ESPECIAL DE FIM DE SEMANA: PMDB sairá da base governista no Congresso
Afirmação é do líder no Senado, Eunício Oliveira. O motivo é ter uma candidatura própria à Presidência da República. Sobre a seca, ele reclama falta de recursos do governo federal
(Brasília-DF, 20/11/2015) O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirma que seu partido sairá da base governista no Congresso Nacional para lançar um candidato próprio à Presidência da República. Mas esta saída não será agora porque a legenda tem responsabilidade com o Brasil e não deixaria de ser governo num momento de crise como a que o país vive neste momento.
"O PMDB vai sair da base. Não vai ser agora. Nós não somos irresponsáveis nesse momento de grande dificuldade do país, abandonar o país. Mas o PMDB tem que sair da base e tem que tomar um rumo, porque o PMDB não pode deixar de ter candidatura própria em 2018. O maior partido do Brasil, recebendo sempre da população brasileira o aplauso, do ponto de vista de apoio”, diz, em entrevista a Política Real.
"Vou lutar por isso"
Assegura ainda que um de seus objetivos é ajudar a legenda a tornar-se um partido independente: “O PMDB é o maior partido no Senado, o PMDB é o maior partido em número de prefeitos, de vereadores, de deputados estaduais, o segundo maior em número de deputados federais. Não pode deixar esse capital político ser destroçado por falta de opção para o eleitorado brasileiro. Então o PMDB deve ter uma candidatura própria e eu vou lutar por isso.”
Eunício Oliveira só não fala agora quando isso acontecerá. Ele considera as divergências internas naturais dentro de um partido. “Acho que nós devemos sair no momento adequado, que não crie problema para o Brasil, mas que possa ter prazo para construir essa candidatura tão esperada pelo povo brasileiro. (...) Então, essa questão de disputa interna, discussão interna, isso é mais do que normal e natural dentro do PMDB. E, no final, em torno de uma causa todos nós nos juntamos”, afirma.
Governo sem reação
A respeito das crises econômica e política, o líder do PMDB responde que espera uma reação do governo, já que sua legenda “forjada há 50 anos para defender a democracia” trabalha em favor do país. Por isso, frisa Eunício Oliveira, os peemedebistas “têm dado oportunidades” para que o governo Dilma Rousseff enfrente os problemas e tire o Brasil desta situação.
DNOCS
Sobre a seca no Nordeste, ele cobra providências do governo federal, sublinhando que seu estado, o Ceará, é o que mais sofre com a estiagem. “Nos últimos sete anos, nenhuma obra foi construída no Estado do Ceará, que fosse uma obra importante de ponto de vista de recursos hídricos. E o que queria o governo federal? Queria extinguir o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas). Se não fosse a nossa atuação, diretamente com a própria presidente Dilma, o DNOCS estaria hoje extinto”, diz.
Faltam obras
Acentuando que a região vive a pior seca continuada, com quatro anos de falta de chuvas, Eunício Oliveira aponta responsabilidades do Governo do Ceará e cobra do governo federal maior atenção para o problema. “Nenhuma obra foi feita para proteger a população nessa questão de recursos hídricos. Nós temos muitas dificuldades. Se o governo federal não botar a mão, não tomar uma posição, não atender aos apelos da nossa bancada federal do Ceará, assim como a bancada de senadores... Se for esperar pelo governador (Camilo Santana, do PT), nós vamos morrer de sede no Ceará. Ou de então de doença ocasionada pelo mal tratamento da água.”
Governo federal é único recurso
“Eu acho que o único recurso que nós temos é recorrer ao governo federal, porque o governo estadual abandonou, totalmente, essa questão do abastecimento de água no estado. Então, a nossa luta vai ser essa. Vai ser encontrar meios pra que a gente possa ter a oportunidade de dar o mínimo nessa questão da água bebida no Ceará”, reforça.
Eunício Oliveira explica, então, por que seu estado está em condições piores na região Nordeste. “O Piauí tem uma área que não tem problema de abastecimento. Outros estados têm dificuldades, como o Rio Grande do Norte, a Paraíba, mas não é tão grave. Sergipe não tem problema de água. Alagoas não tem problema de água. Bahia tem problema de água, mas é pequeno. O grande problema de suprimento está concentrado mesmo é no Estado do Ceará.”
Leia a íntegra da entrevista:
Esta estiagem no Nordeste é diferente das outras secas que castigaram a região?
Nós estamos vivendo a pior seca continuada, porque estamos com quatro anos de seca no Nordeste. Lamentavelmente, nosso estado, o Ceará, que está sofrendo extremamente com essa questão de falta d’água, inclusive ocasionando problemas de saúde muito graves na população, pela água suja, sem tratamento, que muitas vezes chega, quando chega, através de um carro-pipa. E, nos últimos sete anos, nenhuma obra foi construída no Estado do Ceará, que fosse uma obra importante de ponto de vista de recursos hídricos.
E o que queria o governo federal? Queria extinguir o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas). Se não fosse a nossa atuação, diretamente, com a própria presidente Dilma, o DNOCS estaria, hoje, extinto. Então, eu tenho muita preocupação com o que vai acontecer com o Ceará, porque quando deveria ter comprado, o governador deveria ter comprado máquinas perfuratrizes, ele comprou um tal de “tatuzão”, que está enferrujando, e são cerca de quase R$ 400 milhões. Está no meio da rua, abandonado. Um empréstimo que foi feito, inclusive, em dólar para a compra dessa única compra feita por único governador do mundo desse tipo de equipamento.
Então nenhuma obra foi feita para proteger a população nessa questão de recursos hídricos. Nós temos muitas dificuldades. Se o governo federal não botar a mão, não tomar uma posição, não atender aos apelos da nossa bancada federal do Ceará, assim como a bancada de senadores... Se for esperar pelo governador (Camilo Santana, do PT), nós vamos morrer de sede no Ceará. Ou de então de doença ocasionada pelo mal tratamento da água.
Só faltam recursos do governo federal para resolver a situação, já que o governo estadual, pelo que o senhor diz, não está dando a atenção devida?
Eu acho que o único recurso que nós temos é recorrer ao governo federal porque o governo estadual abandonou, totalmente, essa questão do abastecimento de água no estado. Então, a nossa luta vai ser essa. Vai ser encontrar meios pra que a gente possa ter a oportunidade de dar o mínimo nessa questão da água bebida no Ceará.
A situação do Ceará é pior do que nos outros estados nordestinos?
É. A situação do Ceará, por incrível que pareça, porque o Piauí tem uma área que não tem problema de abastecimento. Outros estados têm dificuldades, como o Rio Grande do Norte, a Paraíba, mas não é tão grave. Sergipe não tem problema de água. Alagoas não tem problema de água. Bahia tem problema de água, mas é pequeno. O grande problema de suprimento está concentrado mesmo é no Estado do Ceará.
Agora o PMDB. O anúncio da preparação de um programa para chegar ao poder significa que o partido pode sair da base governista no Congresso Nacional?
O PMDB vai sair da base. Não vai ser agora. Nós não somos irresponsáveis nesse momento de grande dificuldade do país, abandonar o país. Mas o PMDB tem que sair da base e tem que tomar um rumo, porque o PMDB não pode deixar de ter candidatura própria em 2018. O maior partido do Brasil, recebendo sempre da população brasileira o aplauso, do ponto de vista de apoio.
O PMDB é o maior partido no Senado, o PMDB é o maior partido em número de prefeitos, de vereadores, de deputados estaduais, o segundo maior em número de deputados federais. Não pode deixar esse capital político ser destroçado por falta de opção para o eleitorado brasileiro. Então, o PMDB deve ter uma candidatura própria e eu vou lutar por isso.
Sair da base em que data?
Não. Acho que nós devemos sair no momento adequado, que não crie problema para o Brasil, mas que possa ter prazo para construir essa candidatura tão esperada pelo povo brasileiro.
Divergências internas no PMDB não atrapalhariam esse projeto de chegar ao poder?
O PMDB é o partido que foi forjado para defender a democracia brasileira. Nossa história de 50 anos foi sempre no interesse da defesa do interesse da população brasileira e da democracia. Então, essa questão de disputa interna, discussão interna, isso é mais do que normal e natural dentro do PMDB. E, no final, em torno de uma causa todos nós nos juntamos.
O senhor, como líder da bancada do PMDB no Senado, já enxerga uma saída desta crise no país?
Eu espero que o governo reaja. O PMDB tem dado todas as oportunidades. Nós criamos a Agenda Brasil (conjunto de proposta para ajudar o país a sair da crise), nós estamos aqui hoje, por exemplo, querendo votar toda a agenda do ponto de vista de vetos. Ajudar o país a sair dessa crise que é muito perversa com a população. E se isso piorar, será muito ruim para todos nós.
O PMDB continua no propósito não de defender o governo A ou o governo B. O partido A ou o partido B. O PMDB está no propósito de defender os interesses do Brasil.
(Valdeci Rodrigues, especial para Política Real. Edição de Valdeci Rodrigues)