PIB per capita fechará 2016 em US$ 7.619, uma queda de 39,3% se comparado ao pico de 2011.  Lula entregou a Dilma um país com renda per capita de US$ 12.551.  A recessão está em -3,8% e deverá termina o ano com prováveis -2,8%, vamos começar o ano com inflação entre 11 e 12%, a massa salarial está em -5,5% e desemprego caminha para 12% ao final de 2016.  Alguns especialistas trabalham com a possibilidade de 3 milhões de pessoas que ascenderam à classe média voltarem às classes D e E nos próximos batimentos do IBGE, por conta do ano de 2015. O governo já começa a falar em Reforma da Previdência e os sindicatos e movimentos sociais, aprisionados pelo Governo, agora exigem laxismo fiscal.

Jaques Wagner terá que usar de todo o seu arguto pêndulo para administrar todos esses problemas. Ele sabe que o segredo do sucesso dos governos do PT foi a capacidade de se atrair para o pacto de poder as camadas médias da sociedade. O brasileiro não é de direita nem de esquerda, ele é centrista. 

Wagner não é o físico francês Jean Bernard Léon Foucault que montou a teoria do Pêndulo de Foucault, e descobriu mais um pouco sobre a Terra, ele terá que encontrar o prumo num pêndulo, o Pêndulo de Wagner. Terá tempo para isso?!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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