31 de julho de 2025
OPINIÃO

Ninguém esquecerá Eduardo Cunha

Cunha quando ascendeu deu um freio nas lideranças nordestinas do PMDB. Teve gente que chegou a sair do partido como o deputado Danilo Forte(PMDB-CE). Cunha deu luzes para muita gente nordestina que não tinha muita proeminência, especialmente em outros par

Publicado em

(Brasília-DF)  Desde quando o senhor Eduardo Cunha passou a ser um dos protagonistas da República, quem gostava de ver o exercício da chamada competência política, no seu modo de fazer e não na sua essência, se divertia em observar como ele exercia seus atributos. Foram seguidos espetáculos, a Céu aberto.  Primeiro, chamou atenção um parlamentar vindo do Rio de Janeiro ter o sucesso que ele exibia.

 

Desde a primeira metade do anos 60 não aparecia alguém como ele, vindo da antiga Capital do Brasil. Ele foi o primeiro carioca presidente da Câmara depois de Célio Borja, que chegou ao posto em meados dos anos 70, em época de ditadura, um arenista. Um exceção, pois o jogo da democracia estava capenga. Depois, ao vê-lo humilhar uma Presidenta da República incapaz de fazer política ainda foi mais divertido, porém as últimas revelações de que ele teve e tem contas na Suíça fruto de propinagem vinda da picaretagem na Petrobras colocam um ponto final na diversão de muitos e obriga posições. Cunha diz que não cometeu crime de decoro, porém ele perdeu autoridade. Ele é lutador, mas está ferido de morte.

 

Cunha quando ascendeu deu um freio nas lideranças nordestinas do PMDB. Teve gente que chegou a sair do partido como o deputado Danilo Forte(PMDB-CE). Cunha deu luzes para muita gente nordestina que não tinha muita proeminência, especialmente em outros partidos.

 

Vários presidentes de muitas comissões especiais, que ele criou para colocar freio no Executivo, eram nordestinos. Danilo Forte(PSB-CE), Raimundo Matos(PSDB-CE), Júlio César Lima(PSD-PI). E nas CPI’s, entre presidentes e relatores, se destacam Hugo Motta(PMDB-PB),  Efraim  Filho(DEM-PB) e José Rocha)PMDB-MA).  O deputado sergipano André Moura(PSC-SE) foi o campeão de relatorias nesse período de Cunha poderoso. Chegou a ser apelidado de Romero Jucá da Câmara.   Entre os líderes partidários chamou atenção como cresceram Mendonça Filho(DEM-PE) e Arthur Maia( SD-BA). A agência Política Real até brincou com um título: “Todos os nordestinos poderosos de Cunha”(sic).

 

Se Cunha se prontifica a cair antes de Dilma não sabemos, porém uma boa pergunta se estabelece.  Seus queridinhos terão vida própria após seu eclipsar?! Alguns sim, outros não. É natural quando uma onda, uma verdadeiro vagalhão, empina e varre a política brasileira. É importante que seja quem for seu sucessor não deixe que o Parlamento perca a sua capacidade de contrapor aos exageros do Executivo musculoso do Brasil. O ideal é a que isso se mantivesse. A Presidenta Dilma já demonstrou, e muito, que não via a política como um hedge em época de crise econômica. Isso ficou claro até para seus apoiadores. Ela aceitou a intervenção do Ex-Presidente Lula exatamente por ser inepta.

 

Cunha além da habilidade no jogo do poder, viu que o degaste das pautas sociais democratas tinham sido levadas para a lata do lixo pela incompetência de Dilma. Seu sucessor precisa ser forte, mas dificilmente terá condições de empreender a mesma cartilha do contraponto, a chamada pauta conservadora.  Isso, só ele.

 

Depois que Cunha passar ninguém o esquecerá, certamente!

 

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

 

e-mail: [email protected]