As charadas do PMDB e o Nordeste
O PMDB ao fazer a opção por Levy faz uma opção pela governabilidade ou pelo quanto pior melhor?! Boa pergunta!
(Brasília-DF) Depois dos equívocos da última semana de agosto em que a Presidenta Dilma jogou na lata do lixo o apoio que recebeu do grande empresariado à manutenção de seu Governo, sem interrupção constitucional, passamos toda a semana passada voltados para os movimentos pendulares do Vice Presidente Michel Temer.
Ora ele dizia que o Governo não se sustentaria com tanta impopularidade, ora ele era categórico em dizer que o Governo Dilma seguirá até o final de 2018. No início desta semana, governadores do PMDB, ministros líderes partidários e os presidentes da Câmara e do Senado vão se reunir num jantar no Palácio Jaburu, em Brasília, residência oficial do Vice Presidente Michel Temer.
O poder nordestino está, e deve ficar, atento a esses movimentos. O Vice Presidente Michel Temer parece perder a paciência com as incompetências políticas da Presidenta da República. O PMDB, o maior partido do Brasil, está espalhado por todas as regiões. Hoje, só o Centro Oeste não tem um governador do PMDB. O Tocantins, apesar do jeitão de Centro Oeste, está oficialmente na região Norte. No Nordeste, há dois governadores: Renan Filho, de Alagoas, e Jackson Barreto, no Sergipe. São estados pequenos porém com a inexperiência dos governadores nordestinos do três maiores Estados – Bahia, Pernambuco e Ceará – não podem ser menosprezados. Alagoas e Sergipe são estados vivendo grandes dificuldades, coisa que não é só deles.
Todos vivem uma grande impaciência com o Governo Federal. Essa história de orçamento com déficit e a defesa aberta de um imposto provisório como sugeriu a Presidenta Dilma nos eventos preparatórios e na estada na Paraíba, do socialista que lhe é simpático, Ricardo Coutinho, deixaram todos ainda mais instáveis. A reunião do PMDB nessa terça-feira,08, irá avaliar muito mais para onde o partido irá do que esse quadro, visto que os experimentados senhores em questão estão convencidos que pior que isso ainda pode ficar.
O pessoal próximo da Presidenta Dilma trabalhou abertamente para que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixasse o cargo por sua própria vontade. Boa parte dos movimentos ligados ao PT trabalham para que o ajuste fiscal saia de campo, ou entre em campo algo menos ortodoxo. O PMDB trabalha para manter Joaquim Levy. Os ricos que apoiaram Dilma e depois abominaram suas patuscadas também defendem o economista carioca. A economia nordestina que tanto avançou com os programas sociais e os de apoio econômico setorial, como o Minha Casa Minha Vida, estão sofrendo muito com o ajuste fiscal. Perdem de diversas formas. Em tese, o ajuste fiscal de Levy é mais duro com os que mais precisam do Estado, porém qualquer economista jejuno e político iniciado sabe muito bem que do jeito que estava não dava mais. Acabou o espaço para o capitalismo de Estado na forma que foi feito, talvez se houvesse uma interrupção, lá atrás, em 2011/2012, pudesse ter voltado agora. Os bancos federais e programas de Estado seriam bem vindos, agora. Poupar para usar na hora das dificuldades.
O PMDB ao fazer a opção por Levy faz uma opção pela governabilidade ou pelo quanto pior melhor?! Boa pergunta!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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